Arquivo diários:20/05/2017

Lula diz que Temer tem que ‘sair logo’ e defende eleições diretas

Resultado de imagem para Lula e Fátima MineiroAFP

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado que Michel Temer tem que deixar o cargo “logo”, e considerou que seu substituto deve ser definido por eleições diretas.

“Nós queremos que o Temer saia logo, mas não queremos um presidente eleito indiretamente”, disse Lula durante a posse dos novos integrantes do diretório municipal do PT em São Bernardo do Campo, São Paulo.

“O que queremos é uma eleição direta!”, proclamou Lula, que, segundo as pesquisas de opinião, era o favorito, semanas atrás, para vencer as eleições presidenciais de outubro de 2018, apesar das investigações por corrupção.

Este foi o primeiro pronunciamento do ex-presidente desde o escândalo das delações da JBS.

Lula disse que “o golpe” que pôs fim, em 2016, ao mandato de sua sucessora, Dilma Rousseff, revelou-se “uma mentira” e levou o país à crise atual.

Depois de convidar os presentes a comparecer neste domingo à Avenida Paulista para pedir eleições diretas, Lula, 71, indicou, pela primeira vez, que talvez não possa se candidatar novamente, porque isto “vai depender de muita coisa”.

O ex-sindicalista, 71, disse que o fará apenas se “a Justiça e sua saúde” permitirem.

Senadores Álvaro Dias e Romário acertam filiação ao ‘Podemos’

Os senadores Álvaro Dias (PV-PR) e Romário (PSB-RJ) acertaram filiação ao “Podemos”, novo nome do antigo Partido Trabalhista Nacional (PTN). Os dois devem assinar filiação durante evento de lançamento oficial da sigla, previsto para 1º de julho, em Brasília. O PTN não possuía representantes no Senado.

Dias se filiou ao partido com a promessa de que poderá ser lançado candidato à Presidência da República pelo “Podemos” nas eleições de 2018. Já Romário, de acordo com lideranças da legenda, poderá ser candidato ao governo do Estado do Rio de Janeiro no pleito de outubro do próximo ano.

A filiação dos dois senadores foi um dos motivos pelo qual o Podemos anunciou nesta semana desembarque e independência do governo Michel Temer no Congresso Nacional. Apesar de hoje serem de partidos da base aliada, Romário e Dias já adotavam postura independente em relação ao Palácio do Planalto.

Por Leonardo Sakamoto: Trocar Temer por seu ministro da Fazenda seria um golpe do poder econômico

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Henrique Meirelles

A movimentação para colocar Henrique Meirelles como presidente da República via eleição indireta após uma queda de Michel Temer significa que parte da elite cansou do ”intermediário” e decidiu entregar o poder político diretamente ao mercado.

Em outras palavras: Temer pode sair, desde que as reformas fiquem.

Filiado ao PSD de Gilberto Kassab, o ministro tem sido apontado pelo mercado financeiro e parte do grande empresariado nacional como um nome que traria tranquilidade, não apenas porque manteria a política econômica, mas – principalmente – porque levaria a cabo as impopulares Reformas Trabalhista e da Previdência.

Por isso, parte da elite econômica e financeira do país engrossa o coro contra a organização de eleições diretas para a Presidência da República, ao invés de defender eleições diretas que poderiam trazer legitimidade a um governo.

Essa alternativa poderia ser viabilizada através de aprovação de emenda constitucional ou por meio de entendimento de que uma cassação da chapa presidencial Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral já seria seguida de diretas, em função do que diz o Código Eleitoral.

Ao mesmo tempo, pela regra eleitoral geral, seria inelegível quem não estivesse fora de cargos no Executivo, Judiciário e Ministério Público por, pelo menos, seis meses antes da escolha. Mas como não há lei complementar que regulamente as eleições indiretas, isso abre caminho para o Congresso Nacional aprová-la no caso de vacância do cargo de presidente. Inclusive deixando de lado a necessidade de desimcompatibilização e abrindo caminho para atuais ministros concorrerem.

O PIB e o mercado sabem que qualquer candidato que defenda uma plataforma de governo que inclua as Reformas Trabalhista e da Previdência não seria eleita para a Presidência no Brasil, nem agora, nem em 2018, considerando que as pesquisas de opinião mostram que a maioria da população tem sido contra ambas.

Cansados das dores de cabeça trazidas por Michel Temer e seu grupo, não por aversão à corrupção em si (uma vez que dirigentes de entidades patronais também foram citados nas delações), mas pelo atraso na aprovação das reformas que elas significam, o PIB discute abertamente um substituto para fazer o serviço. Precisam que o terreno seja limpo por alguém que não se importe em não ser eleito no ano que vem, porque, aprovando as reformas, dificilmente será.

