Collor e Lindbergh vão responder a inquérito por corrupção e lavagem de dinheiro quase 23 anos após terem protagonizado, em lados opostos, o primeiro impeachment de um presidente brasileiro.
POR EDSON SARDINHA
Entre os 12 senadores que serão investigados pela Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), dois protagonizaram, em lados opostos, um dos momentos mais marcantes da história recente do país: o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), o primeiro a ser afastado do cargo em processo de impeachment no Brasil, e um de seus principais algozes à época, o ex-líder dos caras-pintadas Lindbergh Farias (PT-RJ). Hoje aliados políticos, os dois serão investigados no Supremo pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Eles são apontados como beneficiários do esquema de corrupção e desvio de recursos da Petrobras.
Em 1992, quando tinha 22 anos de idade, o então presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) pintou o rosto de verde e amarelo, liderou o movimento que tomou conta das ruas e pressionou o Congresso a cassar o mandato do mais jovem presidente eleito do país. Collor elegeu-se em 1989, aos 40 anos, derrotando Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem também é aliado hoje. Com denúncias de corrupção e sem apoio político, teve seu governo abreviado pelo Parlamento.
Com trajetórias distintas, os dois foram envolvidos na Operação Lava Jato após depoimentos de delatores do esquema. No caso de Collor, as complicações começaram antes, ainda em julho do ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito contra ele por causa de depósitos de dinheiro em sua conta feitos pelo doleiro Alberto Youssef, considerado o principal operador do esquema.