Arquivo diários:25/04/2020

Dilma e Temer nunca tentaram interferir dessa forma nas investigações, diz ex-PGR Rodrigo Janot

Não dá para fingir que o país não ouviu o que o ministro Moro disse’, afirma Janot. Ex-PGR disse ainda em entrevista à BBC News Brasil que nunca sofreu tentativas de interferência por parte dos antecessores de Bolsonaro como as narradas por Moro
André Shalders – @andreshalders – Da BBC News Brasil em Brasília
Segundo Janot, quem tentou uma vez interferir nas investigações foi Henrique Alves quando no caso de Eduardo Cunha

Os ex-presidentes Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) nunca tentaram interferir nas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal da forma como Jair Bolsonaro (sem partido) teria tentado fazer, de acordo com o narrado pelo ex-ministro Sergio Moro.
A fala é do ex-chefe do Ministério Público Federal (MPF), Rodrigo Janot, em entrevista à BBC News Brasil.

Os antecessores de Bolsonaro jamais tentaram obter informações sobre uma apuração em curso – nem com o MPF, nem com a Polícia Federal, disse Janot.

Em seu discurso de despedida, o agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, acusou o presidente da República de querer trocar o comando da Polícia Federal para ter acesso a dados sigilosos de investigações.

“O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele que ele pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência”, disse Moro em seu discurso de despedida. “(…) E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar este tipo de informação”, disse ele.

“O presidente me disse isso expressamente, ele pode ou não confirmar, mas é algo que realmente não entendi apropriado. Então o grande problema não é quem entra (no comando da PF), mas por que alguém entra. E se esse alguém (…) não consegue dizer não pro presidente (da República) a uma proposta dessa espécie, fico na dúvida se vai conseguir dizer não em relação a outros temas”, disse Moro.

A exoneração do agora ex-diretor da Polícia Federal, o delegado Maurício Valeixo, foi o estopim da saída de Moro do governo.

“No transcorrer do meu mandato de quatro anos enquanto PGR (procurador-geral da República), eu jamais fui abordado de forma indevida por quem quer que seja do Poder Executivo. A Polícia Federal, pelo menos a Polícia Federal Judiciária, que exercia sua atividade nos inquéritos judiciais perante o Supremo, jamais sofreu qualquer tipo de interferência. Qualquer tipo de pedidos de informação de quem quer que seja do Executivo”, disse Janot.

“Quanto à questão de Curitiba, ele (Moro) afirma que lá também não houve (interferências). Eu não acompanhei as investigações lá de Curitiba. Os promotores naturais eram os colegas lá de Curitiba. O que eu posso afirmar é que, na minha atuação, naqueles inquéritos judiciais do Supremo (Tribunal Federal), nunca houve a mais mínima interferência do Poder Executivo. Nem junto ao Ministério Público, nem junto à Polícia Federal. E muito menos junto ao Supremo Tribunal Federal”, disse ele.

Em seu discurso de despedida, Moro nominou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e disse que ela nunca pediu informações sobre investigações em andamento.

“Imaginem se durante a própria Lava Jato, o ministro, diretor-geral ou a então presidente Dilma ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento”, disse ele. “O presidente me disse isso expressamente, ele pode ou não confirmar, mas é algo que realmente não entendi apropriado”, afirmou Moro.

“Era uma relação estritamente técnica e profissional, que se desenvolvia em três partes: Ministério Público, Supremo Tribunal Federal e Polícia Federal. E por isso que essas investigações deram tão certo. Eram técnicas, objetivas, eficientes. E sem nenhuma contaminação política, isso eu posso afirmar”, disse Janot à BBC News Brasil, por telefone, na tarde desta sexta (24).

O ex-PGR disse ainda que a interferência política em investigações é algo que põe em risco o próprio Estado Democrático de Direito, e disse ainda que esta não é a primeira vez que Bolsonaro dá mostras de querer interferir em órgãos de controle.

“Não são (no caso das acusações de Sergio Moro) instituições quaisquer. São instituições de controle. Vamos lembrar lá atrás: a gente já teve um tropeção com a história do COAF (em meados de 2019, Bolsonaro trocou o diretor do órgão indicado por Moro); temos os problemas envolvendo a gestão do Ibama”, disse Janot.

“Então, uma hora você precisa juntar todos esses fatos para ver o que realmente significa isso; e até que ponto isso pode levar a um problema que comprometa a democracia (…)”, disse.

“(…) O que é grave é a forma como isso impacta a democracia brasileira. A possibilidade de instituições sérias como a Polícia Federal virem a ser manipuladas… isso é muito grave. É ruim para a democracia brasileira”, disse. “A democracia é preservada a partir do momento em que você resguarda as instituições, e garante o funcionamento isento das instituições”, reflete ele.

Janot ocupou o posto de procurador-geral da República entre 2013 e 2017.

