Vera Rosa e Ricardo Galhardo, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste sábado, 3, o que chamou de “meninices” dos procuradores da Lava Jato e sugeriu que a “teoria do domínio do fato” deve valer também para o juiz Sérgio Moro e para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Réu em cinco ações penais, três das quais no âmbito da Lava Jato, Lula disse que já devassaram sua vida e, em mais de dois anos de investigações, nunca encontraram prova de que ele tenha se beneficiado com o esquema de corrupção na Petrobrás. Foi aí que o ex-presidente mencionou a teoria do domínio do fato, segundo a qual uma pessoa, mesmo não tendo praticado diretamente uma irregularidade, ordenou a ação.
“Eu não sei se o procurador geral da República (Rodrigo Janot) ou o Moro, eles têm um amigo que foi preso (…). Veio pedir desculpa na televisão, disse que ficou chateado, porque o procurador era amigo deles, queria fazer jantar com o procurador. Não sei se a teoria do domínio do fato cabe para eles ou se eles sabiam que o cara era ladrão”, provocou o ex-presidente.
Aplaudido pela plateia, que gritava “Brasil/urgente/Lula presidente”, o petista disse que o Ministério Público Federal está numa “enrascada” por não conseguir provar o que sustenta contra ele. “Só têm um jeito de saírem dessa enrascada: é pedindo desculpas. (…)”, afirmou Lula. “Eu não tenho desafiado a Justiça nem o Ministério Público porque é uma instituição que ajudei a fortalecer como deputado constituinte. O que tenho é contra as meninices dos procuradores da Lava Jato.”
O ex-presidente fez as declarações logo após a senadora Gleisi Hoffmann ser eleita para presidir o PT até 2019. Em seu discurso, Lula não poupou críticas à imprensa e, referindo-se a ele mesmo na terceira pessoa, partiu para o enfrentamento. “Se tudo isso é para evitar que Lula seja candidato, que tratem de anunciar quem é o candidato deles”, disse.
Na sua avaliação, os procuradores da Lava Jato estão agora “sem saída”. “Porque como é que faz depois de dois anos e meio dizendo que o Lula era culpado, prendiam não sei quem e diziam que o Lula seria delatado? Já prenderam uns 700 e o máximo que estão conseguindo com as delações é alguém dizer que ‘eu acho que ele sabia'”, insistiu o ex-presidente.