Armando Pereira Filho
Do UOL, em São Paulo
Bem num momento em que direitos trabalhistas são reavaliados no Brasil, e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) cita a ideia de uma jornada de trabalho de 80 horas semanais, um livro clássico da esquerda que é o oposto disso é relançado no país: “O Direito à Preguiça” (editora Edipro), escrito em 1880 e ampliado em 1883.
O autor é Paul Lafargue (1842-1911), simplesmente genro de Karl Marx, o principal teórico do comunismo. Lafargue, que era casado com Laura, uma das três filhas de Marx, ataca o excesso de trabalho e defende uma jornada de apenas três horas diárias.
“O proletariado deve voltar a seus instintos naturais e proclamar os ‘Direitos da Preguiça’; obrigar-se a trabalhar apenas três horas por dia, a preguiçar e fazer farra o resto do dia e da noite”, diz um trecho da obra.
Ateu, ele usa até Cristo e Deus como exemplos contra o excesso de trabalho.
O curto livro foi produzido numa época em que as jornadas em fábricas e minas insalubres duravam até 16 horas e incluíam mulheres e crianças.
Estudou medicina em Paris, conheceu Marx em Londres e aproximou-se da família, ideológica e pessoalmente. Banido das faculdades da França, obteve seu doutorado na Inglaterra em 1868.