A oposição quer convocar na CPI que investiga o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o ex-presidente Lula e um ex-diretor da Odebrecht preso na Operação Lava Jato. Um dos sub-relatores da CPI, o deputado Alexandre Baldy (PSDB-GO) anunciou que vai apresentar, nesta segunda-feira (31), requerimento para que o ex-presidente e o ex-executivo da empreiteira Alexandrino Alencar esclareçam a suspeita de tráfico de influência na concessão de empréstimos do BNDES ao governo cubano, apontada pela revista Época deste fim de semana.
Segundo a publicação, Lula atuava como “lobista” da empreiteira em Cuba, onde a construtora faturou US$ 898 milhões, o equivalente a 98% dos financiamentos concedidos pelo BNDES ao país caribenho. A reportagem diz que correspondências diplomáticas às quais a revista teve acesso indicam que o ex-presidente discutia detalhes de negócios da Odebrecht em Cuba com autoridades brasileiras e cubanas. Ainda de acordo com Época, Lula usou o nome da presidente Dilma em suas conversas sobre o assunto. O ex-presidente sempre negou ter atuado como lobista e diz que recebeu pagamentos da empresa por palestras que proferiu para o grupo.
“O BNDES usou centenas de milhões de dólares nas obras do Porto de Mariel (em Cuba), tocadas pela Odebrecht. Esse investimento foi feito com dinheiro público e se há indícios de irregularidades, a CPI deve averiguar”, afirmou o deputado, em nota à imprensa.
Alexandre Baldy ressalta que as informações veiculadas pela revista põem em dúvida as declarações do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Em depoimento à CPI, na última quinta-feira, Coutinho disse que o ex-presidente Lula nunca interferiu em qualquer projeto de financiamento do banco. “Por isso, precisamos ouvir o ex-presidente para falar das viagens e reuniões citadas e o Alexandrino, então representante da Odebrecht, maior beneficiária dos financiamentos do BNDES”, afirma.
Outro representante do PSDB na comissão, o deputado Betinho Gomes (PE) informou que vai pedir a quebra do sigilo telefônico de Lula e Alexadrino para apurar o grau de proximidade entre os dois.