Arquivo diários:25/06/2017

Centrais sindicais divergem e desistem de greve geral no dia 30

FOLHAPRESS  –  Enfrentando divergências internas após intervenção do governo de Michel Temer (PMDB), as centrais sindicais desistiram, na sexta-feira (23), da convocar uma greve geral para o dia 30, como anteriormente anunciado.

Após três horas de reunião, dirigentes de nove centrais divulgaram nota em que apresentam um calendário de mobilizações, mas sem usar a expressão greve geral.

Dirigentes de Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB deverão se reunir na semana que vem com o presidente Michel Temer. CUT e CTB poderão ser convidadas. “Vamos parar o Brasil”, diz a nota.

Pesou para a decisão a constatação de que os trabalhadores da área de transportes, especialmente os de São Paulo, não parariam no dia 30. Os metroviários resistiram sob argumento de que foram punidos com perda de quatro dias de salário em decorrência da greve do dia 28 de abril.

Mas não foi só. A Força Sindical recuou após forte articulação do governo Temer. Nesta semana, dirigentes de Força, UGT, Nova Central e CSB foram convidados para uma reunião com o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Ficou acertada uma audiência com o presidente.

Segundo participantes, o ministro manifestou o temor de que o dia fosse marcado pelo “Fora Temer”e acenou com a possibilidade de manutenção da contribuição sindical e a extinção gradativa do imposto.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) admite a suspensão da contribuição. A Força Sindical reivindica sua permanência. Diante da possibilidade de negociação, a Força passou a defender que o dia 30 tivesse o caráter de dia nacional de mobilização e paralisação.

O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o “Juruna”, afirma que o “governo sinalizou com o diálogo” ao admitir a hipótese de veto ou edição de uma MP sobre o tema. E acrescenta: “Não é greve geral. É paralisação nacional, de acordo com a força de cada central”.

O recuo expõe rachas entre as diferentes centrais. Os bancários, filiados à CUT, defendiam adesão à greve. Metroviários, não.

As divergências foram expressas na quinta-feira (22), nas notas divulgadas pela Força Sindical e CUT. Pela manhã, a Força Sindical divulgou um comunicado orientando seus filiados a realizarem “atos, manifestações e paralisações em suas bases” na próxima sexta-feira (30).

À tarde, a CUT divulgou uma nota cujo título diz reforçar “greve do dia 30 contra as reformas de Temer”.

Moro vai condenar Lula a 22 anos de prisão, diz revista

Por Valor

SÃO PAULO  –  Reportagem de capa da revista IstoÉ desta semana afirma que o juiz Sergio Fernandes Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná, vai anunciar, nos próximos dias, a sentença que condenará Lula à prisão no caso do tríplex do Guarujá. Os crimes são por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente é acusado de ter recebido o imóvel da construtora OAS como contrapartida a benefícios que a empresa obteve do governo no período em que o petista esteve no poder. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente foi beneficiado com pelo menos R$ 87,6 milhões dados pela OAS, dos quais R$ 3,7 milhões foram usados por Lula no apartamento de três pavimentos.

A revista afirma ter apurado junto a integrantes da Operação Lava-Jato que o ex-presidente será condenado a até 22 anos de cadeia – 10 anos por lavagem de dinheiro e 12 por corrupção passiva.

De acordo com a publicação, no cronograma de Sérgio Moro só uma etapa o separa do anúncio da condenação de Lula: a definição da pena a ser aplicada ao ex-ministro Antonio Palocci, hoje preso.

Istambul proíbe Marcha do Orgulho Gay

As autoridades de Istambul, na Turquia, proibiram hoje (24) a Marcha do Orgulho, a favor dos direitos de gays e outras minorias sexuais, prevista para amanhã na cidade, alegando razões de segurança para os turistas.

“Como resultado da nossa avaliação e considerando a ordem pública e a segurança dos turistas que estão na região para passear, bem como dos nossos cidadãos, especialmente os participantes, não se autoriza a marcha nem reuniões no dia da comemoração, nem antes nem depois”, detalha um comunicado do escritório de governo de Istambul. As informações são da agência de notícias EFE.

“A praça de Taksim (de Istambul) e o seu entorno, onde se convocou a marcha, não fazem parte dos espaços para manifestações e reuniões”, acrescenta a nota.