Na quinta-feira (23), a Folha de S.Paulo e outros jornais noticiaram que Moro pedira demissão depois de Bolsonaro comunicar-lhe que havia decidido exonerar Maurício Valeixo. A demissão de Moro, no entanto, não se concretizou ontem

Em nova discussão Paulo Guedes diz que Rogério Marinho é “despreparado”

Conhecido no Rio Grande do Norte como uma pessoa fria e de temperamento pachorrento, mas criador de casos é desleal com seus muitos ex-amigos, Rogério Marinho inventou de derrubar seu ex-chefe no Ministério da Economia.
Guedes vê deslealdade de Marinho
Divergência: uso de dinheiro público


FERNANDO RODRIGUES

Antes de Jair Bolsonaro fazer seu pronunciamento no final da tarde desta 6ª feira (24.abr.2020), os ministros estavam reunidos no Palácio do Planalto. Aí deu-se este diálogo entre Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), presenciado por vários dos que estavam na sala:

MarinhoNós precisamos conversar.

GuedesEu não converso com você privadamente. Só converso com você na frente de outros ministros, porque você é desleal.

Marinho Você acha que só você entende de economia.

Guedes Entendo mais do que você. Você é despreparado.

O Poder360 procurou ambos os ministros. Tanto Guedes como Marinho disseram que preferiam não comentar o episódio.

MINISTRO EMPAREDADO

Paulo Guedes é o último superministro de Bolsonaro. Sergio Moro (Justiça) e Santos Cruz (Secretaria de Governo) caíram. Onyx Lorenzoni perdeu a Casa Civil e tem menos poder agora no Cidadania.

O titular da economia se sente cada vez mais isolado. A eventual saída de Guedes indicará o início de 1 outro tipo de governo Bolsonaro.

“Isso é fogo amigo, PG. Pode deixar comigo”, tem dito Bolsonaro ao ministro da Economia, chamando-o pelas iniciais. As palavras do presidente ainda não têm sido suficientes para estancar o ataque especulativo.

Guedes paga 1 preço por não ter sido político no trato com o Poder Legislativo. Foi duríssimo na relação com o Congresso. Dinamitou pontes. Ficou com pouca ou nenhuma interlocução.

Os partidos agora cortejados por Bolsonaro não querem Guedes na Economia. Por quê? Porque o ministro é linha dura na liberação de verbas. O Centrão, como é conhecido o grupo, identifica no ministro 1 obstáculo para destravar o Orçamento para obras bancadas pelo governo.

A irritação do ministro foi ao paroxismo quando a TV Record fez uma reportagem de 3min12seg com críticas acerbas ao seu desempenho. O Driveapurou que o Planalto já sabe quem articulou esse ataque.

ANÁLISE: FIM DE UMA ERA

É possível, mas não é certo, que o governo Bolsonaro esteja entrando numa nova fase.

A encarnação atual da administração federal parece ser mais aberta ao uso do dinheiro público como indutor da economia. Também há menos pudor nas alianças com partidos antes descritos como integrantes da “velha política”.

Nesse novo contexto, Paulo Guedes seria a face mais envernizada para manter a reputação construída por Bolsonaro ao tomar posse: a de que faria 1 governo com “mais Brasil e menos Brasília”, com a iniciativa privada como alavanca do crescimento e reformas liberais na economia.

Tudo isso pode ir para o brejo sem Paulo Guedes e seu time. Ocorre que Bolsonaro parece incomodado com a perspectiva de baixo crescimento –uma realidade incontornável por causa dos efeitos da pandemia de coronavírus. 

O presidente está deixando prosperar o debate sobre injetar acima de R$ 100 bilhões para dar propulsão a obras diversas –o chamado Plano Pró-Brasil. O programa petista Minha Casa Minha Vida poderia mudar de nome para Casa Verde Amarela e seria turbinado no Nordeste. Bolsonaro ouviu que assim conseguiria herdar os votos das camadas mais pobres daquela região. Os estudos prosseguem.

Paulo Guedes no passado já conversou duas vezes sobre demissão com Bolsonaro. Na atual conjuntura, a saída do ministro não entrou em pauta. Mas a pressão é forte.

Os próximos dias serão decisivos para saber se o Palácio do Planalto vai ou não bancar o ministro da Economia e seu time.

Poder 369

Governo do RN conclama Prefeituras a cumprirem decreto para conter a Covid-19

Na apresentação dos dados epidemiológicos e ações doGoverno do RN no combate ao novo coronavírus, nesta sexta-feira, 24, o secretário de Saúde Cipriano Maiadestacou a importância de todas as Prefeiturasassumirem e cumprirem as medidas dos decretos do Governo do Estado. A distribuição de máscaras, o controle das aglomerações, especialmente das filas em bancos, e a manutenção apenas do comércio considerado como essencial, funcionando dentro das normas determinadas, são medidas estratégicas para a contenção do vírus.

