Em busca de uma resposta para uma febre que não baixa, Ana leva seu filho Pedro a uma infinidade de médicos, hospitais e laboratórios. Compra remédios, passa noites em claro, pede ajuda a desconhecidos na internet. Ana seria uma típica mãe cuidadosa não fosse um único problema: a febre de Pedro na verdade não existe. Ela é uma invenção da mãe, que, desde o nascimento do menino, o expõe a cansativas e dolorosas intervenções médicas em busca do diagnóstico de uma doença imaginária.
Pode parecer contraditório que alguém que supostamente deve zelar pelo bem-estar de um filho acabe submetendo-o a altas doses de sofrimento.
Diretor dos ambulatórios do IPq (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas), em São Paulo, o psiquiatra Rodrigo F. M. Leite relata que os objetivos das mães Münchausen são variados, mas que há algo comum entre todas elas.
— Elas fazem isso para garantir atenção. É uma forma de indiretamente receber cuidado, mas de maneira inconsciente.
Embora não haja estimativas da porcentagem da população afetada pela doença, levantamentos apontam que 93% dos portadores de Münchausen por Procuração são as mães ou cuidadoras do sexo feminino, e que apenas 7% são homens.
Zuquim explica qual é o procedimento a partir do momento que é possível provar que uma criança está sendo vítima de alguém com Münchausen.
— Pode-se chegar ao ponto de a criança ser tirada do poder da mãe. Se houver risco, ela não volta. Ou fica com o Poder Judiciário, ou com alguém da família que queira se responsabilizar por ela.