Folha diz que Alberto Youssef descumpriu acordo de delação premiada na Lava Jato ao não prover detalhes sobre a influência de Aécio em Furnas
A edição da Folha de S. Paulo desta segunda-feira (4) omitiu passagens da delação do doleiro Alberto Youssef que apontam testemunhas que poderiam colaborar com uma possível investigação sobre o suposto pagamento de propinas ao senador e presidente do PSDB Aécio Neves com recursos de Furnas. Mais do que isso: a conotação empregada pelo jornal na reportagem “Delatores da Lava Jato não contaram todo o prometido” tenta esvaziar o peso dos depoimentos e sugere que o delator descumpriu os termos do acordo de cooperação com a Lava Jato.
Segundo a Folha, ao final da fase de negociação dos acordos entre o Ministério Público Federal e os investigados, dois tipos de documentos foram produzidos: um apontando “todos os crimes sobre os quais os delatores iriam falar, com a indicação dos envolvidos”, e outro que “formalizou as condições do acordo, como as penas dos delatores”.
“Com os papéis assinados, os delatores começaram a depor para dar os detalhes sobre os crimes e os envolvidos. No caso da colaboração de Youssef”, diz o jornal, “um dos capítulos tinha o título ‘Furnas’ e indicava que o doleiro revelaria envolvimento de Aécio.”
“Quem era responsável por esse comissionamento eram as pessoas de José Janene [ex-deputado, morto em 2010, considerado operador do PP no esquema na Petrobras] e Aécio Neves. Toda e qualquer obra realizada em Furnas possuía comissionamento. Se especula que quem recebia por Aécio Neves era a pessoa de sua irmã”, indicou Youssef.
A Folha minimizou a fala do doleiro argumentando que “ao detalhar esse fato à Força Tarefa da Lava Jato, Youssef afirmou apenas que o ex-deputado José Janene havia dito que Aécio dividia com ele propinas relativas a uma diretoria de Furnas. Não apontou, porém, fatos ou provas quanto à atuação do tucano em ilegalidades.”
A PGR, para instaurar inquérito contra o senador Humberto Costa (PT), escreveu que tudo que foi dito por Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras, também delator], até o momento, provou-se verdadeiro. Mas para arquivar investigação contra Aécio, a Procuradoria usou argumento oposto. Sustentou que não é possível dar seguimento a um inquérito com base em “ouvi dizer”. A deputados petistas, Janot teria acrescentado que a morte de Janene seria outro impeditivo.
Fonte: http://www.portalmetropole.com/