Arquivo diários:27/06/2016

Lascou: testemunha arrolada por senador pró-Temer inocentou Dilma na Comissão Especial do Impeachment

Testemunha dos tucanos arrolada pelo senador José Medeiros da bancada de Temer garante que Dilma não cometeu crimes

A ex-secretária de Orçamento Federal, Esther Duweck, fez forte e objetiva defesa da edição de créditos suplementares nesta quinta-feira (23), na Comissão Especial do Impeachment. Ela havia sido convidada anteriormente pela base aliada de Temer, mas foi dispensada após audiência em que servidores de carreira do Tesouro, convidados pela acusação, depuseram em favor de Dilma.

“Os decretos têm impacto neutro na obtenção do resultado primário. Em nenhum momento afetaram ou alteraram as despesas”, sentenciou a economista. Ela explicou que os créditos suplementares são acompanhados de decretos de contingenciamento e que a atuação é natural no planejamento e orçamento.

“O Executivo se condicionou com um decreto de contingenciamento para evitar que a abertura de crédito suplementar tivesse impacto sobre a meta. E o resultado que temos é que nenhum ministério extrapolou seu orçamento”, exemplificou. A testemunha argumentou ainda que essa é a atuação padrão da Secretaria de Orçamento e que havia concordância com o órgão regulador, no caso o TCU (Tribunal de Contas da União).

Esther falou ainda sobre a aplicação dos recursos advindos dos créditos suplementares, explicando que foram destinados majoritariamente para a educação. “70% é para a educação e 10% para a Justiça do Trabalho. São universidades, institutos federais de ensino superior, hospitais universitários”, mostrou a ex-secretária de Orçamento, que trouxe uma lista das unidades orçamentárias contempladas pelos decretos.

Dispensa

Esther foi convidada a depor, primeiramente, pelo senador José Medeiros (PSD-MT), que pertence à base aliada do presidente em exercício, Michel Temer. Após a primeira semana de depoimentos, entretanto, os senadores mudaram de estratégia.

Em uma das audiências, servidores do Tesouro Nacional convidados a depor pela acusação acabaram dando diversas declarações que inocentavam Dilma de crime de responsabilidade. Na semana seguinte, a base de Temer defendeu a dispensa de todas as testemunhas restantes da acusação sob o argumento de que seria melhor “agilizar o processo”.

Temer foi a churrasco na casa do ex-suplente de Demóstenes Torres e ex-marido da mulher de Carlinho Cachoeira

Temer chegou de helicóptero da FAB para comer picanha

Faltando pouco mais de um mês para a votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) no Senado, o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) participou de um churrasco com senadores neste domingo (26), em Goiás.

O evento celebrou o aniversário de 48 anos do senador Wilder Morais (PP-GO) e foi realizado na fazenda do senador em Nerópolis, na região metropolitana de Goiânia. Mais de três mil pessoas participaram do evento, incluindo cerca de 160 prefeitos.

Num discurso de três minutos em cima de um palco, Temer afirmou que está “tentando unir o país” no seu governo.

“Quero levar uma fotografia desse evento, que representa o momento de união pelo qual o Brasil passa. É isso que estou buscando fazer: unir as pessoas, unir o país”, disse o presidente em exercício.

 

 

Temer desembarcou em Goiânia por volta das 17h e de lá seguiu para a fazenda em um helicóptero da FAB (Força Aérea Brasileira), acompanhado do governador. Ficou cerca de 30 minutos no evento, de onde seguiu de volta para Brasília.

Participaram do aniversário os senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE), Ciro Nogueira (PP-PI), Zezé Perrela (PTB-MG), Sérgio Petecão (PSD-AC), Wellington Fagundes (PR-MT) e Hélio José (PMDB-DF).

Os seis senadores, além do anfitrião, votaram pela admissibilidade do processo de impeachment, em maio.

ASCENSÃO

Suplente que assumiu o mandato em definitivo em 2012 após a cassação do senador Demóstenes  Torres, Wilder Morais é um político em ascensão no cenário político de Goiás.

É engenheiro e empresário dono da empreiteira Orca Incorporadora, que atuou na construção de supermercados e residências do Minha Casa Minha Vida.

Foi eleito suplente nas eleições de 2010, quando foi o segundo maior doador da campanha de Demóstenes Torres, contribuindo com R$ 700 mil. Na época, declarou patrimônio de R$ 14,4 milhões.

Entre janeiro de 2011 e julho de 2012, foi secretário de Infraestrutura de Goiás no governo Marconi Perillo.

Wilder também ficou conhecido por ser ex-marido da atual mulher do empresário Carlinhos Cachoeira, que chegou a ser preso, em 2012, acusado de corrupção na operação Monte Carlo, a mesma que levou à cassação de Demóstenes.

