Arábia Saudita se prepara para crucificar jovem condenado por protesto

Nicholas Kristof

O jovem saudita Ali al-Nimr, hoje com 20, foi condenado à morte por protestos contra o governo
O jovem saudita Ali al-Nimr, hoje com 20, foi condenado à morte por protestos contra o governo

Um dia desses, nossos aliados da Arábia Saudita poderão decapitar e crucificar um jovem chamado Ali al-Nimr.

Ele esgotou os recursos possíveis após a sentença judicial para esta execução macabra, por isso os guardas podem levar al-Nimr a uma praça pública e cortar sua cabeça com uma espada enquanto os espectadores zombam dele. Então, seguindo o protocolo saudita para a crucificação, eles penduram seu corpo na cruz como advertência para os outros.

A ofensa de Al-Nimr? Ele foi preso aos 17 anos por participar de protestos contra o governo. O governo disse que ele atacou policiais e se revoltou, mas a única evidência conhecida é uma confissão aparentemente extorquida sob tortura que o deixou sangrando desfigurado.

“Quando visitei meu filho pela primeira vez, não o reconheci”, disse sua mãe, Nusra al-Ahmed, ao jornal “The Guardian”. “Eu não sabia se aquele era realmente ou não meu filho Ali.”

Al-Nimr foi recentemente transferido para o confinamento solitário como preparação para a execução. No Reino Unido, onde a sentença chamou a atenção, o secretário de relações exteriores diz que “não espera” que seja levada a cabo. Mas a família de al-Nimr teme que a execução ocorra a qualquer dia.

O sistema de justiça criminal medieval da Arábia Saudita também executa “bruxas” e aprisiona e chicoteia homossexuais.

Já é hora de termos uma discussão franca sobre a nossa aliada Arábia Saudita e o seu papel legitimando o fundamentalismo e a intolerância no mundo islâmico. Os governos ocidentais tendem a se conter nas críticas, porque eles veem a Arábia Saudita como um pilar de estabilidade em uma região turbulenta -mas não tenho certeza de que é bem assim.

A Arábia Saudita patrocinou madrassas wahhabistas em países pobres da África e da Ásia, exportando o extremismo e a intolerância.