A oposição que contava com 370 votos obteve 367, apenas 3 votos dos previstos falharam.
Com 30 votos a mais dos 342 necessário para encaminhar o processo impeachment para o Senado investigar e julgar.
A oposição que contava com 370 votos obteve 367, apenas 3 votos dos previstos falharam.
Com 30 votos a mais dos 342 necessário para encaminhar o processo impeachment para o Senado investigar e julgar.
Brasília – Logo depois de uma entrevista coletiva em que deputados governistas disseram ter votos para barrar o impeachment na votação deste domingo, líderes da oposição ocuparam o mesmo espaço no Salão Verde da Câmara e anunciaram que pelo menos 370 votos estão garantidos a favor do afastamento da presidente Dilma Rousseff (são necessários pelo menos 342) e pediram calma nas ruas.
“Temos certeza de que os votos estão absolutamente consolidados, o governo faz cortina de fumaça para desviar a atenção. Os votos aumentam a cada hora e já são mais de 370 a favor do impeachment”, afirmou o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), apostou em 377 votos contra o governo e disse temer confusão nas ruas. “O PT sabe que perdeu, por isso temos que pedir tranquilidade aos manifestantes a favor do impeachment, sem provocação. Eles terão no máximo 133 votos”, afirmou o deputado. “Agora é tchau querida”, ironizou o parlamentar.
A provocação é referência à maneira como o ex-presidente Lula se despediu de Dilma, em telefonema gravado durante a Operação Lava Jato, e virou palavra de ordem nos cartazes pró impeachment.
O deputado do PMDB Carlos Marun (MS) mostrou preocupação com uma possível manobra dos aliados da presidente Dilma para evitar a votação nesta tarde. “O jogo está jogado. Nós sabemos que ganhamos e eles sabem que perderam. Queremos serenidade agora. Tenho certo receio que pessoas tentem prejudicar o andamento deste dia histórico no Congresso. Minha preocupação é que o governo tente manobrar no Congresso para adiar a votação”, afirmou Marun.
Líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR) afirmou que o governo “blefa”, primeiro ao classificar o impeachment de golpe, depois por ter ido à Justiça tentar evitar a votação do impeachment. “O governo, desesperado, continua tentando blefar”, declarou.
Os oposicionistas disseram nunca ter contabilizado o voto do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA). Embora seja muito próximo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário da presidente Dilma, Maranhão anunciou voto a favor do governo na sexta-feira, 15. Nesta madrugada, porém, líderes do PP disseram que Maranhão mudou de lado e votaria a favor do afastamento. Pela manhã, Maranhão negou a informação e reiterou que votará contra o impeachment.
Brasília – O primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), afirmou há pouco ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, que votará contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A declaração foi uma resposta à informações da cúpula do PP de que Maranhão teria mudado seu voto. “Respeito as posições de cada um, mas não mudei nem mudarei meu voto”, afirmou o parlamentar.
São Paulo – Brasília – O vice-presidente Michel Temer continua no Palácio do Jaburu recebendo parlamentares que apoiam o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Há pouco, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) deixou o Jaburu, defendendo o apoio a Temer e afirmou que cerca de oito deputados peemedebistas devem votar contra o impeachment, mas que a contagem desses votos a favor do governo Dilma não deve chegar a dois dígitos. Todos os demais parlamentares do PMDB devem votar contra Dilma, na avaliação do deputado. O partido tem 67 deputados federais.
“Temer está para assumir papel constitucional e esse é o papel do vice. Estamos confiantes e agora só nos resta esperar”, disse Marun.
Já entraram no Jaburu os deputados Mauro Pereira (PMDB-RS), Lúcio Mosquini (PMDB-RO), José Priante (PMDB-PA), Alfredo Kaefer (PSL-PR), e Arthur Maia (PPS-BA).
Peregrinação
Braço direito de Michel Temer, o ex-ministro Eliseu Padilha está desde às 9h na Câmara e faz uma peregrinação pelas lideranças dos partidos pró-impeachment. Na manhã deste domingo, 17, Padilha já passou pelas lideranças de PMDB, DEM e PSDB. Padilha volta à residência oficial de Temer antes da votação.
Brasília – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a Brasília na manhã deste domingo, 17, para comandar as articulações finais dos governistas horas antes do início da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Os governistas se esforçam nesta manhã para garantir que a oposição não consiga os 342 votos necessários para que o processo de afastamento siga ao Senado.
Jamildo Melo
De Recife
O deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) disse à Rádio Jornal, nesta manhã de domingo, que vai encabeçar um movimento para derrubar Eduardo Cunha, tão logo seja resolvido o processo de impeachment.
“Vou votar pelo impeachment de Dilma e pedir que ele saia. Vou dizer, agora é você. Ele tem que sair também”, explicou, como votaria.
