Líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un desapareceu dos olhos do público em abril. O que está acontecendo neste que é um dos países mais fechados do mundo?
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, voltou a ser o foco das atenções do mundo nos últimos dias, depois de relatos conflitantes sobre o seu paradeiro. O sumiço dos compromissos públicos levantou especulações sobre sua real condição de saúde.
No início da semana passada, um veículo de imprensa da Coreia do Sul noticiou que Kim estaria se recuperando de uma cirurgia no coração, feita no dia 12 de abril.
Dias depois, os rumores sobre o seu estado de saúde, inclusive sobre uma possível morte, ganharam tração com a sua ausência foi notada em uma das mais importantes celebrações da Coreia do Norte: o aniversário do fundador do regime, e avô de Kim, Kim Il-Sung, em 15 de abril.
Há poucas informações pessoais disponíveis sobre o atual líder norte-coreano, mas acredita-se que tenha 36 anos e que tenha problemas de saúde em razão do cigarro e da obesidade.
A polêmica em torno da sua saúde está tão em alta, que até um site especializado em notícias de celebridades falou sobre o assunto, o americano TMZ. A nota diz que Kim estaria morto e cita veículos de imprensa da China e do Japão. O site, no entanto, deixou a observação de que não havia confirmado a veracidade da informação.
Neste sábado, a agência Reuters informou que a China enviou uma equipe médica para auxiliar nos cuidados com a saúde de Kim, mas não conseguiu determinar o que essa visita significaria para o estado de saúde do líder norte-coreano.
Ainda no final da última semana, outro veículo de imprensa, baseado em Hong Kong, noticiou que ele estaria morto ou “em estado vegetativo”. Até o momento, no entanto, a imprensa norte-coreana, que é controlada pelo regime, continua sem se manifestar sobre o tema.
Quando Kim foi visto pela última vez?
A Yonhap, agência de notícias sul-coreana, que também atua na cobertura dos desdobramentos no vizinho do Norte, noticiou que a última aparição pública de Kim foi em 11 de abril. Na época, ele teria participado de uma reunião com a alta cúpula do governo.
Há, ainda, imagens da imprensa oficial do país que mostram Kim visitando um local de exercício militar no dia 12 de abril. Vale notar, no entanto, que foi sua ausência nos eventos do dia 15 de abril que fizeram estourar as especulações sobre o seu estado de saúde.
Além disso, essa não é a primeira vez que Kim desaparece dos olhos do público. Em 2014, lembrou a CNN, ele ficou mais de um mês sem fazer qualquer aparição, mas ressurgiu com uma bengala, trazendo à tona notícias de que ele havia feito um pequeno procedimento cirúrgico no tornozelo.
O que dizem os governos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul?
Segundo a rede de notícias CNN, os serviços de inteligência dos Estados Unidos monitoram os relatos sobre a condição de saúde de Kim, mas lembra que não há nada em concreto que revele a problemas no seu estado de saúde. Outras fontes do governo americano, essas em entrevista à revista Newsweek, contestaram os relatos existentes sobre a sua morte.
A Coreia do Sul, por sua vez, amenizou os rumores, dizendo que não foi detectada qualquer atividade “anormal” na Coreia do Norte e que não há qualquer evidência de que Kim estaria morto.
Se Kim Jong-un morrer, quem assume o regime?
A linha sucessória de Kim nunca foi oficialmente reconhecida. Há quem acredite que, na sua morte ou incapacidade de continuar na liderança do país, sua esposa, Ri Sol Ju poderia assumir. Por outro lado, há especulações sobre uma possível ascensão da sua irmã, Kim Yo Jong, uma vez que ela é considerada o seu braço direito e foi promovida frequentemente por ele nos últimos anos.
A consultoria de riscos políticos Eurásia nota que, em razão da idade de Kim, que seria em torno de 36 anos de idade, dificilmente existe um plano estabelecido para a sua sucessão, o que daria margem para uma intensa disputa de poder na ocasião da sua saída do posto.
As incertezas em torno da real condição de saúde de Kim são muitas e devem continuar até que ele reapareça. No entanto, explica a Eurasia, dificilmente um sucessor mudaria o direcionamento das políticas estabelecidas pelo atual líder. E isso significa que as conversas sobre a descnuclearização da Coreia do Norte, cujo programa nuclear desestabilizou o mundo nos últimos anos, continuariam lentas.