O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ironizou a situação atual do ex-juiz Sergio Moro, que reclamou de não ter tido acesso a todas as informações disponíveis para a Advocacia Geral da União.
Moro acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir indevidamente na Polícia Federal. O caso está sendo investigado a pedidoda Procuradoria Geral da República.
Na atual fase do inquérito, o Supremo Tribunal Federal perguntou às partes citadas no caso se deve ou não ser divulgado, no todo ou em parte, o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. Nesse encontro, segundo Moro, o presidente da República atuou para ameaçar de demissão ministros caso a Polícia Federal não trocasse alguns dos seus dirigentes.
Numa das manifestações recebidas pelo STF nesta 5ª feira, a AGU transcreveu parte do que Bolsonaro falou no vídeo da reunião de 22 de abril. A defesa de Moro reclamou:
“Sérgio Moro e seus advogados foram surpreendidos com a petição da AGU, em favor do presidente da República, no inquérito junto ao STF. A transcrição parcial revela disparidade de armas, pois demonstra que a AGU tem acesso ao vídeo, enquanto a defesa de Sérgio Moro não tem. A petição contém transcrições literais de trechos das declarações do Presidente, mas com omissão do contexto e de trechos relevantes para a adequada compreensão do que ocorreu na reunião”, escreveu a defesa de Moro.
A seguir, o texto irônico de Kakay a respeito da reclamação do ex-juiz:
“Ler a defesa do ex-ministro Moro defender a paridade de armas, alegar surpresa por não ter acesso integral aos documentos a que se refere a AGU e clamar por ter o direito de defesa respeitado é um presente para o Estado democrático de Direito.
“O ex-juiz sempre foi parcial e nunca respeitou o direito de defesa na sua amplitude. Um juiz que nunca honrou o Poder Judiciário, desrespeitando com frequência a Constituição Federal. Mas, como ensina o poeta maranhense, ‘a vida dá, nega e tira’. Neste momento difícil para o sr. Sergio Moro, no qual o ex-juiz está sendo investigado e sofrendo a força do poder do Estado contra ele, mesmo mantendo o apoio de grande parte da mídia, faz-se necessário que, todos os democratas, toda a advocacia defenda o devido processo legal na sua plenitude.
“O ex-juiz tem, felizmente, um grande advogado. E queremos que como investigado tenha garantido todos os direitos que nunca garantiu aos réus dos casos nos quais atuou como juiz. Vamos todos exigir o cumprimento das garantias constitucionais. Inclusive o princípio da presunção de inocência, contra o qual ele tanto lutou.
“Se processado e condenado que só cumpra sua pena após o trânsito em julgado e que não sofra o supremo constrangimento de uma prisão preventiva desnecessária e arbitrária. O ex-juiz vai entender, sofrendo na pele, a importância de ter uma defesa técnica e de ver cumprida a Constituição”. KAKAY.
Antônio Carlos de Almeida Castro, denominado de Kakay, nasceu um Patos de Minas, setembro de 1957, é um advogadocriminalista brasileiro, notório pela prestação de serviços advocatícios a políticos, empresários e celebridades.
Conta ter defendido dois presidentes da República (José Sarney e Itamar Franco), um vice (Marco Maciel), cinco presidentes de partido (simultaneamente), quarenta governadores (em períodos diversos), dezenas de parlamentares (pelo menos quinze senadores) e mais de 20 ministros (13, no governo de Fernando Henrique Cardoso; três, no de Luiz Inácio Lula da Silva; dois, no de Dilma Rousseff). Também já defendeu grandes empreiteiras (Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS), bancos (Sofisa, BMG, BMC, Pine), banqueiros (Daniel Dantas, Salvatore Cacciola, Joseph Safra) e empresários de renome internacional ou provincianos, “todos num momento ou outro enrolados com a Justiça”.[6]
Entre 2015 e 2016, então advogado de onze políticos e empresários investigados pela Lava Jato, Kakay afirmou, na tentativa de defender a reputação de seus clientes, que o país vivia “sem a menor dúvida” um momento de “criminalização da riqueza”. Desafeto de Joaquim Barbosa, Kakay afirmou que o ex-ministro “não deixa nenhum legado. Não deixa um livro interessante; um acórdão profundo, uma tese. Nada. Eu, por exemplo, não vou nem criticar mais ele. A partir de agora, eu me nego até a falar dele“.