E esse nome pode ser o de Meirelles, que fez sua carreira no sistema financeiro internacional e tem trânsito no PSDB, PMDB e PT. Após ocupar o cargo de presidente do Banco Central no governo Lula (2003-2010), assumiu a presidência do Conselho de Administração do J&F (grupo controlador do JBS) e depois de presidente do banco Original, pertencente ao mesmo grupo. Ao todo, trabalhou para Joesley Batista entre 2012 e 2016.

Em pronunciamento Temer diz que gravação é ‘fraudulenta’ e ataca Joesley e JBS

Presidente Michel Temer diz que não irá renunciar à Presidência durante pronunciamento no Palácio do Planalto, em BrasíliaEm pronunciamento na tarde deste sábado (20), o presidente Michel Temer afirmou que a gravação de que foi alvo foi “fraudulenta e manipulada” e atacou o delator Joesley Batista, da JBS.

“Ele cometeu o crime perfeito. Enganou os brasileiros e agora mora nos Estados Unidos. Quero observar a todos vocês as incoerências entre o áudio e o teor do depoimento. Isso compromete a lisura de todo o processo por ele desencadeado.”

Temer confirmou que vai pedir ao Supremo a suspensão do inquérito até que sejam avaliadas as gravações.

Este foi o segundo pronunciamento do presidente desde que veio à tona o conteúdo das delações de Joesley Batista e de outros executivos da JBS.
Veja o vídeo:

Confirmado, PSB rompe com Temer e pede renúncia

O PSB (Partido Socialista Brasileiro), decidiu romper oficialmente com o governo federal e “sugerir” a renúncia do peemedebista “o mais rápido possível”, informou ao Blog do Primo o deputado federal Rafael Motta.

Com 42 parlamentares, o partido tem a sexta maior bancada das duas Casas do Congresso, e representa 7% dos votos no Legislativo. A legenda é a quarta maior em número de senadores (sete), empatado com o PP. Na Câmara, a sigla é a sétima mais representada, com 35 deputados federais.

O posicionamento foi divulgado depois de reunião da Executiva Nacional do partido que começou por volta das 10h e entrou pela tarde deste sábado (20), em Brasília.

PSB fechará questão por diretas e pedirá renúncia de Temer, diz secretário-geral

rafael mota e casa grande
Deputado Rafael Motta e Renato casa Grande

O PSB deve publicar em breve uma nota em que determina fechamento de questão pela PEC de eleições diretas. A comissão executiva nacional do partido está reunida em Brasília para definição de ações contrárias ao governo Temer.

O secretário-geral do partido, Renato Casagrande (ES), afirmou que o PSB vai pedir a renúncia imediata de Michel Temer e fechar questão nas votações a favor de eleições diretas para presidente. “Não podemos dizer que saímos de um governo que nunca entramos. Mas quem pede renúncia do presidente com certeza não é independente”, afirmou.

Além do ex-governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, a reunião da comissão executiva conta com a presença do presidente do PSB, Carlos Siqueira, dos senadores Lídice da Mata (BA) e João Capiberibe (AP), do deputado Júlio Delgado (MG), do deputado Rafael Motta(RN), do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, entre outros.

“O partido vai caminhar para a oposição completa ao governo”, afirmou Delgado. O deputado confirmou que o partido vai pedir a renúncia de Temer, além de celeridade no julgamento de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE. “Não podemos esperar até 6 de junho”, avalia.

Revista Veja vem na mesma pisada do jornal O Globo pregando renúncia de Temer

Os homens públicos devem pensar mais no país do que em seu próprio destino

Sabe-se que uma crise atingiu sua gravidade máxima quando, nas discussões que ocorrem de norte a sul do país, as duas palavras mais pronunciadas são “renúncia” e “impeachment”. Em todas as rodas de deputados, senadores, empresários, juristas ou jornalistas, fala-se na possibilidade de uma ou de outra saída — e assim tem sido desde que o jornal O Globo revelou o conteúdo da delação do empresário Joesley Batista, dono da JBS. Numa conversa gravada, Temer dá a impressão de aprovar a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso há sete meses. Em outra conversa, Temer inicia uma negociação com seu interlocutor, que resultou mais tarde no pagamento de 500 000 reais em dinheiro vivo.

