Empreiteira OAS pretende delatar dois ministros do STJ

SÃO PAULO, SP, 18.08.2014: LIVRO-LANÇAMENTO - O corregedor-geral da Justiça Federal, Humberto Martins, no coquetel de lançamento do livro "Direito Privado - Teoria e Prática", do ministro do STJ, Luis Felipe Salomão, em São Paulo. (Foto: Raquel Cunha/Folhapress)///ORG XMIT: 572101_1.tif Benedito Gonçalves, indicado para o Supremo Tribunal da Justiça (STJ), durante sabatina na CCJ do Senado, em Brasília (DF). (Brasília (DF), 13.08.2008. 11h00. Foto de Lula Marques/Folhapress)
Da esquerda para direita, os ministros do STJ Humberto Martins e Benedito Gonçalves

BELA MEGALE
DE BRASÍLIA
WÁLTER NUNES
FOLHA DE SÃO PAULO

Os ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Humberto Martins, atual vice-presidente da corte, e Benedito Gonçalves foram citados nas negociações de delação premiada da OAS com procuradores da Lava Jato.

Pessoas ligadas às tratativas relataram à Folha que eles são apontados como beneficiários de recursos por atuação no tribunal favorecendo a empreiteira.

No caso de Martins, os executivos afirmam que o dinheiro foi repassado por meio de seu filho Eduardo Filipe, que também teria se beneficiado. Advogado, ele tem escritório em Brasília e atua em causas junto ao STJ.

Já Gonçalves apareceu em um relatório da Polícia Federal devido à proximidade com Léo Pinheiro, sócio da OAS preso em Curitiba e que tenta firmar acordo de delação.

Segundo envolvidos nas conversas com procuradores em Brasília e de Curitiba, o número de delatores ligados à empreiteira pode chegar a 50, marca próxima à da Odebrecht, que firmou 77 acordos de delação com a Justiça.

Se a negociação prosperar, a OAS será a primeira empresa a abrir uma frente de investigação com foco no Judiciário, tema que há tempos é de interesse dos procuradores.

A Lava Jato interceptou troca de mensagens do celular de Léo Pinheiro em 2014 em que ele pergunta ao ministro Benedito Gonçalves se iria ao aniversário do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli. Na conversa, também marcaram encontro no Rio de Janeiro.

O relatório de análise das mensagens feito pela PF diz que “Léo Pinheiro mantinha contatos frequentes com o ministro Benedito Gonçalves, a ponto de o mesmo solicitar atendimento para seu filho, tendo Léo Pinheiro escalado para tal tarefa o advogado da OAS, Bruno Brasil”.

Após as revelações, a relação entre os dois se tornou alvo de uma investigação sigilosa no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).