Arquivo diários:07/04/2020

Sumido, Bolsonaro falta a dois eventos sobre o coronavírus

Agenda oficial previa participação do presidente; Secom não informou motivo da ausência
Jussara Soares e Emily Behnke

O presidente Jair Bolsonaro deixou de comparecer a dois eventos sobre a covid-19ocorridos na manhã desta terça-feira, 7, no Palácio do Planalto. Ambos estavam previstos em sua agenda oficial. O primeiro compromisso que o presidente faltou foi o lançamento de site e aplicativo para solicitar o auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia do coronavírus. O segundo foi a apresentação do projeto Arrecadação Solidária para o enfrentamento da doença, que teve a participação primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Nesta manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, o presidente também evitou contato com a imprensa. Ele chamou os apoiadores que o aguardavam na residência oficial para ficar longe dos repórteres. Nos últimos dias, ele tem adotado esta estratégia quando quer evitar a imprensa. O silêncio de Bolsonaro ocorre após, mesmo contrariado, ter cedido aos militares e mantido o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo.

A agenda do presidente foi divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom) na noite de segunda-feira. Nela, constava a entrevista coletiva entre 9h e 10h, mas Bolsonaro, assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, não compareceu. O anúncio sobre o pagamento do auxílio emergencial foi feito apenas pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e o presidente do Dataprev, Gustavo Canuto.

Mesmo após estar ausente do primeiro compromisso, a Casa Civil, por volta das 9h40, divulgou um comunicado à imprensa afirmando que o presidente participaria do evento de Arrecadação Solidária ao lado da primeira-dama. Bolsonaro não apareceu e a agenda foi atualizada, retirando os eventos que estava previstos.

Questionada, a Secom não respondeu por que o presidente deixou deixou de ir aos eventos.

 

Prefeito boliviano é preso por permitir festa que propagou COVID-19

O prefeito de uma cidade na Bolívia foi preso nesta terça-feira (7) por permitir uma festa religiosa no mês passado que se tornou o foco de contágio da Covid-19, com seis infectados e um morto.

O chefe da polícia de investigações de La Paz, Iván Rojas, informou que o prefeito Tiburcio Choque, da cidade de Patacamaya (sul de La Paz), foi acusado “pelos crimes de ataque à saúde pública, perigo de destruição e quebra de deveres “.

Tiburcio foi denunciado pelo Ministério Público por permitir uma festa religiosa de cinco dias (de 12 a 16 de março), na qual participaram cerca de 600 convidados de outras partes do país.

Na época da festividade, o governo boliviano havia determinado a suspensão de eventos públicos que reunissem mais de cem pessoas.

Patacamaya, com cerca de 23.000 habitantes, foi completamente isolada nesta terça-feira para evitar a disseminação do vírus.

Após o festival, uma pessoa morreu (o fotógrafo do evento) e outras seis foram infectadas pelo novo coronavírus, incluindo quatro paramédicos, que foram os primeiros a ter contato com os doentes.

A Bolívia registra 194 casos da COVID-19, entre os quais 14 mortos, e está há mais de duas semanas em quarentena, sem acesso terrestre ou aéreo.

* AFP

Suspensão de contrato e redução de salário precisam de aval de sindicato para valer

Posição do STF é questionada por entidades empresariais e elogiada por representantes dos trabalhadores
Fernando SoaresFERNANDO SOARES

A redução da jornada do trabalhador ou a suspensão de contrato que for negociada individualmente precisará receber o aval dos sindicatos para ter validade. Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a medida provisória (MP) 936 editada pelo governo federal, que autorizava o acordo individual para parte dos empregados. A posição do Supremo é questionada por entidades empresariais e vista como positiva por representantes dos trabalhadores.

Onyx diz que primeiras parcelas do auxílio emergencial de R$ 600 serão pagas na quinta

Segundo o ministro, até as 13h, foram 17 milhões de acessos no site e aplicativo

O Ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, fez um balanço hoje em entrevista ao programa Gaúcha+ sobre as primeiras horas da liberação do sistema que permitirá que trabalhadores autônomos recebam auxílio de R$ 600 durante um período de três meses, para tentar minimizar os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus.
Segundo o ministro, até as 13h, foram 17 milhões de acessos no site e no aplicativo, e 6 milhões de cadastros validados. Os cálculos do governo esperam criar contas bancárias para 30 milhões de pessoas que não tinham registro em banco para receber o auxílio. Nos grupos de pagamento estão os cadastrados no programa Bolsa Família, o grupo das pessoas do Cadastro Único, chamados de elegíveis inequívocos, e os microempreendedores individuais (MEI), autônomos e informais

Brasil tem 114 mortes em 24 horas e total de óbitos por coronavírus chega a 667

Números apresentados no boletim diário desta terça-feira apontam 13.717 casos no país

O Ministério da Saúde atualizou os números da pandemia de coronavírus no Brasil na tarde desta terça-feira (7). Até as 14h, eram 13.717 casos e 667 mortes confirmadas. Foram 114 óbitos e 1.661 novas incidências nas últimas 24 horas. É a maior quantidade de mortes em um só dia registrado até hoje no país.
A taxa de letalidade subiu mais uma vez. A estatística atualizada mostra que 4,9% dos casos confirmados de covid-19 levaram o paciente a óbito.

