Grupo do PMDB assumiu destaque em esquema de propina após impeachment, diz Janot

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Patota do PMDB

Felipe Amorim e Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

A denúncia apresentada nesta terça-feira (5) pela Procuradoria-Geral da República contra integrantes da cúpula do PT afirma que, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o grupo do PMDB na Câmara dos Deputados assumiu protagonismo no esquema de propina e negociação de cargos investigado pela Lava Jato.

“Acrescente, ainda, que, mesmo após a sua saída da Presidência da República, Lula continuou a exercer liderança do núcleo político da organização até maio de 2016, em razão da forte influência que exercia sobre a então presidente Dilma”, diz a denúncia.

“Contudo, com a reformulação do núcleo político da organização criminosa, a partir de maio de 2016, os integrantes do PMDB da Câmara passaram a ocupar esse papel de destaque dentro da organização”, afirma o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na denúncia enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Investigação contra o PMDB

O presidente Michel Temer é um dos investigados por suspeita de pertencer à suposta organização criminosa integrada pelo grupo de deputados do PMDB. Temer nega a prática de qualquer crime.

Além de Temer, também fazem parte dos investigados no grupo do PMDB na Câmara o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Segundo a Procuradoria, apenas com propina envolvendo a Caixa Econômica e o FGTS, o grupo do PMDB na Câmara obteve R$ 350 milhões.

A defesa de Henrique Alves tem afirmado que não há provas contra o ex-ministro. A defesa de Eduardo Cunha tem afirmado que ele não se envolveu em irregularidades.

Para a Procuradoria, a organização criminosa investigada na Lava Jato era composta por políticos do PT, PMDB e PP, que participaram do esquema de propina envolvendo empresas contratadas por diretorias da Petrobras.

“Nessa linha, alguns membros do PP, PMDB e PT, entre outros, utilizando indevidamente de suas siglas partidárias, dividiram entre si, por exemplo, as Diretorias de Abastecimento, de Serviços e Internacional da Petrobras”, diz a denúncia.

Segundo a Procuradoria, o esquema envolvia o apoio político para a indicação de cargos em estatais, como Petrobras e Caixa Econômica.

“Como visto, a indicação de determinadas pessoas para importantes postos chaves da entidade pública, por membros dos partidos, era essencial para implementação e manutenção do projeto criminoso”, afirma a Procuradoria.

A investigação na qual a denúncia contra o PT foi apresentada é uma subdivisão do inquérito principal da Operação Lava Jato no Supremo, que foi dividida em quatro: uma investigação sobre a participação de membros do PT, outra sobre o PP e duas contra o PMDB, separadas entre PMDB na Câmara e no Senado.

Na denúncia apresentada nesta terça-feira contra o PT, Janot acusa o partido de ter recebido propina em valor que soma R$ 1,485 bilhão.

“O esquema desenvolvido no âmbito desses órgãos permitiu que os ora denunciados recebessem, a título de propina, pelo menos, R$ 1.485.292.651,16”, diz outro trecho do documento.

A denúncia diz ainda que o esquema permitiu que o PMDB e o PP recebessem outro R$ 1,6 bilhão em propina. Desse total, R$ 390 teriam ficado com o PP, R$ 864 milhões com o PMDB do Senado e outros R$ 350 milhões com o PMDB da Câmara.

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