PMDB já discute o pós-Dilma



Michel Temer divulgou uma nota no feriado para tentar desfazer a impressão de que trabalha “nas sombras” para substituir Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Não conseguiu, obviamente, ainda que, ao pé da letra, não deixe de ter certa razão. Outros atuam nas sombras por ele.

O vice atua às claras mesmo, com movimentos calculados e sugestivos, ainda que em alguns instantes tenha dado passos maiores do que a extensão de suas pernas –daí a necessidade de precisar se explicar em um texto tão inusitado quanto estéril. Temer disse que não conspira contra a presidente e que “sabe, no limite da lei, até onde pode ir”.

O peemedebista age sempre no interesse de atingir três objetivos imediatos: expor seu comprometimento com a estabilidade econômica (e com o empresariado), demonstrar sua capacidade de apaziguar o Congresso e evidenciar, por ação ou omissão, a fragilidade política da sua antiga companheira de chapa.

Fora isso, com o governo em estado pré-falimentar, seu trabalho maior é o de sentar e aguardar. Aguardar os desdobramentos da operação Lava Jato, aguardar a análise das supostas pedaladas fiscais no TCU e aguardar os entendimentos que seus correligionários iniciaram com a oposição em torno de um cenário pós-Dilma.

Conversas sobre as quais FHC jogou alguma luz ao falar que a solução da crise passa pela “formação de um novo bloco de poder que tenha força suficiente para reconstruir o Estado brasileiro”. Na prática, isso significa acertar a seguinte costura: os tucanos participam de um eventual governo Temer, o apoiam no Congresso, mas exigem que ele deixe o caminho livre para 2018.

A anemia de Dilma é tão grande que, mesmo diante de tudo isso, precisa fechar os olhos. Se já está difícil sobreviver com o PMDB mexendo-se nos bastidores, imagine o que pode ocorrer se o partido ganhar um motivo para romper de fato.

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