O Sul registra 1.428 casos (10,4% de todo país). O Sudeste é a região com mais contaminados pelo coronavírus, contabilizando 8.138 (59,3%).

Mantida a teimosia do potiguar, em maio 157 mil pessoas estarão infectadas é aproximadamente 11 mil morrerão, diz a Secretaria de Saúde do RN

Autoridades sanitárias e da Saúde do RN  fizeram uma projeção estimando 157 mil pessoas infectadas no Rio Grande do Norte no dia 02 de maio.

Segundo técnicos da Secretaria de Saúde do RN, mantida às previsões o sistema de saúde do RN entrará em colapso.
O cálculo considera que apenas 42% da população cumpra as recomendações de isolamento social.
Caso seja confirmada a estimativa de 157 mil pessoas infectadas, pelo nosso índice de letalidade ocorr

Coronavírus: a festa que pode ter espalhado o vírus em uma família de SP e matado 3 pessoas


Uma festa de aniversário na noite de 13 de março, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, marcou para sempre uma família. Depois do evento, ao menos 14 convidados tiveram sintomas da covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Entre os casos, três irmãos, com mais de 60 anos, tiveram complicações graves e morreram pouco mais de duas semanas depois.

Um dia antes da festa, a responsável pelo evento, a servidora pública Vera Lúcia Pereira, havia completado 59 anos. O avanço do novo coronavírus quase fez a família desistir da comemoração. “Ficamos em dúvida, mas decidimos fazer, porque não eram tantos casos no país”, conta a aniversariante à BBC News Brasil.

Na data da comemoração, havia 98 casos do novo coronavírus confirmados no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Destes, 56 eram em São Paulo. Não havia nenhum caso confirmado em Itapecerica da Serra — atualmente há ao menos 11 e uma morte. No último dia 13, o isolamento social ainda era incipiente e as orientações referentes ao vírus eram quase totalmente voltadas à higienização das mãos. Dias depois, os Estados passariam a adotar medidas mais rigorosas.

A festa de Vera, realizada no quintal de sua casa, teve 28 convidados. O prato principal era o churrasco. Entre as pessoas que foram ao evento estavam os irmãos do marido dela, o servidor público Paulo Vieira, de 61 anos. “Também convidamos minhas irmãs e nossos sobrinhos. Foram apenas os parentes mais próximos, para evitar que viessem muitas pessoas”, diz Vera.

Nos dias seguintes ao evento, os familiares começaram a apresentar sintomas como tosse, febre, dificuldades para respirar ou diarreia — características associadas à covid-19. No grupo da família no WhatsApp, compartilharam suas dificuldades. A estimativa da família é de que metade dos convidados teve algum problema de saúde dias após a comemoração.

Pouco mais de duas semanas após o aniversário, a alegria deu lugar ao luto. Na semana passada, três irmãos da mesma família morreram com suspeita do novo coronavírus. Os exames ainda não ficaram prontos e não têm previsão para que sejam concluídos, em razão da grande demanda em todo o país.

“Os médicos que os acompanharam disseram ter 99% de certeza de que era covid-19, pelo quadro clínico deles e pela forma como se deu toda a situação”, pontua Vera. Ela, assim como o único filho, também apresentou sintomas para o vírus, mas se recuperou. “Fisicamente, estou bem, apenas com um pouco de tosse. Mas têm sido uma fase muito difícil. A gente tem vivido dias de terror. Tudo isso é uma tragédia”, declara a servidora pública.

Os irmãos Vieira

Unidos e adoráveis. Assim os parentes definem os irmãos Vieira. Eram sete. As reuniões em família eram momentos de extrema felicidade. “Nós vivíamos juntos. Tudo era motivo para que nos reuníssemos”, relata a aposentada Maria do Carmo Vieira, de 58 anos. Ela conta que o aniversário de Vera foi um momento em que ela e os seis irmãos aproveitaram para se reunir. “Estávamos há alguns dias sem nos ver, porque nem sempre era fácil reunir todos em um lugar”, comenta.

O aniversário no quintal da casa de Vera e Paulo foi o último evento que reuniu os sete irmãos Vieira.

Dois dias depois, Maria Salete, uma das três mulheres da família Vieira, começou a passar mal. A aposentada, de 60 anos, relatou aos irmãos que estava com diarreia intensa. “Depois, ela começou a ter febre, como se estivesse com alguma infecção. Eu e meu marido a levamos ao hospital, ela recebeu medicamentos e voltou para casa”, explica Maria do Carmo.

