Subserviência vergonhosa: afirmando que Bolsonaro é o patrão dele, Silvio Santos cancela SBT Brasil e evita repercussão contra o Presidente

KELLY MIYASHIRO e VINÍCIUS ANDRADE – UOL

Enquanto produziam o SBT Brasil que iria ao ar neste sábado (23), às 19h45, jornalistas da emissora foram surpreendidos com uma ordem de Silvio Santos: o telejornal não seria levado ao ar especificamente hoje. Pessoas que trabalham na Redação de Jornalismo do SBT disseram ao Notícias da TV que a principal motivação para o cancelamento é evitar repercussões contra o presidente Jair Bolsonaro após a divulgação do vídeo da reunião ministerial na sexta (22).

De acordo com os funcionários da emissora, desde o início do sábado, já havia uma orientação de que o SBT Brasil estava proibido de noticiar repercussões referentes à conversa do presidente com seus ministros e que nada de Bolsonaro deveria ser citado. O jornal, no entanto, seria mantido “normalmente” na grade.

Mas durante a tarde, após uma reunião do alto escalão do Jornalismo, veio a informação de que o telejornal não seria colocado no ar. Apesar da ordem, a equipe continuou produzindo o noticioso normalmente, na expectativa que a medida fosse revertida, o que não aconteceu. Todos foram dispensados às 19h30.

Na edição de sexta (22), dia que o vídeo foi divulgado, o SBT Brasil dedicou seis minutos para o vídeo do presidente com os ministros. Como comparação, o tema ocupou mais de 40 minutos no Jornal Nacional, na Globo.

Essa é a primeira vez que o principal telejornal da emissora de Silvio Santos não é transmitido desde 2005, quando entrou no ar –as exceções são os sábados de Teleton, maratona televisiva que ocupa mais de 24 horas. Na ocasião, a equipe de Jornalismo é mobilizada para contar histórias positivas de pessoas com deficiência.

Em comunicado em abril, Silvio Santos se referiu a Bolsonaro como “patrão” ao desmentir que teria indicado um nome para substituir o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

“A minha concessão de televisão pertence ao governo federal e eu jamais me colocaria contra qualquer decisão do meu ‘patrão’, que é o dono da minha concessão. Nunca acreditei que um empregado ficasse contra o dono, ou ele aceita a opinião do chefe, ou então arranja outro emprego”, escreveu o dono do SBT.

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