Arquivo diários:13/02/2019

Receita Federal investiga secretamente 134 agentes públicos, mostra documento

Por Pedro Canário/CONJUR

Além do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, a autodenominada Equipe Especial de Fraudes (EEF) da Receita Federal abriu investigações secretas contra outros 134 “agentes públicos”. De acordo com documento interno da Receita a que a ConJur teve acesso, pelo menos desde março de 2018 o grupo de arapongas vem agindo de acordo com critérios próprios para imputar crimes não relacionados ao papel da Receita a “autoridades”.

Relatório da Receita sobre Gilmar Mendes faz parte de pacote de investigações secretas sobre 134 agentes públicos
Dorivan Marinho/SCO/STF

A Equipe de Fraudes relatou suas atribuições na “Nota Copes 48/2018”, onde descreve seu papel e métodos dessa equipe. A “Nota” está carimbada como documento “reservado”. Foi com base nela que o auditor fiscal Luciano Francisco Castro começou a vasculhar as declarações de renda e de patrimônio de Gilmar e da mulher dele, a advogada Guiomar Feitosa, para chegar a conclusões que não são fundamentadas.

O documento decorre da criação da Equipe Especial de Fraudes — Nacional (o que sugere a existência de equipes estaduais), montada pela Receita em 2017, supostamente para fiscalizar as declarações de renda de agentes públicos. Segundo o anúncio oficial, caso fossem constatados indícios de crimes, as informações seriam enviadas ao Ministério Público Federal, já que a Receita não tem atribuição para investigar – o papel é da polícia, sob controle judicial.

O documento desmente as intenções oficiais. “A EEP entende que há fatos concretos a ser apreciados pelas estruturas regionais de programação”, diz a Nota Copes 48, sem mencionar o MPF. “Entendeu-se adequado direcionar a prospecção em práticas com possível envolvimento de agentes públicos, haja vista a conduta que se espera de quem percebe remuneração para servir a sociedade, sem valer-se do cargo para outros fins, o que alcança o seu dever de cumprir com as normas tributárias.”

A nota descreve o que a tal Equipe Especial de Fraudes fez desde que foi criada, no dia 10 de março de 2017, até o dia 2 de março de 2018. A equipe é um conjunto de auditores fiscais cuja função é fiscalizar “800 agentes públicos federais”.

Pelo que está escrito na “Nota Copes 48”, não foi bem isso o que aconteceu no primeiro ano de atividades da “tropa de elite da Receita”, como a imprensa passou a chamar o grupo. No primeiro parágrafo, o documento já avisa que o grupo foi instituído para “identificação de indícios de crimes contra a ordem tributária, corrupção e lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores envolvendo agentes públicos”. Só a identificação das pessoas que o grupo fiscalizaria chegou a 800 mil CPFs, e não 800, como havia sido anunciado.

Ou seja, em nenhum o momento o grupo parece ter-se dedicado a garantir a arrecadação tributária. Como confessa o documento, a ideia é investigar indícios de lavagem de dinheiro e corrupção, o que não se relaciona com as atribuições da Receita Federal. E no caso de “agentes públicos”, provavelmente houve ainda a violação das prerrogativas de foro.

O próprio auditor Luciano Castro começa seu relatório sobre o ministro Gilmar dizendo que “trata-se de análise fiscal no âmbito do trabalho da Equipe Especial de Fraudes – Nacional, de acordo com a metodologia definida na Nota Copes 48/2018”.

Mineração de dados
De acordo com o documento, os auditores chegaram a essas 134 pessoas num teste de funcionamento do sistema ContÁgil, um software que agrega informações de variadas bases de dados, desenvolvido pela própria Receita. Os auditores explicam que chegaram a esses nomes com base em critérios objetivos, e que eles ainda seriam “limpados” depois, já que o fato de existirem irregularidades nas declarações de renda não é sinônimo de fraude ou crime.

Segundo o documento, as informações obtidas por meio da investigação interna ainda serão depuradas, para que se constate o que é mesmo fraude e o que são problemas formas. Mas avisa: “A constatação de fraude se difere de um trabalho mais simples de auditoria”.

O software não obedece apenas a humanos. Trata-se de uma importante ferramenta de inteligência artificial que usa tecnologias de mineração de dados. Em português, é um programa que aprende sozinho a encontrar informações consideradas relevantes pelos auditores em meio ao mar de dados a que se tem acesso.

O software lançou uma rede de pescador nos dados fiscais de milhões de pessoas. Dos 800 mil ocupantes de cargos públicos, a EEP selecionou parentes de primeiro e de segundo graus, seus cônjuges e empregados domésticos, além das empresas registradas nos nomes de todos eles e seus sócios. E aí foram selecionadas pessoas que tiveram aumento patrimonial superior a R$ 500 mil, declararam rendimento isento de tributação acima de R$ 500 mil e valor de patrimônio acima de R$ 5 milhões.

