"Governo não pode deixar país parar", afirma Levy à Folha de São Paulo

Governador Robinson com o ministro Levy

O ministro Joaquim Levy (Fazenda) defendeu a decisão do governo Dilma de voltar a usar os bancos públicos para estimular a atividade, política que já foi criticada pelo próprio chefe da equipe econômica, salientando que o país “não pode parar”.

Em entrevista à Folha por email, Levy também sinalizou que o governo começa a destravar as operações de crédito para os Estados e confirmou que a primeira parcela do adiantamento do 13º salário dos aposentados será paga no mês que vem.

Essas duas medidas haviam sido recusadas, inicialmente, pela Fazenda.

“Se todo mundo ficar apenas assistindo, é óbvio que o PIB [Produto Interno Bruto] vai cair, porque PIB é fluxo. Ele é a soma do que você faz todo dia”, afirmou o ministro, ao comentar as operações dos bancos públicos. “Se você começa a postergar decisões, o PIB cai.E aí o custo do ajuste vai além do planejado”, completou Levy.

Nesta semana a Caixa Econômica Federal lançou linhas de crédito com taxas de juros menores para determinados setores, incluindo o automotivo, sob a condição de que as empresas se comprometam a não demitir funcionários.

Parte dos empréstimos será feita com recursos públicos e dos trabalhadores (FGTS e FAT). O Banco do Brasil também anunciou linhas para o setor automotivo, com recursos próprios. Levy afirmou, no caso da Caixa, que o governo pretende “acompanhar de perto” como o dinheiro será gasto.

Questionado sobre críticas de que o estímulo ao crédito vai na direção contrária do esforço do Banco Central de elevar os juros para conter a inflação, Levy afirmou que há uma preocupação de garantir “alinhamento com a política monetária”.

Apesar do fraco desempenho da arrecadação neste ano, Levy voltou a dizer que vai economizar o suficiente para cumprir a meta de arrocho fiscal de 2015,o equivalente a 0,15% do PIB.

Para o ano que vem, segundo o ministro, o governo está focado em “melhorar o funcionamento do Estado”, o que resultará em mais medidas de redução dos gastos da Previdência e de outras áreas.

Criticado pelos governadores por não cumprir uma promessa da presidente da Dilma, Levy afirmou que já começou a liberar os financiamentos dos Estados.

Os governadores, que precisam do aval da União para obter empréstimos internacionais, reclamam que a equipe econômica tem segurado essas autorizações em nome do ajuste das contas públicas.

“Estamos liberando as operações contratadas gradualmente. É óbvio que não temos condições de os Estados desembolsarem R$ 30 a R$ 40 bilhões em empréstimos como aconteceu em alguns anos recentes. Os governadores sabem disso.”

O ministro indicou confiança no avanço da reforma do ICMS (imposto estadual) e disse que o governo espera encaminhar em setembro ao Congresso projeto de mudança no modelo de cobrança do PIS (tributo federal).

Deixe um comentário