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O lobista Fernando Soares, o Baiano, apontado por diversos delatores da Operação Lava-Jato como o homem que captava propina para o PMDB junto às empreiteiras com obras na Petrobras, acertou colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF). O acordo vinha sendo costurado há um mês e foi finalizado hoje.
O acerto foi confirmado a Zero Hora por envolvidos nas negociações. Pelo acordo com procuradores da República, Baiano detalhará oito operações diferentes que fez envolvendo ilegalidades com a Petrobras. Entre elas, o aluguel de sondas de perfuração marinha, negócio que teria sido viabilizado mediante pagamento de propina pelas empreiteiras a políticos. Conforme o lobista e colaborador Júlio Camargo, Baiano teria lucrado com esse negócio US$ 5 milhões (cerca de R$ 20 milhões) e intermediado o repasse de outros US$ 5 milhões para o atual presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O presidente da Câmara nega todas essas especulações.
A expectativa no MPF é que Baiano confirme esse acerto e muito mais. Ele pode listar outros políticos que foram subornados. Outro que é mencionado como beneficiário de dinheiro desviado da Petrobras, na delação de Julio Camargo, é o ex-ministro das Minas e Energia, Édison Lobão – algo que Baiano poderá confirmar. Ele se comprometeu a entregar comprovantes de depósitos feitos em contas bancárias na Suíça.
Baiano foi condenado em agosto a 16 anos de reclusão, no episódio do aluguel das sondas. Ele está preso desde novembro em Curitiba e deve continuar assim até o final do ano, quando então pode ocorrer sua libertação – parte da negociação da delação passa por redução da pena, mesmo aquela à que ele já foi condenado. Ele passou a quarta-feira prestando depoimentos à Polícia Federal. Entre os temas que já alinhavou está o da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, um negócio ruinoso para a Petrobras, que teria sido viabilizado mediante propina paga a lideranças do PMDB. A propina teria sido paga em 2008, dois anos após a aquisição da indústria de refino. A menção a propinas nesse negócio já tinha sido confirmada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, também delator.