BRASÍLIA – O Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) condenou a jornalista Cláudia Cruz, mulher do deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ), a dois anos e seis meses de prisão. Ela é acusada de manter depósitos não declarados no exterior.
A decisão, unânime, contraria o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que tinha absolvido a ré.
O julgamento no TRF-4 havia começado em 9 de maio com dois votos contra Cláudia: os dos desembargadores João Pedro Gebran Neto e Leandro Paulsen.
Na ocasião, o terceiro magistrado da Oitava Turma, desembargador Victor dos Santos Laus, pediu vista (mais tempo para analisar os autos). Ele devolveu seu voto nesta quarta-feira (18), também pela condenação.
Moro havia feito apenas uma advertência à mulher de Cunha e determinado bloqueio em sua conta bancária, por entender que não havia provas suficientes do crime.
O Ministério Público Federal (MPF) recorreu ao tribunal de segunda instância, que reverteu a decisão e determinou o cumprimento da pena.
Para os desembargadores, Cláudia Cruz fez movimentações financeiras no exterior sem declará-las à Receita Federal – os recursos, em valor estimado de R$ 600 mil, eram desviados por Cunha em esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato.
O MPF acusa o ex-presidente da Câmara de receber propina para beneficiar empresários em contratos de exploração de petróleo em Benin, na África.
O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada, já havia sido condenado no esquema. Sua pena ficou definida em oito anos, dez meses e 20 dias de prisão.