Delator da Lava Jato cita tentativa de acerto com Renan

Renan também é amigão do ex-deputado, Henrique Alves

Uma tentativa de reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi relatada pelo doleiro Alberto Youssef em um dos depoimentos colhidos nas investigações da Operação Lava Jato, que desvendou um bilionário esquema de corrupção na Petrobras. Preso desde março do ano passado, Youssef fez a ressalva de que um “desencontro de agendas” foi o que impediu que ambos tivessem se encontrado para tratar do aporte de dinheiro do Postalis, fundo de pensão dos Correios, ao Fundo Máxima, criado por Youssef.

Investigadores suspeitam de que Youssef usou o Fundo Máxima para lavar dinheiro irregular obtido a partir de atividades ilícitas, o que pode ser o caso das verbas desviadas da Petrobras. No depoimento, prestado em outubro de 2014, o doleiro detalha o processo de aquisição, entre 2009 e 2010, da empresa turismo espanhola Marsans International, que enfrentava dificuldades financeiras. Executivos espanhóis queriam realizar o negócio justamente devido à situação desfavorável da empresa, que tinha 38 lojas no Brasil.

Para efetuar a transação, que foi formalizada no Banco Central, Youssef abriu a empresa Graça Aranha, por meio da qual comprou a companhia espanhola por US$ 2 milhões. O Fundo Máxima – constituído junto ao Banco Máxima – foi criado justamente depois de o negócio ter sido fechado. Com a estrutura, o doleiro passou a colher recursos para recuperar a saúde financeira da Marsans. Todas as cotas do fundo foram adquiridas pela então recém-criada Graça Aranha, operação a partir da qual Youssef deu início à captação de recursos em fundos municipais, estaduais e até de servidores públicos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, colhidas no conjunto de depimentos de Youssef (leia trecho) cujo acesso público foi autorizado ontem (quinta, 13) pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Lava Jato em segunda instância. Segundo o Estadão, o doleiro usava sua “megaestrutura de contas bancárias ao redor do mundo e empresas de fachada para adquirir empresas em dificuldade financeira e aplicar dinheiro ilícito nelas”, de maneira que esses recursos fossem “lavados”.

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