A crise deflagrada pela denúncia se desdobra em duas esferas. No plano jurídico, a situação é clara: o presidente Michel Temer é inocente até que se prove o contrário — e, para que o contrário seja provado, é preciso que se percorra, com rigor e serenidade, o caminho previsto nas leis e nos códigos. Desde quinta-feira, assim que saiu a autorização para a abertura de um inquérito, Temer está formalmente sob investigação da Lava-Jato. Tem direito a ampla defesa.

As névoas estão no plano político. Com uma suspeita séria, o presidente fragilizou-se. É nesse contexto, emoldurado por um estado de perplexidade nacional, que aparecem as palavras “renúncia” e “impeachment”. Discute-se se alguma das duas alternativas poderia oferecer uma saída para o caos em que o país foi jogado por suas altas esferas. A que o presidente Michel Temer está buscando não é nenhuma delas: é permanecer no Palácio do Planalto.

Na mesma quinta-feira, Temer fez um pronunciamento de menos de cinco minutos no qual foi categórico: “Não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos”, disse, com tom de voz peremptório, olhar um tanto abatido e dedo em riste. A renúncia é um ato pessoal e intransferível, mas não se materializa inteiramente por moto próprio: decorre, sobretudo, da pressão e do peso das circunstâncias. O impeachment, a outra opção aventada, dispensa explicações. Os brasileiros são o povo mais versado no assunto no planeta e, portanto, conhecem bem suas dores e seus dramas.

Seja qual for a saída encontrada, nesta hora grave é preciso grandeza — e não apenas do presidente. Grandeza dos homens públicos que ocupam os postos centrais do poder nacional. Grandeza para que, em busca de uma solução para o delicado momento que o país vive, sejam capazes de pôr os interesses do Brasil acima dos interesses pessoais, de modo que o país possa seguir em frente, superar as dificuldades, romper as amarras da recessão, aprovar as reformas estruturais, cumprir a caminhada rumo à modernidade, libertar-se da mediocridade econômica e — enfim — dar ao povo brasileiro a oportunidade de construir uma vida justa e digna.

Para que esse sonho, ao mesmo tempo grande e singelo, possa se realizar, os homens públicos devem pensar mais no país do que em seu próprio destino. Os fatos mostram que, hoje em dia, talvez não haja pregação mais inútil do que pedir gestos de desprendimento aos políticos brasileiros, eles que têm dado provas tão contundentes de desprezo à ética e à decência. Mas o Brasil precisa perseverar, precisa de serenidade para encontrar a saída que pareça menos traumática e mais correta. Os milhões, os múltiplos milhões de brasileiros que lutam honestamente por uma vida decente não merecem ser punidos pela incompetência política e pela mesquinharia dos poderosos.

Editorial de O GLOBO pede renúncia de Temer

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Editorial: A renúncia do presidente

POR O GLOBO

Um presidente da República aceita receber a visita de um megaempresário alvo de cinco operações da Polícia Federal que apuram o pagamento de milhões em propinas entregues a autoridades públicas, inclusive a aliados do próprio presidente. O encontro não é às claras, no Palácio do Planalto, com agenda pública. Ele se dá quase às onze horas da noite na residência do presidente, de forma clandestina. Ao sair, o empresário combina novos encontros do tipo, e se vangloria do esquema que deu certo: “Fui chegando, eles abriram. Nem perguntaram o meu nome”. A simples decisão de recebê-lo já guardaria boa dose de escândalo. Mas houve mais, muito mais.

Em diálogo que revela intimidade entre os dois, o empresário quer saber como anda a relação do presidente com um ex-deputado, ex-aliado do presidente, preso há meses, acusado de se deixar corromper por milhões. Este ex-deputado, em outro inquérito, é acusado inclusive de receber propina do empresário para facilitar a vida de suas empresas no FI-FGTS da Caixa Econômica Federal. O presidente se mostra amuado, e lembra que o ex-deputado tentou fustigá-lo, ao torná-lo testemunha de defesa com perguntas que o próprio juiz vetou por acreditar que elas tinham por objetivo intimidá-lo.

Ao ouvir esse relato do presidente, o empresário procura tranquilizá-lo mostrando os préstimos que fez. Diz, abertamente, que “zerou” as “pendências” com o ex-deputado, que tinha ido “firme” contra ele na cobrança. E que ao zerar as pendências, tirou-o “da frente”. Mais tarde um pouco, em outro trecho, diz que conseguiu “ficar de bem” com ele. Como o presidente reage? Com um incentivo: “Tem que manter isso, viu?”

