Por Juliana Machado, Lucinda Pinto, Renato Rostás, Marcelle Gutierrez | Valor
SÃO PAULO E RIO – A Petrobras já perdeu, de quarta-feira para hoje, R$ 50 bilhões em valor de mercado com o tombo das ações depois que a companhia decidiu reduzir em 10% e congelar, por 15 dias, os preços do diesel. Por volta das 16h45, a Petrobras valia R$ 281,8 bilhões, contra R$ 332,4 bilhões no pregão de ontem. A perda de valor de mercado tira a estatal do posto de empresa mais valiosa da bolsa, que voltou a ser ocupado pela Ambev.
Os papéis preferenciais eram cotados a R$ 20,21, um recuo de 13,15%. A ON caía 13,96%, a R$ 23,36.
O investidor pune a empresa na bolsa nesta quinta-feira porque vê na decisão uma demonstração de ingerência política na estatal, em ano eleitoral, algo que o mercado acreditava ter ficado no passado. Além disso, a Petrobras terá que absorver o prejuízo de manter os preços do diesel baixos em um contexto de dólar e petróleo em alta.
Na avaliação do Bradesco, as ações PN da estatal podem chegar ao mínimo de R$ 19 a R$ 20 com o anúncio de redução de 10% do preços do diesel por 15 dias. Segundo o analista Osmar Camilo, em breve relatório, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) pode cair 9% em 2018 e 7% em 2019, se for considerado esse corte de preços do diesel no segundo trimestre e mais nenhum reajuste até o final do ano.
O profissional lembrou que Parente disse ontem que a redução é temporária. “Claramente, o mercado não está dando à administração da Petrobras o benefício da dúvida por enquanto, mas achamos que a realidade é mais sútil até vermos como o governo resolverá a questão, seja por meio do corte de impostos ou com mais mudanças nos preços dos combustíveis”, analisou.
Segundo o presidente da Associação dos Investidores do Mercado de Capitais (Amec), Mauro Rodrigues da Cunha, a decisão da Petrobras preocupa os gestores e assunto será tema de reunião de diretoria da entidade ainda nesta quinta-feira.
Além disso, profissionais veem crescer o risco de Parente, deixar o posto. Isso pelo fato de, com a decisão de ontem, a política de preços implementada pelo executivo ter sido alterada diante da pressão da greve dos caminhoneiros.