Em áudios da operação, Cachoeira afirmava ter indicado Morais para os cargos de suplente de senador e secretário estadual

2 em 3 menores infratores não têm pai dentro de casa

O rapper MC Cafuzo, ex-interno da Fundação Casa, em SP

FABRÍCIO LOBEL
ROGÉRIO PAGNAN
FOLHA DE SÃO PAULO

Cansado de ver a mãe agredida pelo padrasto, o estudante Filiphe Gomes, aos 12 anos, decidiu enfrentar um adulto violento. Puxou uma faca e disse que não aceitaria mais aquilo.

A tragédia de Filiphe foi ver a mãe tomar o lado do marido. Foi o impulso que faltava para que fosse morar na rua, debaixo do viaduto do Chá, no centro da capital paulista. Não demorou para ganhar más companhias e, na sequência, um novo abrigo: a Fundação Casa, após um assalto à mão armada.

Filho de uma família desestruturada, de baixa renda e baixa escolaridade, Filiphe, hoje o MC Cafuzo, dá vida a números de um levantamento inédito feito pelo Estado de São Paulo. Segundo o relatório, dois em cada três jovens infratores vêm de famílias que não têm o pai dentro de casa.

O estudo leva em conta cerca de 1.500 jovens entre 12 e 18 anos que cometeram delitos na cidade de São Paulo entre 2014 e 2015. Desse universo, 42% dos jovens, além de não viver com o pai, não tinham nenhum contato com ele.

“Vi meu pai duas vezes na vida. E é nítido quanto peso a ausência dele teve psicologicamente”, diz MC Cafuzo, hoje com 24 anos e pai de uma menina de dois. Desde os seis anos de idade, ele e os dois irmãos mais velhos tomavam conta de casa, já que a mãe, auxiliar de enfermagem, fazia jornada dupla –além de trabalhar, estudava para ser enfermeira.

“Ela saía às 6h da manhã e voltava às 23h. Eu ia para a escola de manhã, voltava pra casa e tinha que cuidar das tarefas domésticas. No intervalo disso, a gente ia para a rua”, conta ele. Foi na rua onde teve o primeiro contato com o crime. Começou com furtos e logo estava no tráfico.

Segundo o estudo, além da família, outro sistema de freio à entrada de crianças na atividade criminosa é a escola, que sofre com a evasão de alunos e é pouco atrativa. De acordo com a pesquisa, apenas 57% dos adolescentes infratores estudam. “Mesmo que o jovem esteja na escola, é preciso entender também qual o grau de instrução que está tendo”, diz o promotor.

A falta de interesse foi citada por 38% dos jovens que abandonaram as aulas. Esse dado é confirmado pela experiência de Cafuzo. “Fiz até a 8ª série [atual 9º ano]. Mas eu ia só para merendar, jogar bola, namorar e conversar com os amigos. A aula sempre foi muito desinteressante para mim.

Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a derrocada da vida de um adolescente –a ponto de levá-lo para o crime– começa quando, ainda criança, ele perde os vínculos positivos e passa a sofrer privação emocional. Os vínculos positivos não precisam ser necessariamente com as figuras paterna e materna, mas eles são absolutamente necessários.

“Precisa haver esses vínculos. Seja com o pai, seja com a mãe, com o professor, amigo. Ou os vínculos serão feitos com indivíduos ligados à delinquência”, diz o professor Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP Ribeirão Preto.

Ele elogia os programas existentes nos EUA que colocam uma espécie de padrinho para acompanhar menores infratores. “É um cara que vai levá-lo para casa, vai estabelecer um vínculo. Vai arrumar uma atividade ou um emprego, acompanhá-lo na escola.”

O professor de criminologia clínica da Faculdade de Direito da USP, Alvino Augusto de Sá, também considera nociva a forma como a sociedade –incluindo a Justiça– trata os infratores. “Todo mundo só o enxerga como inimigo, como bandido, e ele acaba necessariamente se enxergando como inimigo.”

 

 

 

Ex-marqueteiro de Garibaldi Alves vai revelar que recebeu dinheiro de caixa dois da campanha de Dilma

Campanha de Garibaldi Alves feita por João Santana

O ex-marqueteiro do senador Garibaldi Alves, João Santana deve admitir que recebeu dinheiro para a campanha de Dilma Rousseff por meio de caixa dois, informa Mônica Bergamo, na sua coluna da Folha de S.Paulo desta segunda-feira.

Mais detalhes alinhados por Mônica:

Santana resiste a fazer delação premiada, mas precisa responder a questionamentos nos processos que correm contra ele por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. De acordo com amigos do publicitário, será difícil ele contestar os indícios colhidos pela Operação Lava Jato que mostram pagamentos feitos a ele para a campanha de 2014.

Mônica Moura, mulher de Santana e também presa na Operação Lava Jato, já disse a procuradores que empresas contribuíram para a campanha de Dilma no caixa dois. Ela está fazendo delação premiada.

Santana está trabalhando na faxina do complexo penal em que está detido. Ele tenta também dar aulas de inglês. Os dias trabalhados são descontados das penas que os presos têm que cumprir