Amigo Primo,
Como vc e outras tantas pessoas bem sabem, trabalhei por décadas na Assembléia Legislativa, em quase todos os setores, desde Gabinetes, Presidência, Diretoria e assessorias interna e externa. Conheço bem todos os andares daquele Poder poderoso. Cada recanto e esquina, reeentrância e fojos. Lá estive trocando lero com muitos amigos que ainda transitam nos estreitos corredores cheios de lideranças e funcionários-lideranças, e até com uns poucos Deputados.
Demorei mais no subsolo, onde a rádio-peão funciona diuturnamente, com locutores e ouvintes os mais variados, desde os inúmeros bajuladores aos policiais mais antigos, garçons e jovens elegantes que desfilam em sapato salto 15.
E a conversa que ainda trepida sorrateira é a da lista da mulher poderosa, que reforçou a sua imagem de inteligente, competente e diligente ao fazer a delação premiadíssima, recebendo antecipadas ofertas significativas de vários perdões antes de qualquer e mínima comprovação da veracidade das denúncias.
Mas a conversa com um terceirizado antigo lá que mais me chamou a atenção foi a da existência de várias listas de funcionários que trabalhavam, outros que não trabalhavam ou o faziam externamente nas assessorias político-eleitoreiras, e os que foram incorporados ao quadro efetivo a partir de cargos comisssionados, e a lista para eventuais operações policiais.
E eu perguntei afirmando: as listas estavam com a diretoria?. Agora, quem mandava fazer tais listas, onde eram guardadas, como se sabia quem trabalhava ou não etc, pois são cerca de dois mil funcionários! Quem indicava etc, até porque em todos os órgãos e poderes do Estado existem listas das pessoas que ocupam os cargos comissionados e de gratificações apontando quem é o padrasto, o padrinho, o responsável pela nomeação, desde o tempo de Pedro Velho de Albuquerque Maranhão. Ainda hoje.
Nessa sequência de conversas à base de café cozinhado e bolacha de jucurutú, soube até que havia indicadores de funcionários que foram colocados na lista apreendida para responsabilizar determinadas autoridades, até e principalmente do Judiciário, porque o magistrado não atendia os pedidos de alguns deputados. Inclusive quanto às ações judiciais do MP, que tramitam na Justiça Estadual, que pretendem exonerar aqueles importantes parentes que foram efetivados no quadro. Ou se alegaram suspeitos ou julgaram pela exoneração. Daí, entraram na lista como castigo de responsabilização.
Contaram até casos de pessoas que trabalharam há cerca de 10 anos por apenas seis meses e, como eram amigas de Magistrados ou Conselheiros ou Promotores de Justiça, ficaram na tal lista emergida, e fizeram os anotados saberem que aquela indicação teria sido sua, até para criar constrangimento familiar, em determinados casos!
Mas o assessor jurídico que goza de minha antiga amizade foi mais além. Disse que os perguntadores da Sra. Delatora não estavam tão somente atrás de respostas, mas também de deixar dúvidas para possibilitar novas e diversas apurações, como parte de uma estratégia de subjugar outras autoridades públicas, não sem antes denegrir a imagem de todos.
Quando a entrevistada respondia levantando uma dúvida, aquele ponto não era aprofundado de propósito, exatamente para possibilitar novas investigações dentro da ânsia insana de revolver a vida de todos que deveriam servir cegamente à causa político-ideológica a que divinamente acreditam gerenciar aqui na terra.
Por exemplo: fulano não trabalhava, era fantasma. Como a Sra. sabe disso? acompanhava um por um?, deveria ter perguntado. Há algum documento comprovando, de quem foi a ordem, quem mandou etc. E a diretora não cobrava a presença diária desses funcionários por que? Mas essa omissão é improbidade, é ato de ofício! Essas pessoas que “indicaram” funcionários teriam prestado algum serviço a deputados? Enfim, por que não exauriam as denúncias?? Os perguntadores tem 5 anos para processar a Delatora por improbidade ou anular mais na frente a delação. Há estratégia…
As conversas também giraram em torno das eleições deste ano e das assessorias dos deputados. Parece que seis vão deixar a AL, pelos cálculos locais. Mas todos partem com mais de 15 mil votos desde os empregos das lideranças nos gabinetes e presidência. Até Padre tem lá!! Pastor? nem se fala… parece que 17 pastores e mais de 100 ovelhas próprias, que são chamadas de obreiras. rsrs
E a premiadíssima Delatora tem muita carta da manga ainda pra soltar, caso o Judiciário resolva anular a denúncia, até porque envolve autoridades com foro privilegiado, e foi autorizada por Juiz de piso. Nem sabia o que significava Juiz de Piso, mas é de entrância primeira, como me disse gargalhando esse jurisconsulto de alto coturno. rsrs
O fato é que a rádio peão anda com a corda toda. Disseram tantos casos de manipulação dessa tal lista – e outras duas ainda estão entocadas, inclusive com nomes de parentes de pessoas das instituições mais vestais – que não me lembro mais, a não ser que os responsáveis pelas listas queriam e trabalhavam para ter uma espécie de seguro, principalmente na Justiça Estadual e no TCE.
E de quem era a empresa que prestava serviço empregando os funcionários terceirizados? me disse perguntando a copeira antiga, ainda do tempo em que a AL era nos fundos do IPE, alí na Jundiaí.
Saí da AL com a sensação de que a situação mudou muito para ficar com sempre esteve. Uma estrutura voltada para proporcionar reeleição permanente, pois parece que favores em troca de cargos não foram bem realizados, a não ser os eleitoreiros, pois desde o meu tempo na ativa existiam lideranças de todos – sem exceção – os municípios do Estado, cada qual com seu cada qual deputado.
Sim, já quase quando ia saindo, me encontrei com a chefe-mor da fofoca, uma baixinha inteligente e de olhos pequenos e apertados, sabida que só matuto de Olho d’Agua do Borges, que me disse baixinho no pé da orelha ” aqui o povo é mais corajoso do que os mulçumanos”, e eu caí na risada!!!
Quando a minha falha memória me ajudar, relato os outros detalhes das minhas abundantes conversas, embora pareçam frioleiras, pois tudo continua mudando para ficar como antigamente.
(Francisco Beltrão, da beira do Riacho do Maxixe).