Antônio Jácome e manipulação da informação

Em outubro serão realizadas eleições no Brasil para diversos cargos eletivos, dentre eles, estarão em disputa duas vagas para o Senado Federal em cada estado e no Distrito Federal. No Rio Grande do Norte, estas vagas são ocupadas atualmente pelos ex-governadores Garibaldi Alves Filho e José Agripino Maia. O primeiro será candidato a reeleição, já o segundo abriu mão do direito de renovar o mandato.

Para o lugar de José Agripino no pleito, o seu grupo político indicou o deputado federal Antônio Jácome, que já teve o nome colocado, até então, em duas pesquisas eleitorais.

Em levantamento publicado no dia 01/07/2018 do Instituto Consult, Jácome obteve 1,59% das intenções de voto para o senado. Semanas depois, no dia 21/07/2018, foi divulgado uma pesquisa do IBOPE no qual o deputado atingiu a marca de 12% da preferência dos eleitores.

Analisando os dados, é necessário observar alguns dados relevantes. Por se tratar de um voto duplo, cada instituto optou por uma forma de divulgação dos números. O instituto Consult divulgou o resultado com um universo de 100%. Por outro lado, o IBOPE considera que, por se tratar de duas escolhas, os dados são publicados em uma escala de 200%.
Em uma leitura isolada dos números, percebe-se um crescimento considerável do candidato. Para ilustrar a ascensão, Jácome postou em suas redes sociais uma imagem com a frase “saiu pesquisa e a gente tá crescendo” contendo um gráfico comparando os resultados.

Diante da diferença de métodos praticados e observando a imagem publicada na rede social, é possível identificar uma nítida manipulação da informação, já que, não é possível se estabelecer um comparativo justo de números com universos divergentes. Para corroborar, especialistas em pesquisas afirmam que, apesar de ter o mesmo objetivo, levantamentos de empresas diferentes não podem ser objeto de comparação porque utilizam metodologias, amostras e questionários diferentes.

É legítimo o deputado Antônio Jácome utilizar o resultado de pesquisas eleitorais na sua publicidade pessoal, entretanto, o uso proposital de informações equivocadas são truques para confundir o leitor desatento, além de se configurar como fake news.

*Bacharel em Ciências Contábeis pela UFRN, bancário.

Deixe um comentário