Black Friday ou Black Fraude? Como não gastar tanto e fugir das ciladas

São Paulo — A Black Friday é o momento certo para trocar de celular? Quem sabe comprar um computador novo? Ou até renovar o guarda-roupa? Que o dedo coça para gastar dinheiro, não se tem dúvidas — mas é bom tomar cuidado.

Segundo uma pesquisa feita pela Promobit, apenas 59% das ofertas observadas na Black Friday de 2018 eram confiáveis. Já uma pesquisa da Social Miner, empresa especializada no comportamento do consumidor e varejo online, em parceria com a Opinion Box, apontou que 78,9% dos brasileiros têm intenção de aproveitar as promoções da sexta e 18,3% estão pelo menos em dúvida se devem ou não fazer as famosas comprinhas.

Com tanta oferta, sites e desejos, é preciso tomar cuidado para não se empolgar e gastar demais e também para não cair em golpes na internet.

Pensando nisso, EXAME elaborou um guia de boas práticas para você se planejar melhor até a sexta-feira, dia 29, e não comprar por impulso.

1. Prepare uma lista

Para evitar compras desnecessárias ou impulsivas, todos os especialistas ouvidos por EXAME afirmam que é melhor se planejar com antecedência. Quanto antes, melhor — mas ainda dá tempo.

“Antes de tudo, pense: eu realmente preciso desse produto? A grande roubada da Black Friday é a empolgacão, comprar algo que você não precisa por um preço que é mais propaganda do que vantagem financeira”, afirma Anapaula Iacovino, professora do curso de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP)

Para não gastar horrores, monte uma lista do que você deseja comprar, colocando em primeiro lugar o que for mais importante, em segundo algo que for menos importante e assim sucessivamente.

Dessa forma, você já vai chegar na Black Friday com um foco definido. “Também não vale tentar compensar um sentimento comprando coisas. No fim das contas, você continua triste, mas com dívida para pagar”, brinca Iacovino.

2. Compare e monitore os preços

Para Fernando Capez, executivo do Procon, o ideal é monitorar os preços dos produtos até 60 dias antes da compra para ter certeza de que eles não foram inflados para parecerem mais baratos na sexta.

Mas, se você deixou essa lista também para a última hora, não tem problema. Acompanhe o preço do produto a partir de hoje e faça as contas. “Muitas marcas ainda estão começando as iniciativas de descontos, então ainda dá tempo para se planejar até sexta-feira. É legal a pessoa entender o que ela esta precisando, porque é uma super-oportunidade de compra, não só a curto prazo, mas a longo prazo, como para dar presentes de Natal”, diz Samantha Schwarz, gerente de e-commerce da Infracommerce, empresa especializada em negócios digitais.

Para ter certeza de que você não está sendo enganado com ofertas que parecem uma boa na teoria, sites de comparação de preços, como o Zoom, o JáCotei e o Bondfaro, podem ser seus melhores amigos. Eles também valem para saber em qual site está a melhor opção. “Compare os preços dos produtos em diferentes sites e lojas, depois o mesmo produto no mesmo local. E cheque se o preço que aparece como anterior bate com os registros”, explica Iacovino.

3. Quanto você quer gastar?

Já colocou na ponta do lápis quantos reais você quer, tem e pode gastar? Se não, essa é a sua chance. Na hora de gastar dinheiro na Black Friday, é essencial saber de quantos reais você pode abrir mão para comprar o que você quer.

Paralelamente à lista de itens, faça uma outra sobre o quanto você está disposto a desembolsar e quanto você pode efetivamente investir em algo. “Pense sobre as coisas prioritárias na sua lista. Não deixe para se planejar financeiramente na loja, na hora da compra”, diz Iacovino.

Para Camila Boscov, professora do Insper, a melhor opção é pagar à vista. “Assim você pode conseguir mais desconto e é melhor do que parcelar, porque pode haver juros no parcelamento”, diz.

Se a compra for em dólar, é melhor repensar — o momento não é favorável para a cotação do real. “Pense se você não pode aguardar um pouco, esperar sentir um movimento de baixa da moeda para comprar algum produto. Atualmente, compensa mais comprar algo que seja em real para não gastar tanto”, diz Boscov.

4. Cheque a procedência dos sites

Se seu foco é encher o carrinho digital, o ditado popular “quando a esmola é demais, o santo desconfia” deve ser um mantra. “É de suma importância confiar apenas em sites oficiais, não em coisa que você recebe por email, WhatsApp”, afirma Capez.

Para saber se o site é real e efetua as entregas dentro do prazo, use e abuse de ferramentas, como o ReclameAqui e leia a opinião de outras pessoas na internet. “É bacana que o consumidor cheque se aquele site de vendas é sério, se tem recomendações, se tem tradição, se os produtos são entregues de acordo com o que foi prometido”, conta Iacovino.

“Cheque também se o lugar seguro, se o método de pagamento se preocupa com eventuais fraudes, se tem garantia para a entrega do produto e o que a empresa oferece caso aconteça algum problema.”

Outro ponto importante na hora das compras é verificar se antes do “www” do site está o protocolo “https”, uma vez que o “s”” significa que o ambiente possui um certificado de segurança.

O Procon, inclusive, tem uma lista com mais de 300 sites que você não deve usar na hora de fazer compras.

5. Mistérios da meia-noite

Ficar acordado até a meia-noite de quinta para sexta, para Schwarz, da Infracommerce, pode ser uma boa ideia. “Isso porque a maioria das lojas vira as melhores ofertas de quinta para sexta, então acho legal você estar conectado nesse horário para garantir o produto”, explica.

“O que você conseguir antecipar para fechar a compra, melhor. É bom manter o cadastro atualizado, os produtos salvos, seja por link ou no carrinho, tudo para você não correr riscos de perder o que você quer.”

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