A cada quatro anos toda pessoa ganha o direito de dizer “mas é Copa, né?”. Trata-se de um direito universal à desculpa. Um vale-jogo que você pode descontar na boca do caixa da vida. O trabalho chama, os estudos cobram, mas a fantasia de um enfrentamento entre os melhores jogadores do mundo defendendo os seus países, os seus bolsos e a perenidade de um penteado estranho permanece.
Já estivemos mais empolgados com a Copa, apontam todas as pesquisas. Pode ser a situação do País, o vexame do 7×1, as notícias frequentes de corrupção na gestão do futebol ou uma mistura disso tudo. Mas não se pode negar que o futebol ainda é uma caixinha de surpresas. Ou não, a depender do avanço da inteligência artificial e dos modelos cada vez mais sofisticados para prever o resultado da Copa.
O Goldman Sachs rodou 1 milhão de simulações do torneio e declarou que a Copa do Mundo é nossa. O banco de investimento já havia apostado no Brasil para vencer a Copa de 2014. Não se trata de clubismo. Para chegar à resposta a instituição se valeu de aprendizado de máquina para analisar o rendimento recente de jogadores e de seleções, gerando assim o resultado que consagra mais uma eventual conquista brasileira. Fica a torcida para que dessa vez o banco acerte.
Um resultado bastante diferente é sugerido por pesquisadores da Universidade Técnica de Dortmund, na Alemanha. Combinando machine learning com estatística, e apoiados em um modelo de algoritmo de aprendizagem de máquina chamado de Floresta Randômica, os pesquisadores alemães afirmam que esse mundial será conquistado pela Espanha.
O modelo utilizado pelos alemães inseriu na conta uma série de fatores como o produto interno bruto dos países e o número de jogadores em suas seleções que também disputam a Liga dos Campeões da Europa. Dentre outros dados inseridos e que se mostraram irrelevantes para o resultado está a população de cada país. A Islândia e seus 334 mil habitantes concordam.
Menos sofisticada, mas não menos divertida, foi a simulação feita pela EA Sports com a atualização do jogo FIFA18 para o Mundial. De acordo com a simulação, na qual os jogos correm no modo automático, a campeã esse ano será a França. Os franceses disputariam uma acirrada final contra os alemães, vencendo nos pênaltis.
Um detalhe curioso sobre a simulação da EA Sports é o fato de que o goleiro espanhol, David De Gea, seria escolhido como melhor goleiro da competição. Em mais uma prova de que a vida desafia a arte, o goleiro da seleção espanhola levou um frango ao não defender um chute fraco de Cristiano Ronaldo logo na primeira rodada.
Mas se a inteligência artificial parece apontar para as mais diferentes previsões, talvez a aposta mais acertada fique de novo com a inteligência animal. O polvo Paul, já falecido, fascinou o mundo com suas previsões certeiras na Copa de 2010. Nada de novo, já que o polvo é um animal tão inteligente quanto misterioso (tem um livro que explica isso).
Agora na Rússia, o gato Aquiles, que vive no Museu Hermitage, em São Petersburgo, promete ser o novo vidente animal que desvendará o destino das seleções. Ele já acertou que a Rússia venceria o jogo de abertura contra a Arábia Saudita e a partida seguinte contra o Egito.
O gato não leva o nome de um herói grego por acaso. Assim como nas tragédias, em que os personagens que se conectavam com os deuses eram desprovidos de algum dos sentidos (o adivinho Tirésias, por exemplo, era cego), o gato Aquiles é surdo. Dessa forma, pouco influenciado pelos ruídos do mundo ao redor e em contato direto com a transcendência, Aquiles provavelmente já sabe quem vai ganhar a Copa do Mundo.
Quer saber a resposta? O preço são dois potes de comida de gato com bandeirinhas de países. Estranhas oferendas demandam hoje os deuses do futebol.