Centrão fisiologista que afastou Dilma, agora garroteia Temer

Deputados em sessão de votação do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, em abril

RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
CAROLINA LINHARES
DE SÃO PAULO

Folha de São Paulo

Vinte e sete anos após o fim da aliança homônima que deu um novo significado ao “é dando que se recebe” da oração de São Francisco de Assis, o “centrão” ressurge com força de pautar votações e rumos do governo Michel Temer, além de trabalhar para se consolidar no comando da Câmara dos Deputados.

Formado por PP, PR, PSD, PTB, PRB, SD, PTN e outras seis siglas menores, o grupo reúne 218 deputados e se consolidou sob a influência –ainda presente– do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Com poucas dissidências, é a força política mais importante da Casa e trabalha para comandá-la nos próximos anos. Mesmo após o afastamento de Cunha no dia 5 de maio pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mostrou força em três ocasiões claras.

A primeira foi ao derrotar o DEM e emplacar o “cunhista” André Moura (PSC-SE) como líder do governo, embora o governo preferisse um nome que não trouxesse na testa uma ligação tão evidente com Cunha. Depois, obrigou o hesitante presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), a abrir mão de comandar as sessões plenárias, tarefa atualmente nas mãos de Giacobo (PR-PR).

O próprio Maranhão é de um partido do “centrão”, mas não é alinhado à sua ala majoritária nem a seus líderes.

Por fim, o grupo foi o principal condutor na Câmara e no Planalto da aprovação, apesar da resistência da área econômica de Temer, de ummegapacote de reajuste do funcionalismo público.

Quatro nomes dessa aliança surgem com força para comandar a Câmara a partir de fevereiro de 2017 –data das próximas eleições para a cúpula da instituição–, e para indicar um presidente-tampão até lá caso haja necessidade de eleição antes disso.

O primeiro é Rogério Rosso, ex-governador tampão do Distrito Federal e líder do PSD de Gilberto Kassab. Ele presidiu a comissão que aprovou o parecer a favor ao impeachment de Dilma. Outro é Jovair Arantes (GO), líder da bancada do PTB e relator da comissão do impeachment. Ambos têm boa relação com Cunha.

Outros nomes são os de Aguinaldo Ribeiro (PB), líder do maior partido do centrão, o PP, e o próprio André Moura, que, apesar de ser do nanico PSC, aposta na influência de Cunha e na projeção como líder do governo Temer.