BRASÍLIA – Três dos sete deputados tucanos que integram o colegiado disseram à Folha que votarão a favor da admissibilidade da denúncia: Betinho Gomes (PE), Fábio Sousa e Wherles Rocha (AC).
“Muito ruim que o país esteja passando por isso de novo em um ano, mas, infelizmente, a denúncia está muito bem embasada. Na CCJ, não há nem o que se discutir, porque é uma comissão técnica e a denúncia atende os requisitos”, disse Sousa.
Apenas um tucano da CCJ, o deputado Paulo Abi-Ackel (MG), tende a votar pela salvação de Temer. “Quero ler a denúncia e fazer uma avaliação. Se for consistente, não tenho dificuldade de votar pela admissibilidade. Mas desconfio que ela não é. Se [a denúncia] for ilação, tô fora”, disse o deputado.
Na avaliação de uma liderança do partido, o voto de Abi-Ackel a favor de Temer é uma questão de “sobrevivência política”. O PSDB em Minas não comanda nem o governo do Estado nem a Prefeitura de Belo Horizonte, o que aumenta a dependência do governo federal para as eleições do ano que vem.
O deputado Elizeu Dionízio (MS) não foi localizado desde quarta-feira (28), mas seus colegas dizem que ele votará pela admissibilidade.
Dois deputados ouvidos pela Folha, Jutahy Júnior (BA) e Silvio Torres (SP), não quiseram revelar o voto.
“Vou avaliar a defesa e a acusação. Minha posição nada terá a ver por ser governo, oposição ou do PSDB, será um voto de consciência pessoal. A crise é de responsabilidade exclusiva do presidente Michel Temer. Por ter recebido o Joesley naquelas circunstâncias e pelo conteúdo da conversa”, disse Jutahy.
Aliados de Temer dão esses votos como perdidos e dizem que trabalharão pelo convencimento de deputados de outros partidos, em especial do “centrão”. O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), declarou que não fará mudanças nos membros da CCJ. O governo, que já fez trocas entre os membros do Solidariedade, não descarta promover novas alterações para garantir maioria a favor de Michel Temer.