Nivaldo Souza
Colaboração para o UOL, em São Paulo
Artistas de diversas áreas se reuniram neste domingo (4) no Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, em ato que pede a saída do presidente Michel Temer (PMDB) e a convocação de eleições diretas para substituí-lo. O ato pelas Diretas Já em São Paulo foi convocado por ativistas e cerca de 30 blocos de Carnaval, entre ele o Acadêmicos do Baixo Augusta e o Tarado Ni Você, que interpreta canções de Caetano Veloso.
Já passaram pelo palco os cantores Criolo, Rael, Chico César, Edgar Scandurra, Emicida, Otto, Paulo Miclos, Péricles, Pitty, Simoninha e Tulipa Ruiz. Além do blocos de carnaval Tarado Ni Você e Acadêmicos do Baixo Augusta. Até às 18h, devem se apresentar Mano Brown e Maria Gadú.
Primeiro a cantar neste domingo, o cantor Chico César defendeu eleições diretas para evitar o que chama de “ataque a direitos conquistados pelo povo”, sob ameaça das reformas implementadas pelo governo Temer, como a trabalhista e a previdenciária. “A bandeira da democracia é nossa, é dos trabalhadores, é do povo”, diz. “O Brasil quer escolher seu presidente e, se possível, já”, afirmou.O cantor também comentou a situação do secretário de Cultura da Prefeitura de São Paulo, André Sturm, que foi gravado ameaçando “quebrar a cara” um líder de movimento cultural da cidade. “Isso é inaceitável. O movimento pede a saída desse secretário já”, disse.
O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, criticou articulações do Congresso para eleger indiretamente o ocupante do Palácio do Planalto em caso de queda de Temer. “Esse Congresso Nacional não tem autoridade moral para eleger o presidente. O que a gente defende é que o povo escolha quem será o presidente”, disse. Ele cobrou a aprovação pelo Congresso da PEC (proposta de emenda constitucional) convocando eleições diretas em caso de afastamento de Temer.
Boulos avalia que o presidente Temer “não tem condições de estar lá (no Planalto), após a delação da JBS implicá-lo diretamente na Lava Jato.
A atriz Mônica Iozzi discurso alertando para o fato de o presidente Michel Temer poder escolher em agosto o novo procurador-geral da República, após a saída de Rodrigo Janot. “Ou seja, o criminoso vai escolher o próprio delegado”, disse. “Tão importante quanto o ‘Fora, Temer’ são as Diretas Já”, afirmou. Apesar do discurso de Mônica, a maioria dos artistas optou por não fazer longos discursos. No geral, eles gritam “Fora, Temer ” e “Diretas Já”.
Embora os movimentos sociais sejam coadjuvantes do evento, algumas centrais sindicais e partidos como PSOL e PCO participam do ato. Os deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Paulo Teixeira (PT-SP) também compareceram.
A atriz e poetisa Elisa Lucinda fez um discurso calcado na questão do racismo, pedindo Diretas Já é uma “vassourinha” nos preconceitos de parte da esquerda brasileira. “A esquerda também é machista, homofóbica e racista. Precisamos passar uma vassourinha na esquerda também”, disse.
A autônoma Pamela Catarine, 22, veio de Embu das Artes para “ver o show e protestar”. Ela diz que quer votar para presidente. O candidato preferido dela é o ex-presidente Lula. “Se ele puder participar, eu voto no Lula”, diz.