O discurso do candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, de que o MDB “é uma quadrilha” e que “precisa ser destruído” não tem se reproduzido nos estados. A sigla está em sete estados na mesma coligação da legenda do presidente Michel Temer. Em dois, o PDT apoia candidatos a governador do MDB.
Publicamente, Ciro tem descartado, caso seja eleito presidente, governar com o MDB e, em carta recente, referiu-se ao partido como inimigo da pátria e traidor da nação.
“O MDB está no poder, destruiu o projeto do PT e do PSDB e precisa ser destruído desta feita. Sempre lembrando que destruir aqui é pelo mecanismo democrático, que é simples: basta cortar a torneira da roubalheira que eles entram em extinção”, disse em junho.
Uma das alianças é no Paraná. Após a desistência da candidatura do ex-senador Osmar Dias ao governo, o PDT decidiu apoiar o deputado federal João Arruda (MDB).
Em Alagoas, o partido de Ciro fará campanha pela reeleição do governador Renan Filho, filho de Renan Calheiros (MDB-AL), que tentará reeleger-se ao Senado.
O MDB retribuirá os apoios do PDT no Amapá, onde dará respaldo à reeleição do governador Waldez Góes, e no Rio Grande do Norte, onde se aliou ao ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo, que terá em sua chapa ao governo a candidatura do senador Garibaldi Alves (MDB-RN) a mais um mandato parlamentar.
“O apoio do MDB tem sido fundamental para a candidatura de Carlos Eduardo. O discurso dele é oposto ao de Ciro. Então, neste caso, prefiro ficar com a palavra dele”, disse o presidente do MDB-RN, Walter Alves.
As duas siglas estarão ainda na mesma coligação, apoiando candidatos de outros partidos, em Minas Gerais, Mato Grosso e Piauí. Elas endossarão as candidaturas, respectivamente, de Márcio Lacerda (PSB), Mauro Mendes (DEM) e Wellington Dias (PT).
O vice-presidente nacional do PDT, André Figueiredo, discorda que as alianças estaduais com o MDB representem uma incoerência. Ele atribui os acordos às peculiaridades dos cenários regionais.
Segundo ele, em Alagoas, a sigla teve de escolher entre apoiar Fernando Collor (PTC) e Renan Filho, optando pelo governador, cujo pai é crítico ao atual governo federal.
No Paraná, de acordo com ele, a sigla fechou aliança com o MDB pela presença na chapa do senador Roberto Requião, que é também uma voz dissonante em relação a Temer.
Sobre os apoios do MDB a candidatos do PDT, ele afirma que “apoio não se recusa”. “Como dizia Leonel Brizola, na carroceria cabe todo mundo. Você mantém seus princípios e cabe às forças aliadas apoiarem o seu projeto”, afirmou.
Apesar da retórica, assim como o PDT, o PT estará junto com o MDB em alguns estados. Mesmo sendo um dos principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff, o partido de Temer dividirá o palanque com o PT em quatro unidades da federação.
As alianças foram firmadas no Nordeste, principal reduto eleitoral petista em disputas presidenciais. O PT apoiará, assim como o PDT, a reeleição de Renan Filho. No Piauí, o MDB endossar a candidatura de Wellington Dias.
As duas siglas estarão na mesma coligação, apoiando candidatos de outros partidos, em Pernambuco e Sergipe. No primeiro, farão campanha pela reeleição de Paulo Câmara (PSB) e, no segundo, darão suporte à candidatura de Belivaldo Chagas (PSD).
PALANQUES REGIONAIS NÃO REFLETEM RIVALIDADE NACIONAL
Onde o PDT apoia o MDB:
– Paraná
– Alagoas
Onde o MDB apoia o PDT:
– Amapá
– Rio Grande do Norte
Onde PDT e MDB apoiam o mesmo candidato:
– Minas Gerais
– Mato Grosso
– Piauí