RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
CAROLINA LINHARES
DE SÃO PAULO
Folha de São Paulo
Vinte e sete anos após o fim da aliança homônima que deu um novo significado ao “é dando que se recebe” da oração de São Francisco de Assis, o “centrão” ressurge com força de pautar votações e rumos do governo Michel Temer, além de trabalhar para se consolidar no comando da Câmara dos Deputados.
Formado por PP, PR, PSD, PTB, PRB, SD, PTN e outras seis siglas menores, o grupo reúne 218 deputados e se consolidou sob a influência –ainda presente– do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Com poucas dissidências, é a força política mais importante da Casa e trabalha para comandá-la nos próximos anos. Mesmo após o afastamento de Cunha no dia 5 de maio pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mostrou força em três ocasiões claras.
A primeira foi ao derrotar o DEM e emplacar o “cunhista” André Moura (PSC-SE) como líder do governo, embora o governo preferisse um nome que não trouxesse na testa uma ligação tão evidente com Cunha. Depois, obrigou o hesitante presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), a abrir mão de comandar as sessões plenárias, tarefa atualmente nas mãos de Giacobo (PR-PR).
O próprio Maranhão é de um partido do “centrão”, mas não é alinhado à sua ala majoritária nem a seus líderes.
Por fim, o grupo foi o principal condutor na Câmara e no Planalto da aprovação, apesar da resistência da área econômica de Temer, de ummegapacote de reajuste do funcionalismo público.
Quatro nomes dessa aliança surgem com força para comandar a Câmara a partir de fevereiro de 2017 –data das próximas eleições para a cúpula da instituição–, e para indicar um presidente-tampão até lá caso haja necessidade de eleição antes disso.
O primeiro é Rogério Rosso, ex-governador tampão do Distrito Federal e líder do PSD de Gilberto Kassab. Ele presidiu a comissão que aprovou o parecer a favor ao impeachment de Dilma. Outro é Jovair Arantes (GO), líder da bancada do PTB e relator da comissão do impeachment. Ambos têm boa relação com Cunha.
Outros nomes são os de Aguinaldo Ribeiro (PB), líder do maior partido do centrão, o PP, e o próprio André Moura, que, apesar de ser do nanico PSC, aposta na influência de Cunha e na projeção como líder do governo Temer.