Esse primeiro filtro chegou a 799 pessoas. E aí foi aplicada a segunda peneira, de quem teve renda não tributável acima de R$ 2,5 milhões e receita bruta de pessoa física acima de R$ 10 milhões. Foi assim que se chegou às 134 pessoas, que ainda passarão por outro filtro.

‘O partido que se explique’, diz Mourão sobre candidatura laranja do PSL

Ernesto Rodrigues/Estadão ConteúdoGustavo Maia

Do UOL, em Brasília

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou hoje que é um “problema do partido [PSL]” a investigação da Polícia Federal (PF) sobre suspeita de “candidatura laranja” na sigla do presidente Jair Bolsonaro.

Para Mourão, a questão não atinge diretamente o governo.

“O presidente pertence ao PSL, mas [isso] não tem nada a ver com a campanha dele. Então é problema do partido. O partido que se explique”, declarou.

Indagado se o presidente pediu explicações à sigla sobre o caso, Mourão disse não saber.

O jornal “Folha de S.Paulo” revelou hoje que a Polícia Federal intimou a prestar depoimento uma candidata a deputada federal de Pernambuco que teria sido usada como laranja pelo PSL.

Reportagem de domingo (10) revelou que o grupo do atual presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, apoiou incentivou a candidatura de Maria de Lourdes Paixão, 68.

Ela recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018 e foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), que teve mais de um milhão de votos.

Maria de Lourdes teve apenas 274 votos.

Goleiro Bruno e Suzane von Richthofen perdem benefícios após festas

Suzane von Richthofen, 35, e o goleiro Bruno Fernandes de Souza, 34, descumpriram determinações judiciais e, por isso, perderam respectivamente seus benefícios de saída temporária e de trabalhar fora do sistema carcerário.

Suzane foi condenada a 39 anos de prisão pela morte dos pais, em 2002. Já Bruno foi condenado, em 2013, a 22 anos e três meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado do filho que teve com a vítima.

Em dezembro do ano passado, o Agora publicou que Suzane descumpriu o benefício da saída temporária de Natal, ao ir a um casamento. Ela foi levada para a prisão no mesmo dia. Na ocasião, ao deixar a prisão, ela deveria ter ido a um endereço informado à Justiça, o que também não aconteceu.

Fontes ligadas ao cartório de Taubaté (140 km de SP) informaram, em sigilo, que a Vara de Execuções Criminais reforçou ontem a punição, proibindo Suzane de sair do sistema carcerário nos próximos benefícios que teria direito (Páscoa, Dias das Mães e Dia dos Pais). Ela cumpre pena na penitenciária de Tremembé (147 km de SP).

Já o goleiro Bruno foi punido por usar um celular, em outubro do ano passado, para combinar encontros com mulheres, dentro do Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), em Varginha (MG), onde cumpre pena. O ex-atleta pode, com a punição, ser transferido para Belo Horizonte (MG) e sair do regime fechado somente em 2023.

Em dezembro, o goleiro foi inocentado pelo Conselho Disciplinar da unidade. Porém, anteontem, a 1ª Vara de Execuções Criminais de Varginha reverteu a decisão, considerada “falta disciplinar grave” e fez com que o ex-atleta voltasse a cumprir sua pena no regime fechado.

Segundo a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), gestão João Doria (PSDB), 79 detentas do mesmo presídio de Suzane foram beneficiadas com a saída temporária de Natal e Ano Novo. Desde total, três não retornaram.

Sobre a suspensão do benefício, a pasta não se manifestou, pois o caso corre em segredo de Justiça. Pelo mesmo motivo o Tribunal de Justiça e o Ministério Público também não se manifestaram.

FOLHAPRESS

Governadora Fátima Bezerra enviou reforma administrativa para Assembleia Legislativa

A governadora Fátima Bezerra encaminhou um pacote com seis de lei para Assembleia Legislativa.

Dentre os encaminhados estão a mensagem 004/2019 – Projeto de lei que amplia de 2% para 6% sobre a receita total de 2019 o limite que o Estado tem para antecipar receitas orçamentárias.

Mensagem 005/2019 – Projeto de lei que institui o Programa Estadual de Educação e Cidadania Fiscal.

Mensagem 006/2019 – Proposta de Emenda à Constituição Estadual que cria um teto para gastos públicos pelo período de oito anos.

Mensagem 007/2019 – Projeto de lei que cria no Rio Grande do Norte o “Programa de Estímulo à Regularidade Tributária – Contribuinte Exemplar”.

Mensagem 008/2019 – Projeto de lei que reduz de 60 para 10 salários mínimos (de R$ 59.880 para R$ 9.980, portanto) o limite para expedição de requisições de pequeno valor, categoria inferior à dos precatórios.

Mensagem 009/2019 – Projeto de lei que extingue a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) e a de Esporte e Lazer (Seel); que cria as de Administração Penitenciária (Seap) e de Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (SEMJIDH); e que transforma a de Secretaria de Assuntos Fundiários e de Apoio à Reforma Agrária (Seara) em Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf).