Arquivo diários:20/07/2019

Por que brasileiros estão tentando comprovar vínculo com judeus sefarditas

Leis na Espanha e em Portugal concedem cidadania a descendentes da comunidade

Por Marília Marcioto

Durante um período que provavelmente começou com as navegações fenícias, entre 1200 a.C. e 539 a.C., até a Reconquista, que ocorreu entre 722 e 1492, uma comunidade judaica ocupava a região de Sefarad, na Península Ibérica.

Perseguidos pelos Estados de Portugal e Espanha e pela Inquisição, os sefarditas foram forçados a se converterem ao catolicismo. Os que se recusaram, foram expulsos ou fugiram do território para outros países, entre eles o Brasil. A estimativa é de que existam cerca de 20 milhões de judeus desta linhagem provenientes da Península Ibérica, segundo a Federação Sefarditas de Israel.

Para reparar os danos causados à comunidade, desde 2015 tanto Portugal quanto Espanha passaram a conceder cidadania àqueles que comprovarem que descendem de sefarditas. Desde então, Portugal já registrou ao menos 33 mil pedidos. Destes, cerca de sete mil tiveram o pedido aprovado. Na Espanha, os números são ainda menores.

É que o processo para conseguir a cidadania não é simples. É necessário, entre outras exigências, comprovar a condição de judeu sefardita com certificados de associações judaicas e rabinos, além de mostrar vínculo com a comunidade, com o uso do idioma ladino ou haketia, por exemplo. Os custos também são altos, podendo chegar a 5 mil euros, e o trâmite pode levar mais de um ano.

Isso não impede, no entanto, que centenas de brasileiros tenham passado a buscar serviços especializados de genealogia e, recentemente, testes genéticos de DNA, para tentar encontrar a ascendência sefardita. Houve alguns casos de sucesso, como o do cearense Nertan Ribeiro, primeiro brasileiro a conseguir a nacionalidade portuguesa graças à lei.

Essa, porém, não parece ser a regra. Volta e meia, inclusive, circulam na internet listas falsas com sobrenomes supostamente de origem sefardita que dariam direito ao requerimento de cidadania. Outro boato bastante comum é o de que as leis serão revogadas. No caso da Espanha é parcialmente verdade: a lei fica em vigor somente até o dia 1º de outubro de 2019. No caso de Portugal, porém, não há prazo pré-estabelecido.

Fonte: Revista Galileu