Diabética e hipertensa, a situação de Salete piorou com o passar dos dias. Depois dela, diversos familiares também relataram problemas de saúde. A maioria teve sintomas leves, que podem ser associados à covid-19. Nem todos, porém, necessitaram de ajuda médica.

“Estávamos fazendo as contas de relatos e pelo menos 14 pessoas que foram ao aniversário podem ter sido infectadas pelo coronavírus”, diz Maria do Carmo.

“Alguns ficaram debilitados, principalmente os mais velhos”, revela Vera, que teve febre, tosse e dores pelo corpo. Ela fez exames para a covid-19 há quase duas semanas, mas não ficaram prontos até o momento.

A princípio, os familiares não acreditaram que pudesse se tratar do novo coronavírus. “Ainda havia poucos registros no Brasil, então a gente achava que fosse algo distante”, afirma Maria do Carmo. Ela conta que nenhum familiar apresentou sintomas durante a festa, por isso não ficou claro quem pode ter transmitido o novo coronavírus. “Descobrir isso agora não vai mudar nada para a gente”, declara Carmo.

Eles passaram a cogitar a possibilidade de que a família pudesse ter sido infectada pelo Sars-Cov-2, como o vírus é conhecido oficialmente, somente uma semana depois dos primeiros sintomas dos parentes.

“Os casos começaram a aumentar em todo o país, principalmente São Paulo, e a gente percebeu que não era algo tão distante. E como os sintomas que muitos tiveram eram muito parecidos com os do coronavírus, passamos a entender que os meus irmãos, sobrinhos e familiares da Vera poderiam ter sido infectados”, diz Maria do Carmo.

O segundo irmão Vieira a apresentar quadro grave de covid-19 foi o mecânico Clóvis, de 62 anos. “Três dias depois da festa, o meu pai começou a tossir muito, teve dor de cabeça, febre e perdeu o olfato e o paladar”, explica o gerente de relacionamento Arthur Ribeiro, de 30 anos, filho caçula do idoso. A saúde de Clóvis, que não tinha comorbidades, também piorou com o passar dos dias.

Arthur conta que levou o pai a um hospital no dia 23 de março, quando os problemas pioraram. Os médicos receitaram alguns medicamentos e liberaram Clóvis. “Sequer cogitaram que pudesse ser coronavírus”, diz o rapaz, que também esteve no aniversário, teve sintomas de covid-19, mas não conseguiu fazer exames.

Salete passou mais de uma semana em casa. Ela tinha tosse, febre e dores em todo o corpo. “A médica tinha me dito que era para procurar novamente atendimento médico somente se ela tivesse falta de ar, porque seria um claro sinal de coronavírus”, diz Maria do Carmo, que é vizinha da irmã e a acompanhou desde os primeiros sintomas.

“A minha irmã não teve falta de ar, mas a situação piorou muito e a levamos para um hospital particular, da rede na qual ela trabalhava, na região do ABC Paulista”, relata Carmo. Mesmo aposentada, Salete trabalhava na área administrativa de uma operadora de saúde.

As suspeitas de coronavírus

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Bolsonaro evita responder se vai reabrir comércios por decreto

Presidente ouviu gritos de “Fora, Mandetta” de sua claque ao deixar o Palácio da Alvorada


Um dia após o “fico” do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o presidente Jair Bolsonaro evitou nesta terça-feira, 7, responder a um apoiador que o questionou sobre a possibilidade de assinar um decreto liberando o funcionamento do comércio no País. A flexibilização nas regras de isolamento social, adotadas para evitar a propagação da covid-19, é um dos pontos de atrito entre presidente e ministro. “Você sabe o que está acontecendo na política brasileira? Você sabe o que representa uma resposta para você aqui agora”, respondeu o presidente ao apoiador que o questionou em frente ao Palácio da Alvorada.

Bolsonaro tem criticado governadores e prefeitos que restringiram o funcionamento de shoppings, lojas e escolas com o argumento de que o impacto na economia causará mais danos do que a pandemia de coronavírus. Na semana passada, o presidente afirmou que já tinha um decreto sobre sua mesa autorizando a reabertura de diversas atividades, a despeito de determinações locais para o fechamento. “Eu tenho um decreto pronto para assinar, se eu quiser assinar, considerando ampliar as categorias que são indispensáveis para a economia”, afirmou na quinta-feira, em entrevista à rádio Jovem Pan.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) dizem em conversas reservadas, no entanto, que, se o presidente levar adiante sua ideia, a medida será barrada pela Corte. O Estado apurou que o Supremo não vai autorizar nenhuma ação que confronte as recomendações das autoridades de saúde do Brasil e do mundo com relação ao combate do novo coronavírus. A principal delas é o isolamento social.