Brasília – Preocupada com o impacto da Operação Lava Jato no programa de concessões, a presidente Dilma Rousseff pediu nesta segunda-feira, 22, para ministros desfazerem o clima de insegurança que domina a cena política e econômica desde que a Polícia Federal prendeu, na sexta-feira, os presidentes das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez. A ordem no Palácio do Planalto é transmitir confiança, mas, nos bastidores, há temor com os desdobramentos da investigação.
Em reunião com ministros que compõem a coordenação política do governo, na tarde de ontem, Dilma consultou o vice Michel Temer, articulador político do Planalto, sobre o efeito da prisão dos presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, no plano de investimentos em logística.
Temer respondeu que, juridicamente, não havia empecilho para a participação das empresas no programa. O vice reforçou o que dissera o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e contestou o juiz Sérgio Moro, para quem a permissão para empresas investigadas entrarem em licitações provoca “risco de reiteração das práticas corruptas”.
Mesmo assim, todos concordaram na reunião que é preciso acompanhar “com lupa” a possível sucessão nas duas maiores empreiteiras do País. O receio do governo é que possa haver paralisação de obras e demissões, o que, para auxiliares de Dilma, seria “o pior dos mundos”.
O discurso oficial, porém, é de que não há turbulência no radar do Planalto. “Vamos olhar para a frente, e não para o passado”, disse o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que ajuda Temer na articulação política. “Há um programa em andamento, para concessões em portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, que não tem absolutamente nada a ver com a Lava Jato”, emendou ele, em referência à segunda etapa do plano de investimento em logística, lançado no dia 9, totalizando R$ 198,4 bilhões.