Segundo o comunicado, as autoridades locais não receberam solicitação alguma dentro das normas legais para organizar esta marcha, que estava prevista para a tarde deste domingo. Vários grupos conversadores e islamitas turcos já tinham anunciado sua intenção de impedir a marcha.

Políticos admitem ‘caixa três’ da Odebrecht em campanhas eleitorais

O deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI) na CâmaraCAMILA MATTOSO
RANIER BRAGON
FOLHA DE SÃO PAULO

Apelidado pelos executivos da Odebrecht de “Boca Mole”, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) é um dos políticos que admitem ter recebido da empreiteira doação eleitoral por meio de empresas laranjas.

A prática, chamada de “caixa três”, consiste em uma triangulação do dinheiro de campanha com o objetivo de escamotear quem era o real financiador.

A fórmula é uma variação do legal “caixa um” –o valor doado sem intermediários e declarado à Justiça– e do ilegal “caixa dois”, que é a movimentação de recursos de campanha por fora.

“Eu declarei, foi tudo por dentro. Não sei por qual motivo a Odebrecht não quis dar o dinheiro e passou para outras duas empresas. Acho que havia muita pressão na época e ela não queria aparecer muito”, diz Heráclito.

Só nas eleições de 2010, a Odebrecht –a principal empreiteira investigada nos devios da Petrobras– usou o caixa três para direcionar R$ 5,5 milhões para 28 candidatos.

Na prestação de contas eleitorais desses políticos, a empreiteira não figurou como a real fonte dos recursos, e sim a Praiamar e a Leyroz. As investigações apontam que essas duas empresas eram distribuidoras do grupo Petrópolis, fabricante da cerveja Itaipava.

Em delação premiada, executivos da Odebrecht contaram ao Ministério Público que a cervejaria foi usada diretamente em 2014 para replicar o esquema. De acordo com explicações dadas aos procuradores, havia dois motivos para a utilização do modelo: não estourar o teto estabelecido por lei para doações e evitar cobranças de políticos preteridos.

“Na verdade a empresa [Odebrecht] me fez uma doação e apareceu por meio dessas duas empresas”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que nega conhecer a Praiamar e a Leyroz. “Não tenho a menor ideia [do porque da triangulação]. Como é a doação empresarial? Você vai na empresa e declina a sua conta. Aí aparece essas empresas [na prestação de contas].”

Já o líder da bancada do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), diz que recebeu das duas empresas, mas afirma não se lembrar das circunstâncias nem conhecer a relação delas com a Odebrecht.

Nas palavras do Ministério Público, trata-se de uma “inequívoca ilicitude”, um “engodo, uma artimanha para mascarar o verdadeiro autor da doação, que por vias indiretas injeta dinheiro em uma campanha sob o véu do anonimato”. “Está-se diante de uma nova modalidade de contabilidade espúria de campanha”, diz o MP.

“Só existe um modo de financiamento legal, que é o caixa 1 puro. O resto está no campo das ilegalidades”, diz o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral. Ele relatou o pedido de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.

Presidente do TSE, Gilmar Mendes diz que é preciso examinar caso a caso e que, a princípio, o problema maior é do doador. “Não precisa haver necessariamente crime. Herman e o Ministério Público veem crime em tudo. Se se trata de manipular limites de doação podemos ter um problema”, afirma, se referindo ao teto de doações de empresas, de 2% do faturamento bruto.

 

Para 64%, Procuradoria agiu mal ao fechar delação da JBS, diz Datafolha

THAIS BILENKY
FOLHA DE SÃO PAULO

O acordo de colaboração premiada que a Procuradoria-Geral da República fechou com os donos da JBS, ao prever multa, mas não a prisão dos delatores, foi mal recebido por 64% da população, mostra pesquisa Datafolha.

Outros 27% dos entrevistados afirmaram que o Ministério Público agiu bem ao firmar o acordo, por meio do qual os irmãos Joesley e Wesley Batista entregaram supostas provas e nomes sem serem denunciados criminalmente.

De acordo com o levantamento, 81% dos brasileiros disseram que os irmãos Batista deveriam ter sido presos pelos crimes que confessaram e 14% acham que não.

Em que pesem as críticas ao acordo em si, o envolvimento direto do presidente Michel Temer (PMDB) nos escândalos de corrupção revelados restou comprovado para 83% da população.

Para 6%, o peemedebista não teve participação direta e 11% não souberam dizer.

A pesquisa Datafolha foi realizada de 21 a 23 de junho com 2.771 entrevistados. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.