Há 62 anos, com o suicídio do presidente Getúlio Vargas, assumia à Presidência da República o potiguar Café Filho.
O dia mal havia começado, quando Getúlio Vargas decidiu tirar a própria vida. Esse gesto foi o maior golpe de marketing político da história brasileira. Até aquela manhã, o ex-ditador estava acuado. Acusado de proteger ladrões, e com seu irmão e o chefe da guarda pessoal envolvidos na tentativa de assassinato do principal líder da oposição a seu governo, a situação política de Getúlio Vargas era insustentável.
O grande jurista e advogado Evandro Lins e Silva – que esteve à frente da defesa de alguns acusados do atentado da Rua Toneleros – declarou haver encontrado a melhor explicação para o suicídio de Vargas numa revista francesa, sob o título O suicídio como arma política. Nessa reportagem, segundo Lins e Silva, o autor mostrava que, com seu gesto, Getúlio Vargas tinha conseguido dominar, paralisar, desmoralizar a conspiração que pretendia alijá-lo do poder. Na verdade, isso aconteceu. Quem viveu aquele período e assistiu aos acontecimentos durante o dia, no Rio de Janeiro, tem a lembrança de que poucas vezes multidão igual saiu às ruas em apoio ao presidente.
Já no dia 25 de agosto de 1961, sete anos depois da morte de Vargas, Jânio Quadros renunciou, para surpresa geral de muitos (na verdade, ele tramava uma espécie de golpe bonapartista), após uma solenidade alusiva ao “Dia do Soldado”. Abriu-se uma crise; os ministros militares não aceitavam a posse do vice-presidente constitucional, João Goulart.
Agora, em agosto de 2016, o Senado da República vai decidir sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.