Arquivo diários:30/07/2018

Páginas pedem voto e analistas veem irregularidades

Apoiadores anônimos de presidenciáveis obtêm alcance maior que perfis oficiais; professores dizem que conteúdo pode ser tirado do ar se for comprovada campanha antecipada

Imagem relacionadaLuiz Fernando Toledo e Cecília do Lago

Páginas anônimas no Facebook em nome de candidatos à Presidência alcançam engajamento maior dos eleitores do que as páginas oficiais dos postulantes ao Palácio do Planalto nas eleições 2018. Essas páginas não identificadas funcionam como “satélites” dos perfis oficiais e fazem campanha para os candidatos, o que, para analistas, pode configurar irregularidade pela legislação eleitoral por propaganda antecipada, com multa prevista de R$ 5 mil a R$ 30 mil.

Somadas, as páginas apoiadoras são mais relevantes do que as dos candidatos. Nos últimos três meses, elas atingiram 77,8 milhões de interações na rede social, mais que as 53,2 milhões de interações dos perfis oficiais juntos. Além de informações, há venda de produtos relacionados aos políticos e até vaquinha – supostamente em benefício dos candidatos.

O engajamento se refere ao envolvimento de uma pessoa com uma postagem. Quanto maior ele é, maior a relevância. Quem mais se aproveita dessa “massa” anônima é o candidato Jair Bolsonaro (PSL), que tem o maior número de páginas satélite orbitando ao seu redor e, com isso, o maior volume de engajamento no período. Sua “bolha” de apoiadores é a maior de todos os concorrentes.

Esse levantamento, inédito, foi realizado pelo Estadão Dados com a ferramenta CrowdTangle. Foram consideradas somente páginas que têm mais de 10 mil curtidas e que usam o nome do candidato no título. Não foram incluídas as que tratam de outros temas que não seja apenas o candidato – o que ampliaria ainda mais este universo.

Procurado, o Facebook não se manifestou. Na semana passada, a rede social derrubou 196 páginas ligadas a um grupo de perfis falsos que fazia ações coordenadas, mas a metodologia aplicada pelo Estado não detectou influência da medida nas redes de apoiadores dos candidatos.

Das 145 páginas identificadas e procuradas pela reportagem, só oito administradores responderam e apenas três aceitaram se identificar. Todos negaram ligação com os políticos e disseram nunca ter recebido dinheiro deles ou das campanhas.

Em caso de campanha antecipada, página pode ser excluída

Pedidos de voto ou apologia aos candidatos aparecem de formas diferentes. “Quem aí vai votar 18 em outubro?”, diz uma postagem sobre Marina Silva, presidenciável da Rede. “Quem ainda não abriu o voto e vai votar em Bolsonaro está na hora de fazê-lo”, diz outra. “Veja e compartilhe quem votar no Lula”, aponta outra postagem, ou ainda “40 motivos para votar em Ciro Gomes”.

Para o especialista em direito eleitoral e professor do Mackenzie Alberto Rollo, as páginas devem ser excluídas caso façam qualquer tipo de campanha que demonstre intenção de pedir votos. “Estamos em um período pré-campanha, em que não se pode pedir voto. Qualquer página anônima que pedir voto é ilegal e deve ser tirada do ar.”

A punição, nesses casos, lembra o professor, é para o dono da página, e não para o candidato, a não ser que seja comprovado algum tipo de vínculo.

O professor de direito da FGV São Paulo Diogo Rais disse que, embora a interpretação sobre a existência de irregularidades possa variar de acordo com o juiz, uma página anônima em uma rede social deve ser tratada de forma diferente da de um cidadão, que tem direito a liberdade de expressão. “Quando uma página se manifesta, ela se refere a um ideal, um grupo. Sai dessa esfera de unidade do cidadão com direito à manifestação. E quando você despersonaliza, pode haver a irregularidade.”

Políticos negam relação com autores de páginas

Em nota, a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou que administra apenas a página oficial do petista, e que uma das páginas citadas, “A verdade de Lula”, é de sua defesa jurídica. “Não existe apoio ou relação com as outras citadas. Há páginas e pessoas que vendem produtos com a imagem do ex-presidente tanto contra quanto a favor e não temos relação. Nem o ex-presidente recebe nada por isso”, diz o comunicado, que também negou relação com vaquinhas criadas em nome do ex-presidente.

A assessoria de Marina afirmou que ela não tem ligação com as páginas nem recebe apoio financeiro. “É importante que a militância atue de forma transparente, respeitando as políticas de uso da plataforma e as regras eleitorais.” Procurados, Ciro e Bolsonaro não se manifestaram. /COLABORARAM KAYPE ABREU e GUILHERME SETTE, ESPECIAIS PARA O ESTADO

Eleição expõe briga entre autores do impeachment

Imagem relacionadaESTADÃO

SÃO PAULO – A aproximação da advogada Janaina Paschoal com o deputado Jair Bolsonaro (PSL), que a convidou para ser vice em sua chapa nas eleições 2018, provocou um racha entre os principais personagens do movimento que levou ao impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT).

