Senadores fazem sessão de desagravo a José Agripino

Do Congresso em Foco

Uma série de senadores de diversos partidos, principalmente da oposição, consume horas de apartes no Plenário do Senado em solidariedade ao presidente nacional do DEM, José Agripino (RN), que subiu à tribuna nesta terça-feira (26) para se defender de acusações de corrupção. Acostumados a criticar os casos de corrupção do governo, os colegas de Agripino não só deram o benefício da dúvida para o senador potiguar, em manifestações sobre a suposta inocência do senador, como o absolveram de qualquer culpa, antecipadamente, por meio de elogios e votos de confiança.

Na semana passada, Agripino teve os sigilos fiscal e bancário quebrados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, no que concerne às movimentações financeiras realizadas entre 2010 e 2015. A decisão foi estendida a mais dez pessoas e cinco empresas supostamente ligadas ao senador do DEM. Em outubro de 2015, o STF já havia aberto um inquérito contra o senador depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter pedido ao Supremo abertura de inquérito contra Agripino – para embasar a solicitação, a PGR recorreu a mensagens detectadas pela Polícia Federal no telefone celular de um dos executivos da OAS, José Aldelmário Pinheiro, já condenado na Operação Lava Jato. Embora não formalmente, Agripino é suspeito de recebimento de dinheiro da empreiteira, um dos principais alvos da Lava Jato e responsável pelas obras da Arena das Dunas, estádio de futebol erguido em Natal para Copa do Mundo de 2014.

Em duas horas de discurso e apartes, Agripino recebeu cerca de 20 manifestações de apoio em plenário. “Depois de 13 anos de oposição, cavilosa e curiosamente, começam a surgir eventuais acusações contra mim, senador de oposição, sem mais ser ordenador de despesa, sem ter a força de governo. Por que há 13 anos, como aqui mencionava – fazendo o registro da presença de Arthur Virgílio [prefeito de Manaus pelo PSDB]–, faço oposição, começam a surgir acusações de fatos que, curiosamente, acontecem lá, no meu estado? São coisas que vêm do Rio Grande do Norte para cá. Como sou senador, tenho foro especial, e os fatos se desdobram aqui [em Brasília]”, reclamou o senador do DEM