Alfredo Olmedo apoia Trump e promete aprovar pena capital para casos de abuso sexual seguido de morte
Alfredo Olmedo é um dos mais controvertidos deputados federais da Argentina. Ele conta com orgulho que já se encontrou com Jair Bolsonaro e diz que, na primeira manifestação de apoio ao brasileiro neste ano, no Rio de Janeiro, havia gente usando um boné que levava “Olmedo” escrito na frente. “Com Bolsonaro, conversei sobre ideologia de gênero e sobre a direita. Porque o presidente argentino, Mauricio Macri, não é de direita. Ele impulsionou o debate sobre legalização do aborto no Congresso”, afirma o deputado.
Olmedo pensava em concorrer à presidência, mas acabou desistindo. Diz que não confiaria no resultado por não haver estrutura no país todo para se combater fraudes nas urnas. Agora, é pré-candidato ao governo da Província de Salta pelo partido Ahora Patria e disputará as primárias com o prefeito de Salta, Gustavo Sáenz.
Evangélico há dois anos, ele se orgulha de dizer que foi o primeiro político na Argentina a apoiar Donald Trump, quando o americano não havia sido eleito, e acrescenta, brincando, que na verdade foi Bolsonaro quem copiou seu perfil conservador.
Entre as propostas de Olmedo destacam-se o serviço militar obrigatório para quem não trabalha nem estuda, controle de uso de drogas para políticos, castração química para estupradores e a pena de morte para casos de abuso sexual seguido de morte.
Sobre o tema mais delicado do país – a ditadura -, fala que foi uma guerra, apesar de usar com frequência a palavra “ditadura” para se referir ao período. “Sou o único que diz a verdade. Falam que houve 30 mil desaparecidos aqui, mas os dados oficiais contabilizam 6.876. Os direitos humanos na Argentina se transformaram em um negócio”, afirma, em referência às entidades de parentes de desaparecidos, como Mães da Praça de Maio e as Avós da Praça de Maio.
Até hoje, 35 anos após o fim da ditadura, o país lembra seus desaparecidos todas as quintas-feiras, quando as Mães voltam a seu ponto de encontro e leem o nome de seus parentes. Questionado sobre a receptividade na Argentina de um discurso que defende a ditadura, Olmedo afirma que há dois mundos distintos no país: “Um que dá a volta na Praça de Maio e outro que é todo o restante da Argentina”.
O deputado garante ter apoio da população e afirma que outros políticos não têm um discurso semelhante ao seu por “medo da pressão midiática”. Olmedo conta ainda que a imprensa argentina “fala mal de Bolsonaro o tempo todo”, mas que, para seu público, ter uma foto ao lado do brasileiro ajuda.
Filho de um dos maiores produtores de soja do país – seu pai tem cerca de 100 mil hectares de plantação – e sendo o maior produtor de azeitonas da Argentina, com 2.200 hectares, Olmedo já foi criticado por exploração de trabalhadores. Para a mídia argentina, seus funcionários afirmaram não ter recebido salários e serem obrigados a trabalhar sob chuva. Ao Estado, porém, o deputado afirmou oferecer instalações em suas fazendas “iguais às de um hotel”.