“Recebi com muita tristeza a aproximação de Janaina com Bolsonaro. Há uma contradição dele com a democracia. É impossível que qualquer democrata vote no Bolsonaro”, disse o jurista Miguel Reale Junior ao Estado.

Orientador de Janaina no mestrado e doutorado de direito da USP, Reale convidou a advogada em 2015 para ajudá-lo a elaborar o documento que seria a base do pedido do impeachment da petista.

Filiado ao Podemos, o jurista é cotado para ser vice na chapa de Alvaro Dias na disputa presidencial. Mais tarde, o advogado e ex-petista Hélio Bicudo se juntou ao grupo na elaboração do pedido de impedimento de Dilma que foi protocolado na Câmara dos Deputados.

Reale lembrou que seu primeiro discurso após o pedido de impeachment chegar ao Senado foi uma crítica ao deputado do PSL por ele ter elogiado no plenário o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI do 2.º Exército, um dos órgãos da repressão política durante a ditadura militar.

“Eu disse em nome dos três (que assinaram o pedido) que era lamentável que o impeachment tenha servido para que ele (Ustra) fosse homenageado.”

Reale e Janaina não se falam há cerca de um ano. Nota divulgada terça-feira na Coluna do Estadão mostrou que Janaina tem dito aos aliados do PSL que foi pressionada a desistir do pedido de impeachment por Reale.

Líder do Nas Ruas, um dos grupos que lideraram o movimento pelo impeachment de Dilma, a ativista Carla Zambelli, que se filiou ao PSL e vai disputar uma vaga de deputado federal, escreveu um livro sobre esse episódio, o Não foi golpe. “Eu conto a saga da Janaina tentando manter o pedido, enquanto Reale queria retirar para dar o pedido da OAB”, disse Carla.

“Eu não fazia questão de ser o proponente (do impeachment). Teria muito mais força um pedido da OAB do que de três pessoas físicas. Isso faria desaparecer o discurso do golpe. Mas ela bateu o pé”, relatou Reale. Ele lembrou que também foi o autor do pedido do impeachment de Fernando Collor de Mello, mas, naquele caso, a OAB foi a proponente.

Pelo Twitter, a ativista do Vem Pra Rua Luciana Reale, filha do ex-ministro, subiu o tom. “Sua peça, Janaina, era inepta. Se não fosse o aditamento do meu pai não teria passado. Você e o Bolsonaro se merecem.”

Ex-líder do Vem Pra Rua e pré-candidato a governador de São Paulo pelo Novo, Rogério Chequer também criticou a aproximação de Janaina com Bolsonaro. “É difícil de entender como uma pessoa que se posicionou tão fortemente contra práticas que não estavam ajudando a população no governo petista cogitar entrar num projeto que traz políticos da velha política”, disse Chequer.

Janaina não respondeu aos contatos da reportagem.

Desta vez foi a Polícia Militar que fez o arrastão prendendo 75 pessoas em Assú

A Policia Civil  e Policia Militar do Vale do Açu prendera integrantes de uma facção criminosa que realizavam uma festa, na tarde deste domingo, 29, regada de drogas, bebidas e armas na localidade de Pinheiro, em Assú.

Ao todo, o delegado Cidogeton Pinheiro informou que foram conduzidas para a Delegacia de Policia local 75 adultos e dezenas de menores. Havia um foragido de justiça na festa, que já foi encaminhado ao Sistema Prisional.

Foram apreendidas drogas, armas, carros e motos.

Ainda conforme o delegado Cidorgeton Pinheiro, no momento que os policiais se aproximavam, suspeitos conseguiram sair da casa e entrar no mato atirando na direção da policia. Dois foram baleados sem risco de morte e conduzidos presos.

Houve muita correria e algumas pessoas passaram mal e foram levadas para o hospital local.
A condução de tanta gente ao mesmo tempo a Delegacia, mobilizou dezenas de policiais, não só de Assu, mas também de cidades próximas, que se uniram aos colegas da cidade para combater a ação criminosa, na operação que recebeu o nome de “A Horda”.

Depois que os policiais começaram a conduzir os suspeitos para a delegacia e alguns passando pelo Hospital Regional Nelson Inácio dos Santos, um número enorme de pessoas se aglomerou em frente a estes órgãos públicos buscando informações dos detidos e presos.

O delegado Cidorgeton Pinheiro disse que os menores serão ouvidos e entregues, mediante assinatura de termo de responsabilidade, aos pais. Com relação aos adultos, o delegado disse que cada caso será investigado e as medidas cabíveis adotadas.

O trabalho dos policiais continua.

“A HORDA” – Significado: Bando indisciplinado, caterva, tribo errante.

Fonte: mossorohoje.com.br