A inadimplência no mercado de crédito no país no segmento de recursos livres ficou estável em setembro, mantendo-se no nível mais alto em mais de dois anos, em um mês em que o spread bancário (diferença entre o custo de captação e a taxa efetivamente cobrada pelos bancos ao consumidor final) caiu, apesar do aumento dos juros médios em meio ao cenário de recessão e inflação e desemprego em alta.
No segmento de recursos livres, que conta com taxas definidas livremente pelas instituições financeiras, a inadimplência foi de 4,9% em setembro, repetindo patamar de agosto, informou o Banco Central (BC) nesta terça-feira. Trata-se do nível mais alto desde maio de 2013, quando havia alcançado 5,1%.
Anteriormente, a autoridade monetária havia divulgado inadimplência de 4,8% para agosto, estável sobre julho.
Seguindo a dinâmica dos meses anteriores, os juros médios no segmento de recursos livres subiram a 46,2% em setembro, renovando o recorde da série histórica iniciada em março de 2011 apesar de a Selic seguir estável em 14,25% ao ano há cerca de três meses.
Por outro lado, o spread bancário caiu a 31,5 pontos percentuais em setembro, contra 32 pontos percentuais em agosto.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada, o Banco Central optou mais uma vez pela manutenção da taxa básica de juros, após elevá-la em 3,25 pontos percentuais de outubro do ano passado a julho deste ano.
O aperto monetário buscou combater a alta da inflação, que em 12 meses se aproxima de 10% pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acima do teto da meta do governo, de 4,5%, com margem de dois pontos para mais ou para menos.
Apesar de não mexer nos juros básicos, o Banco Central deixou claro que a convergência da inflação para o centro da meta ficará não mais para 2016, mas para 2017, em meio ao cenário de indefinições fiscais e turbulências políticas no país.
Com isto, parte do mercado crê que a Selic vá permanecer no atual patamar por um tempo mais prolongado que o projetado anteriormente.
O Banco Central informou ainda que, em setembro, o estoque total de crédito no Brasil, incluindo recursos livres e direcionados, subiu 0,8% sobre agosto, a R$ 3,160 trilhões, ou 55% do Produto Interno Bruto.
No acumulado do ano, o avanço foi de 4,7%, sendo que o Banco Central estima crescimento de 9% no saldo total do crédito em 2015, desacelerando na comparação com o ritmo observado nos últimos anos.