As bancadas do PSDB no Senado e na Câmara, por meio do líder do partido na primeira Casa, Cássio Cunha Lima (PB), anunciaram nesta quinta-feira (6) que vão defender a realização de novas eleições para substituir a presidenta Dilma Rousseff. Em uma semana de intensa movimentação de bastidor em Brasília, com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), engrossando o discurso pela governabilidade, o tucano disse que a alternativa à crise político-econômica enfrentada pelo país, que estaria “indo para o buraco”, é o impeachment presidencial.
“Estamos convidando a imprensa para que, através dela, a sociedade brasileira possa encontrar qual será o melhor caminho para sair dessa crise. A crise é muito grave, muito profunda, e será a economia que vai inviabilizar o governo. Porque uma coisa é você ter um governo enfraquecido, impopular, e que está indo para o buraco. Outra coisa totalmente diferente, e que está acontecendo, é o país estar indo para o buraco”, discursou o tucano.
Acompanhado pelo líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), Cássio Cunha não especificou qual seria a forma de substituição, uma vez que ainda não há elementos suficientes, segundo diversas instituições competentes, para a formalização de um processo que leve à cassação de Dilma. Para o senador, são três as situações envolvendo o governo Dilma que, a depender dos desdobramentos, poderiam levar a um processo de impeachment.
“Temos um ambiente onde vários delitos foram praticados no campo fiscal, com tudo o que está sendo julgado no Tribunal de Contas da União [TCU]; no campo eleitoral, com os julgamentos em curso no Tribunal Superior Eleitoral [TSE], e com todas as revelações que surgem da Operação Lava Jato, que foram apresentadas após as eleições. Temos uma eleição absolutamente contaminada”, declarou Cássio Cunha, em coletiva de imprensa no Senado.
Apesar de se mostrar convicto em relação à alternativa para o Brasil, o tucano garantiu que a decisão das bancadas nada tem a ver com a divulgação da pesquisa Datafolha, hoje (quinta, 6), mostrando que rejeição de Dilma (71%) é a maior desde a reabertura democrática, em 1985. Os números negativos de superam até mesmo o do atual senador Fernando Collor (PTB-AL), que foi cassado e, ainda assim, bateu Dilma em três pontos percentuais. “Não estamos falando de baixa popularidade. Eu fui o primeiro a ocupar a tribuna do Senado, quando foi apontada a primeira pesquisa já apontando viés de queda da popularidade da presidente Dilma, e disse que baixa popularidade não é razão para impeachment”, acrescentou.
Já para Carlos Sampaio, vice-presidente jurídico do PSDB, o governo deve se preocupar, principalmente, com a sua situação na Justiça Eleitoral. Para Sampaio, se o TSE decidir a questão em julgamento marcado para o próximo mês, a Câmara sequer precisará dar vazão às ações de seu presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que despachou diversos pedidos de impeachment no mesmo dia em que anunciou rompimento com o governo, como este siterevelou em primeira mão em 17 de julho.
“Existe, obviamente, a questão do TCU, que vai ser julgada em breve. E que pode, havendo crime de responsabilidade, ensejar a questão do impeachment. Mas existe um julgamento no TSE, que acontecerá em setembro, que efetivamente vai implicar na cassação dos mandatos daqueles que foram eleitos [Dilma e Temer], uma vez comprovada a criminalidade das condutas durantes as eleições. Portanto, esse é um fato concreto, e que antecede até mesmo o julgamento de um eventual impeachment dentro da Câmara. É uma constatação inequívoca”, emendou o deputado, referindo-se à ação aberta pelo próprio PSDB no TSE com o argumento de que a campanha de Dilma foi abastecida com dinheiro de corrupção, por meio do esquema de desvios na Petrobras desvendado pela Operação Lava Jato.
Fonte: Congresso em Foco