Segundo revista, emissário de doleiro viajava com dinheiro em mala e escondido no corpo para entregar dinheiro do esquema da Petrobras ao tesoureiro do PT e a políticos como Roseana Sarney, Fernando Collor, Luiz Argôlo e André Vargas
Reportagem da nova edição da revista Veja diz que um dos principais auxiliares do doleiro Alberto Youssef, Rafael Ângulo Lopez, entregava em domicílio dinheiro do esquema de corrupção da Petrobras a políticos. Entre os beneficiários, segundo a revista, estão a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB), o senador Fernando Collor (PTB-AL), o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA), o ex-deputado cassado André Vargas (ex-PT-PR), o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
De acordo com a reportagem, Rafael Ângulo distribuía propina a “clientes especiais”, como deputados, senadores, governadores e ministros. A revista diz que ele entregou duas malas, no total de R$ 500 mil, ao tesoureiro petista em 2012. Outros R$ 900 mil, ainda segundo Veja, foram entregues a um assessor no Palácio dos Leões, em São Luís, onde a então governadora Roseana Sarney despachava. Roseana renunciou ao mandato na última quarta-feira, alegando recomendações médicas.
Collor, segundo a matéria, recebeu R$ 50 mil em um apartamento na Rua dos Ingleses, em São Paulo. André Vargas e Mário Negromonte aparecem como beneficiários de R$ 150 mil cada. Alvo de processo de cassação na Câmara, Argôlo recebeu R$ 600 mil, de acordo com a reportagem. O deputado Nelson Meurer (PP-PR) é citado como destinatário de R$ 200 mil.
A reportagem afirma que Rafael Ângulo transitava sem levantar suspeitas pelos aeroportos. “Ele cumpria suas missões mais delicadas com praticamente todo o corpo coberto por camadas de notas fixadas com fita adesiva e filme plástico, daqueles usados para embalar alimentos. A muamba, segundo ele disse à polícia, era mais fácil e confortável de ser acomodada nas pernas”, diz trecho da reportagem. Dois ou três comparsas o auxiliavam quando o transporte envolvia valores mais altos.
Segundo Veja, Rafael anotava e guardava comprovantes de todas as suas operações clandestinas. “É considerado, por isso, uma testemunha capaz de ajudar a fisgar em definitivo alguns figurões envolvidos no escândalo da Petrobras”, destaca a publicação. Ele se ofereceu para fazer um acordo de delação premiada, pelo qual o acusado tem sua pena reduzida em troca da colaboração com as investigações.