Por Flávio Marinho*
O processo de isolamento político que deputados e senadores impõem ao governador Robinson Faria revela nas entrelinhas a mesquinharia da classe política do Rio Grande do Norte, que, para viabilizar projetos eleitorais e de ocupação de espaço, não se furta em prejudicar o Estado como um todo, através da omissão.
Ao lavar a mão diante da crise institucional que o Rio Grande do Norte enfrenta, a classe política potiguar mostra que as velhas práticas políticas ainda estão em voga em seus manuais de sobrevivência.
Foi assim com a ex-prefeita Micarla de Sousa e com a ex-governadora Rosalba Ciarlini.
Agora é a vez do governador Robinson Faria sentir o amargor do fel de pseudos aliados, de aliados de ocasião e de adversários que celebram o quanto pior melhor.
A população do Rio Grande do Norte, estupefata, assiste o estado afundar em uma crise sem precedente.
Mas, a população certamente também está vendo que, a despeito dos inúmeros desatinos de sua gestão, o governador desempenha de forma solitária a missão de buscar uma solução que permita restaurar o equilíbrio institucional do estado.
Como o “cavaleiro errante” e sua utopia de “luta contra os moinhos”, descrito em Don Quixote, de Cervantes, Robinson Faria e o filho, deputado federal Fábio Faria, são as duas únicas personagens da política potiguar que estão atuando de forma cristalina para superar o caos.
O que a população certamente não sabe é que, enquanto o estado afunda, há vozes que roncam na calada da noite, anunciando um grande complô para destituir o governador.
Esses roncos vêm dos porões do submundo da política e são acolhidos em alguns gabinetes importantes da Assembleia Legislativa e até em secretarias e órgãos do próprio governo.
A classe política do Rio Grande do Norte é matreira.
Através de suas assessorias, políticos enviam notícias aos jornais, dizendo que estão fazendo isso ou aquilo para ajudar a debelar a crise.
Trata-se, no entanto, apenas de tentativa de ludibriar a opinião pública, que atualmente já não se permite iludir facilmente por salamaleques e pantins protagonizados por velhas raposas políticas.
Para as raposas políticas do Rio Grande do Norte os fins justificam os meios.
Enquanto políticos da Paraíba, Pernambuco e Ceará se unem sob a mesma bandeira quando o assunto é defender os interesses de seus estados, para a classe política potiguar pouco importa se a omissão ajuda a condenar o Rio Grande do Norte ao atraso.
O que vale, agora, em um ano eleitoral, é “puxar” o tapete do governador.
O sofrimento do potiguar é apenas “dano colateral”.
Aliás, quem for povo, que se lixe.
* Jornalista e editor do Blog do Flávio Marinho