Em 2022, é previsto entrar em operação um supertelescópio que está sendo montado em Cerro Pachón, no Chile. O Large Synoptic Survey Telescope (LSST) conta com a participação de pesquisadores brasileiros e é tido pela comunidade astronômica mundial como revolucionário.
De acordo com Luiz Nicolaci da Costa, coordenador do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), pela primeira vez a astronomia poderá observar um universo dinâmico, podendo ver objetos fracos do Sistema Solar se movendo e explosões acontecendo em galáxias distantes. Os dados do LSST poderão ser usados para uma grande variedade de estudos, desde o sistema solar ao da energia e matéria escura.
Outro papel importante será o de gerar amostras apropriadas para os grandes telescópios de nova geração. “O LSST vai ser um grande gerador de dados. Para se ter uma ideia, ele terá uma câmera com aproximadamente 3 milhões de pixeis, que cobrirá, em cada exposição, uma área do céu correspondente a 40 luas cheias. Por noite, serão feitas cerca de 1 mil exposições com duração de 30 segundos cada uma, gerando 15 terabytes de dados”, detalha o pesquisador.
A cada três dias, as observações vão cobrir todo o céu visível. Em apenas uma noite serão lançados 10 milhões de alertas de objetos que se movimentaram ou tiveram mudanças no brilho. Isto significa um grande desafio para a área de TI que está motivando o desenvolvimento de novas tecnologias cujo uso será bem mais amplo do que apenas Astronomia.
Os dados obtidos por este telescópio no Chile serão primeiro transferidos para La Serena, a seguir para Santiago e, via Brasil, para os Estados Unidos. Para transmitir o grande volume de dados que o telescópio vai gerar, será necessário ampliar a ligação entre a América do Sul ao Norte. Para esta ligação a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e a Academic Network at São Paulo (ANSP) estão fazendo importantes contribuições, o que permitiu ao LIneA e ao Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) negociar a entrada de pesquisadores brasileiros no projeto.
Até 50 pesquisadores (10 contratados por instituições brasileiras e 40 pesquisadores juniores, do nível de estudantes ou pós-doutorando) podem participar do projeto imediatamente a custo zero. A expectativa é de que até o início das operações, em 2022, seja possível negociar um novo memorando para a entrada de toda a comunidade, o que implicará numa contribuição financeira para a operação do telescópio.
Como os dados vão naturalmente transitar pelo Brasil, está previsto o País ter um centro de dados regional de apoio aos pesquisadores brasileiros para que estes possam participar pró-ativamente na análise dos dados.
(Agência Gestão CT&I, com informações do CNPq)