O vice-presidente Michel Temer está cansado das pressões que vem recebendo do PT e de não conseguir emplacar as demandas dos partidos aliados e pensa, seriamente pela primeira vez, na possibilidade de abdicar da coordenação política do governo. O gesto, que ainda não tem data para ser concretizado, poderá provocar uma hecatombe política no governo se o PMDB decidir acompanhar a decisão do vice. Temer sente-se desconfortável com a demora na Casa Civil em agilizar as nomeações para o segundo e terceiro escalões da máquina pública federal; com a recusa do Ministério da Fazenda e do Planejamento em liberar os R$ 500 milhões de emendas parlamentares; e com a dificuldade para tornar real as negociações em torno de projetos em tramitação no Congresso.
Temer tem claro em sua mente que assumiu o cargo de articulador para assegurar um mínimo de paz no Congresso para a tramitação das medidas do ajuste fiscal encaminhadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A última proposta legislativa do pacote econômico foi aprovada na quarta-feira, com a votação do projeto de reoneração da folha de pagamentos no Senado. “Ele sabe que, agora que o debate legislativo em torno do ajuste está concluído, serão intensificadas as pressões e sabotagens aos trabalho dele na articulação política. E ele não parece muito disposto a manter essa situação por mais tempo”, disse um amigo do vice-presidente.