O promotor Cássio Roberto Conserino, que foi desautorizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, de tomar depoimento do ex-presidente Lula nesta quarta-feira (17), disse que o colegiado foi induzido a erro. Em entrevista ao Correio Braziliense, Conserino disse que tinha mais de 30 perguntas para fazer ao petista e à sua esposa, Marisa Letícia, a respeito da situação do triplex atribuído ao casal, no Guarujá (SP) e das suspeitas de irregularidades na transferência do condomínio da cooperativa Bancoop para a OAS.
“O Conselho foi induzido em erro pelo representante, que apresentou uma versão não compatível com a realidade”, afirmou o promotor, referindo-se à decisão do conselheiro Valter Shuenquener de Araújo, que acolheu requerimento do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) para barrar o depoimento do casal. O deputado petista alega que o inquérito teria de ter entrado no sistema de distribuição do Ministério Público paulista e que o caso é motivado por “flagrante perseguição política” contra Lula.
Na entrevista concedida esta manhã ao Correio, Conserino afirmou que não tinha tomado conhecimento completo da decisão do CNPM, mas que vai estudar como recorrer. Segundo ele, o argumento de Paulo Teixeira não procede porque o procedimento investigatório criminal, aberto em 24 de agosto passado, tem como origem uma denúncia à Justiça de 2010, feita pelo promotor José Carlos Blat, envolvendo a cooperativa Bancoop, que iniciou as obras do triplex e depois as repassou à OAS.
“Não tem nada a ver com Promotoria isso. O processo do Blat já está em fase de sentença. Eu peguei em momento posterior. O caso do Blat vai até a Bancoop, que transfere (o edifício) para a OAS, e a OAS faz as mesmas coisas”, disse o promotor ao repórter Eduardo Militão.
Conserino declarou, ainda, que Lula e Marisa eram os “possuidores” do apartamento, conforme 20 testemunhas, três delas corretores de imóveis. “Não é o promotor, mas a investigação do Ministério Público que fala isso.” O promotor diz que há suspeita de ocultação de patrimônio. A Operação Lava Jato também apura possível envolvimento das obras com o esquema de corrupção na Petrobras. O Instituto Lula nega que o ex-presidente seja o dono do apartamento.
Leia a íntegra da reportagem no Correio Braziliense