Antonio Temóteo e Carla Araújo
Do UOL, em Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira (2) que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, é um “despreparado, desleal e fura teto”, caso tenha sido criticado por Marinho. Guedes, porém, disse não acreditar que o colega de governo tenha dito isso.
“Não acredito que ele [Marinho] tenha falado isso. Mas se falou ele é despreparado, desleal e fura teto”, disse Guedes, em referência ao teto de gastos, mecanismo do governo para controlar as contas públicas.
Marinho participou de uma reunião com pequeno grupo de economistas em São Paulo e, segundo informações do Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado, o ministro do Desenvolvimento Regional teria dito que o relator do Orçamento, senador Márcio Bittar, perdeu a confiança em Guedes após o recuo do ministro da economia na proposta de usar precatórios para o Renda Cidadã.
Além disso, Marinho teria feito reclamações de que a equipe econômica estaria “desgovernada”.
Marinho diz que falas foram distorcidas
Após o episódio da reunião ser noticiado, a assessoria de Marinho divulgou nota afirmando que as falas do ministro teriam chegado a imprensa “de maneira distorcida”.
“Não foram feitas desqualificações ou adjetivações de qualquer natureza contra agentes públicos, nem tampouco às propostas já apresentadas. Quem dissemina informações falsas como essas tem claro interesse em especular no mercado, gerando instabilidade e apostando contra o Brasil”, escreveu a pasta.
Depois da fala de Paulo Guedes, o UOLentrou em contato com a assessoria do Ministério do Desenvolvimento Regional para pedir um novo posicionamento de Marinho, mas o ministro não quis se manifestar.
Governo dividido sobre gastos
Segundo a colunista do UOL, Carla Araújo, aliados de Guedes dizem que o ministro de Desenvolvimento tem defendido o fim do teto de gastos e outras medidas que o ministro da Economia discorda. Guedes é a favor da diminuição dos gastos públicos como forma de acelerar o crescimento da economia.
No centro debate está a forma de financiamento do novo programa social pretendido pelo governo, o Renda Cidadã, para substituir e ampliar o Bolsa Família.
No início da semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou a intenção de financiar o programausando recursos da educação, por meio do novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), e de precatórios, que são dívidas da União reconhecidas após decisão definitiva na Justiça.
A intenção, porém, gerou muitas críticas e repercutiu mal no mercado, que encarou a ideia como um calote ou uma pedalada fiscal, e evidenciaria a despreocupação do governo com o controle de gastos públicos.
Diante da oposição, o governo recuou e disse que o programa não seria financiado dessa maneira.