“Precisamos de atuação conjunta e solidária, colaborativa. Já temos óbitos em 17 municípios e ocorrências em 50 cidades. Isto mostra que o vírus chegou a todas regiões do Estado”, argumentou Cipriano, para acrescentar que os municípios precisam, também, assumir a responsabilidade de estabilizar pacientes para serem regulados e encaminhados ao atendimento de casos críticos.

Na ocasião, o secretário reforçou a necessidade do isolamento. O Comitê de especialistas e cientistas que assessora o Governo – e realiza análises e projeções com base nos modelos matemáticos aplicados em todo o mundo – afirma que é preciso o mínimo de 60% da população em isolamento para desacelerar a disseminação. O RN tem média de 50% de isolamento e apresenta proporção significativa de mortes de pessoas com menos de 60 anos portadoras de comorbidades.

Dólar sobe a R$ 5,668 e bate recorde em dia de demissão de ministro

Num dia de nervosismo no mercado brasileiro, o dólar comercial ultrapassou a barreira de R$ 5,60 e fechou no maior valor nominal – sem considerar a inflação – desde a criação do real. A moeda encerrou esta sexta-feira (24) vendida a R$ 5,668, com alta de R$ 0,14 (+2,54%). O euro comercial foi vendido a R$ 6,116, fechando acima dos R$ 6 pela primeira vez na história.

Moro usa áudios de conversas para detonar Bolsonaro

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro dispõe de uma série de mensagens de áudio e de texto trocadas com o presidente Jair Bolsonaro ao longo dos quase 14 meses em que participou do governo, desde que largou a toga e os processos penais da Lava-Jato.

Boa parte das acusações feitas por Moro contra Bolsonaro, que em seu discurso de despedida deixou margem para entendimento de que o presidente cometeu crimes de responsabilidade, está amparada em material que, no limite, pode ser usado como prova documental.

Em seu pronunciamento, Moro apontou indícios de ao menos seis tipos de crimes que podem ter sido cometidos por Bolsonaro no exercício do cargo, de acordo com avaliações de criminalistas ouvidos pela reportagem.

Com a experiência de 22 anos na magistratura federal, é de se esperar que Sergio Moro não faça acusações com base em ilações, mas sim fundamentadas em indícios mínimos que tipifiquem eventuais condutas ilícitas por parte do presidente.

A acusação de que Bolsonaro tentou – e ainda tenta – controlar a Polícia Federal (PF) para ter acesso a investigações sigilosas, inclusive as que tramitam sob segredo no Supremo Tribunal Federal (STF), é considerada uma das mais graves e foi tema de conversas entre os ministros da mais alta Corte, como revelou mais cedo o Valor.

O Planalto já pode estar na mira do inquérito das Fake News que tramita no STF, que chegou à identidade de financiadores de ataques nas redes sociais à oposição a Bolsonaro.

Valor Econômico

Moro exibe troca de mensagens em que Bolsonaro cobra mudança no comando da PF

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro exibiu nesta sexta-feira (24) à TV Globo uma troca de mensagens entre ele e o presidente Jair Bolsonaro, ocorrida nesta quinta (23), na qual Bolsonaro cobrou mudança no comando da Polícia Federal.

Mais cedo, nesta sexta, ao anunciar que havia decidido deixar o cargo, Moro afirmou que Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF ao decidir demitir o agora ex-diretor-geral da corporação Maurício Valeixo.

Depois, também em pronunciamento, Bolsonaro afirmou que as declarações de Moro eram infundadas e que ele não havia tentado interferir na Polícia Federal.

Após o pronunciamento de Bolsonaro, a TV Globo cobrou de Moro provas de que as declarações tinham fundamento. O ex-ministro mostrou, então, a imagem de uma troca de mensagens entre ele e o presidente, ocorrida nesta quinta.

O contato é identificado por “presidente novíssimo”, indicando ser o número mais recente de Bolsonaro. A imagem mostra que o presidente enviou a Moro o link de uma reportagem do site “O Antagonista” segundo a qual a PF está “na cola” de dez a 12 deputados bolsonaristas.

Imagem: reprodução/TV Globo

O presidente, então, escreveu: “Mais um motivo para a troca”, se referindo à mudança na direção da Polícia Federal.

Imagem: reprodução/TV Globo

Sergio Moro respondeu ao presidente explicando que a investigação não tinha sido pedida pelo então diretor da PF, Maurício Valeixo. Moro enviou a mensagem: “Esse inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre, no STF”, se referindo ao ministro Alexandre de Moraes.

Imagem: reprodução/TV Globo

Moro prossegue: “Diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas”. E finaliza: “Conversamos em seguida, às 0900”, referindo-se ao encontro que os dois teriam.

G1