Não é preciso grande esforço para entender o significado dessa sequência de diálogos. Afinal, que pendências, senão o pagamento de propinas ainda não entregues, pode ter o empresário com um ex-deputado preso por corrupção? Que objetivo terá tido o empresário quando afirmou que, zerando as pendências, conseguiu ficar de bem com ele, senão tranquilizar o presidente quanto ao fato de que, com aquelas providências, conseguiu mantê-lo quieto? E, por fim, que significado pode ter o incentivo do presidente (“tem que manter isso, viu”), senão uma advertência para que o empresário continue com as pendências zeradas, tirando o ex-deputado da frente e se mantendo bem com ele?

Esses diálogos falam por si e bastariam para fazer ruir a imagem de integridade moral que o presidente tem orgulho de cultivar. Mas houve mais. O empresário relata as suas agruras com a Justiça, e, abertamente, narra ao presidente alguns êxitos que suas práticas de corrupção lhe permitiram ter. Conta que tem em mãos dois juízes, que lhe facilitam a vida, e um procurador, que lhe repassa informações. Um escândalo. O que faz o presidente? Expulsa o empresário de sua casa e o denuncia as autoridades? Não. Exclama, satisfeito: “Ótimo, ótimo”.

Não é tudo, porém. Em menos de 40 minutos de conversa, o empresário ainda encontra tempo para se queixar de um ex-funcionário seu, atual ministro da Fazenda. Diz, com desfaçatez, que tem enfrentado resistência no ministro da Fazenda para conseguir a troca dos mais altos funcionários do governo na área econômica: o secretário da Receita Federal, a presidente do BNDES, o presidente do Cade e o presidente da CVM. Pede, então, que seja autorizado a usar o nome do presidente quando for novamente ao ministro da Fazenda com tais pleitos. O que faz o presidente? Manda-o embora, indignado? Não, de forma alguma. O presidente autoriza: “Pode fazer”.

Este jornal apoiou desde o primeiro instante o projeto reformista do presidente Michel Temer. Acreditou e acredita que, mais do que dele, o projeto é dos brasileiros, porque somente ele fará o Brasil encontrar o caminho do crescimento, fundamental para o bem-estar de todos os brasileiros. As reformas são essenciais para conduzir o país para a estabilidade política, para a paz social e para o normal funcionamento de nossas instituições. Tal projeto fará o país chegar a 2018 maduro para fazer a escolha do futuro presidente do país num ambiente de normalidade política e econômica.

Mas a crença nesse projeto não pode levar ao autoengano, à cegueira, a virar as costas para a verdade. Não pode levar ao desrespeito a princípios morais e éticos. Esses diálogos expõem, com clareza cristalina, o significado do encontro clandestino do presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista. Ao abrir as portas de sua casa ao empresário, o presidente abriu também as portas para a sua derrocada. E tornou verossímeis as delações da Odebrecht, divulgadas recentemente, e as de Joesley, que vieram agora a público.

Nenhum cidadão, cônscio das obrigações da cidadania, pode deixar de reconhecer que o presidente perdeu as condições morais, éticas, políticas e administrativas para continuar governando o Brasil. Há os que pensam que o fim deste governo provocará, mais uma vez, o atraso da tão esperada estabilidade, do tão almejado crescimento econômico, da tão sonhada paz social. Mas é justamente o contrário. A realidade não é aquilo que sonhamos, mas aquilo que vivemos. Fingir que o escândalo não passa de uma inocente conversa entre amigos, iludir-se achando que é melhor tapar o nariz e ver as reformas logo aprovadas, tomar o caminho hipócrita de que nada tão fora da rotina aconteceu não é uma opção. Fazer isso, além de contribuir para a perpetuação de práticas que têm sido a desgraça do nosso país, não apressará o projeto de reformas de que o Brasil necessita desesperadamente. Será, isso sim, a razão para que ele seja mais uma vez postergado. Só um governo com condições morais e éticas pode levá-lo adiante. Quanto mais rapidamente esse novo governo estiver instalado, de acordo com o que determina a Constituição, tanto melhor.

A renúncia é uma decisão unilateral do presidente. Se desejar, não o que é melhor para si, mas para o país, esta acabará sendo a decisão que Michel Temer tomará. É o que os cidadãos de bem esperam dele. Se não o fizer, arrastará o Brasil a uma crise política ainda mais profunda que, ninguém se engane, chegará, contudo, ao mesmo resultado, seja pelo impeachment, seja por denúncia acolhida pelo Supremo Tribunal Federal. O caminho pela frente não será fácil. Mas, se há um consolo, é que a Constituição cidadã de 1988 tem o roteiro para percorrê-lo. O Brasil deve se manter integralmente fiel a ela, sem inovações ou atalhos, e enfrentar a realidade sem ilusões vãs. E, passo a passo, chegar ao futuro de bem-estar que toda a nação deseja.