Jarbas Vasconcelos disse não acreditar que Cunha renuncie e explicou que ele não caiu ainda porque conta com o apoio de deputados que seriam beneficiários dele, na Câmara dos Deputados.
Brasília – A presidente Dilma Rousseff tentou manter sua rotina normal na manhã deste domingo, 17, dia em que a Câmara vota a abertura do processo de impeachment do seu governo. Apesar de mais tarde que o habitual, Dilma saiu do Palácio da Alvorada por volta das 7h40 para a sua pedalada matinal, acompanhada por dois seguranças. Normalmente, a presidente sai para seu exercício todas as manhãs antes mesmo das 6h.
Vestida com uma roupa de ginástica em que a cor vermelha era predominante, Dilma pedalou fora do Alvorada por apenas 15 minutos. Ela também mudou o percurso e seguiu pela via em direção ao Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, voltando pelo mesmo caminho. A presidente apenas deu bom dia para a imprensa e mostrou-se um pouco irritada com a proximidade dos jornalistas que tentavam acompanhar o trajeto. Foi possível observar que, ao retornar ao Alvorada, Dilma ainda deu uma volta de bicicleta dentro dos limites do Palácio.
A agenda oficial da presidente neste domingo não prevê compromissos e nem mesmo a agenda de segunda-feira foi divulgada.
POR JULIA AFFONSO, MATEUS COUTINHO E FAUSTO MACEDO
Em delação, empresário Ricardo Pernambuco Júnior revela código para tratar, com seu pai, propina para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
O empresário Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, revelou à Procuradoria-Geral da República o significado de uma mensagem cifrada trocada com seu pai para tratar de suposta propina para o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pernambuco Júnior é um dos delatores da Operação Lava Jato.
Segundo o empreiteiro, a propina total ‘devida’ a Cunha era de R$ 52 milhões, que deveriam ser divididos pela Carioca – R$ 13 milhões -, OAS e Odebrecht, sobre contratos do Porto Maravilha, no Rio. O empresário entregou aos investigadores uma tabela que aponta 22 depósitos somando US$ 4.680.297,05 em propinas supostamente pagas pela Carioca a Eduardo Cunha entre 10 de agosto de 2011 e 19 de setembro de 2014.
“Há um e-mail com o assunto “túneis”, em que o pai do depoente, no dia 26 de abril de 2012, escreve: “Enviei para nosso amigo um livro de 181 páginas sobre túneis suíssos (sic). Convém ele confirmar se recebeu o livro e se gostou das fotos”; que se tratava de uma mensagem cifrada enviada por seu pai”, contou. “A pessoa de ‘nosso amigo’ fazia referência ao deputado Eduardo Cunha e a menção ‘181 páginas’ referia-se ao valor de 181 mil francos suíços e, ainda, ‘túneis suíssos (sic)’ fazia referência ao país do depósito, ou seja, a Suíça.”
Pernambuco Júnior deu detalhes aos procuradores. “Inclusive, relacionado a este e-mail, já foi identificada uma transferência ocorrida no dia 24 de abril de 2012 – ou seja, dois dias antes do e-mail – na qual consta repasse de valores de 181 mil francos suíços (equivalentes na época a US$ 198.901,10, conforme tabela), para a conta da offshore Penbur Holdings, provavelmente no banco BSI.”
O delator entregou à Procuradoria-Geral da República ‘múltiplos registros de agenda outlook, relativos a encontros seus com Eduardo Cunha, referindo inclusive ao endereço do escritório político dele no Rio de Janeiro’.
“Nestes registros, Eduardo Cunha é identificado pelas iniciais de seu nome, ‘EC’.”
Em 14 páginas de depoimento, o empresário Ricardo Pernambuco Júnior narrou com detalhes o primeiro encontro que teve com o presidente da Câmara para combinar como seriam feitos pagamentos no exterior. A reunião teria ocorrido no escritório político de Cunha, no Rio, início de agosto de 2011.´Nessa época, o peemedebista ainda não exercia a presidência da Casa.
Pernambuco Júnior descreveu para os investigadores o escritório do presidente da Câmara. “Indagado sobre a descrição do escritório político de Eduardo Cunha, respondeu que se trata de um escritório com decoração mais antiga, que tem uma antessala, com uma recepcionista; que, além disso, havia dois sofás, em seguida um corredor, com duas salas; que nestas salas havia uma secretária mais alta e um assessor do deputado; que este assessor era uma pessoa mais velha, com cerca de 60 anos, acreditando que fosse um pouco calvo, possuindo cabelo lateral; que nunca conversou, porém, nenhum assunto com tais pessoas; que mais à esquerda tinha a sala do deputado Eduardo Cunha, com uma mesa antiga, de madeira maciça, com muitos papeis em cima; que acredita que o escritório fique no 32.º andar.”