“Em termos de tamanho de bancadas, o distritão não produz uma diferença tão grande quanto parece. Isso porque o que um partido perde em um estado ele pode ganhar no outro. Isso, contudo, não implica que o sistema seja idêntico ao proporcional”
Saulo Said *
Resultados
1.Votos usados pelo sistema proporcional e pelo distritão
Total de votos usados para gerar mandatos pelo sistema proporcional 86.509.960
Total de votos usados para gerar mandatos pelo Distritão 59.032.999
Total de votos nominais (todos os válidos – votos em coligações) 89.135.433
2. Proporção de votos usados pelo proporcional e pelo distritão
Proporção usada pelo proporcional 97,1%
Proporção usada pelo distritão 66,2%
Relação entre % de votos e % de cadeiras (das coligações) no sistema proporcional e no distritão
Em termos de tamanho de bancadas, o distritão não produz uma diferença tão grande quanto parece. Isso porque o que um partido perde em um estado ele pode ganhar no outro. Isso, contudo, não implica que o sistema seja idêntico ao proporcional. Supor isso seria o mesmo que dizer que um arbitro de futebol que cometeu 3 erros em favor de cada time seja idêntico a um juiz que não cometeu nenhum erro.
A melhor forma de quantificar a distorção não é fazer uma análise da bancada nacional dos partidos, mas sim fazer uma análise das distorções entre votos de uma coligação e total de mandatos obtidos por ela em cada um dos sistemas. A fórmula é a seguinte:
Calcula-se a distorção entre % de votos e % de mandatos em cada estado (seguindo o modelo proporcional e o distritão). Após ter a distorção em cada caso, somamos o total de distorções de cada modelo. O resultado é apresentado a seguir:
Distorção total pelo sistema proporcional: 3,05
Distorção pelo Distritão 5,67
Ou seja, a distorção entre votos e mandatos de partidos no distritão é quase duas vezes maior que no Proporcional. 1,86
3. Parlamentares que seriam eleitos
Dos 513 deputados eleitos em 2014, 466 seriam eleitos por ambos os sistemas. Isso representa 90%. Porém, os demais 10% seriam eleitos apenas pelos votos pessoais e tomariam a vaga de partidos ou coligações com uma densidade eleitoral muito maior.
* Mestre e doutorando em Ciência Política pelo IESP-UERJ.