Arquivo diários:12/05/2016

Hacker é preso acusado de roubar fotos íntimas de mulher de Temer

Um hacker de 31 anos foi preso na quarta-feira (11) na zona sul de São Paulo acusado de invadir o celular de Marcela Temer, mulher do presidente interino Michel Temer (PMDB), e extorquir dinheiro, ameaçando divulgar três fotos íntimas dela. Outras três pessoas estão presas.

Segundo a polícia, o acusado entrou em uma conta de Marcela na internet em que são guardados arquivos e imagens. Depois, ele invadiu o celular da mulher de Temer, copiando a agenda dela e vários arquivos, entre eles as três fotos íntimas.

O crime aconteceu há 30 dias. A prisão aconteceu na casa do acusado, na região de São João Clímaco (zona sul). Ele trabalha como telhadista.

A mulher do hacker e a cunhada dele também foram presas pela mesma acusação.

Elas teriam incentivado o acusado a exigir dinheiro de Marcela para que as fotos não fossem divulgadas.

RESPOSTA
A defesa do hacker diz que o caso deve ser tratado como estelionato. “Ele não sabia que era a Marcela. Não ameaçou em nenhum momento”, disse o advogado Valter Bittencourt.

O defensor nega que o hacker tenha cometido outros crimes virtuais, como diz a polícia. “Ele nunca se meteu com isso, apenas viu uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil e não percebeu que era a mulher de um homem importante”, disse.

Confira o Ministério de Temer, só homens, mulheres ficaram fora

Se confirmar os nomes cotados para ministros em seu provável governo, Michel Temer (PMDB) será o primeiro presidente desde Ernesto Geisel (1974-1979) a não incluir mulheres na Esplanada.

Sua gestão deverá ter perfil pouco diversificado. As cerca de 20 pastas devem ser quase na totalidade chefiadas por homens brancos.

Gilberto Kassab – Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
Raul Jungmann – Defesa
Romero Jucá – Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Geddel Vieira Lima – Secretaria de Governo
Sérgio Etchegoyen – Chefe do Gabinete de Segurança Institucional
Bruno Araújo – Cidades
Blairo Maggi – Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Henrique Meirelles – Fazenda
Mendonça Filho – Educação e Cultura
Eliseu Padilha – Casa Civil
Osmar Terra – Desenvolvimento Social e Agrário
Leonardo Picciani – Esporte
Ricardo Barros – Saúde
José Sarney Filho – Meio Ambiente
Henrique Alves – Turismo
José Serra – Relações Exteriores
Ronaldo Nogueira de Oliveira – Trabalho
Alexandre de Moraes – Justiça e Cidadania
Mauricio Quintella – Transportes, Portos e Aviação Civil
Fabiano Augusto Martins Silveira – Fiscalização, Transparência e Controle (ex-CGU)
Fábio Osório Medina – AGU

Jaques Wagner: ‘Sai a legitimidade do Palácio e entra a farsa’

MARINA DIAS

GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA

O ex-ministro Jaques Wagner (Gabinete Pessoal da Presidência) afirmou nesta quinta-feira (12) que a presidente afastada, Dilma Rousseff, está “sóbria” e que a chegada de Michel Temer (PMDB) ao Palácio do Planalto é uma “farsa”.

“Sai a legitimidade do Palácio e entra a farsa. Sai quem tem voto e entra quem nunca teve voto para entrar”, afirmou Wagner após Dilma deixar o Palácio do Planalto acompanhada de assessores.

“Todo mundo sabe que a presidente Dilma não cometeu crime nenhum, que o golpe começou depois da eleição, e depois conseguiram transformar o impeachment em uma bandeira de luta. Desde janeiro de 2015 eles levantam a bandeira do impeachment sem causa. É meio ridículo”, completou o petista

Cardozo a seguir à frente de defesa de Dilma

GUSTAVO URIBE
MARINA DIAS
DE BRASÍLIA

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo informou nesta quinta-feira (12) que foi autorizado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República a seguir à frente da defesa de Dilma Rousseff no processo de impeachment mesmo exonerado do comando da AGU (Advocacia Geral da União).

“Eu fiz uma consulta à Comissão de Ética da Presidência da República. Ela disse que tenho de cumprir um período de quarentena, mas que em relação às causas relativas ao impeachment, não haveria nenhum conflito para que eu seguisse à frente. Não só para não prejudicar a defesa, mas também porque eu já atuava como advogado dela”, explicou.

Na saída de cerimônia de despedida da petista, no Palácio do Planalto, ele antecipou que montará uma espécie de banca jurídica para fazer a defesa da presidente afastada no análise final do processo de impeachment no plenário do Senado Federal.

“Eu tinha uma equipe de advogados na AGU e, agora, teremos de ter uma equipe de advogados da presidente Dilma Rousseff”, ressaltou.

O petista informou que se reunirá com a presidente afastada nesta quinta-feira (12) no Palácio do Alvorada, onde ela montou uma espécie de governo paralelo para o período que estiver fora do cargo.

Menos de dez minutos após Dilma deixar com sua equipe o Palácio do Planalto, assessores do presidente interino Michel Temer já estavam no segundo andar do prédio, onde vai ocorrer a cerimônia de posse dos ministros do governo interino e sua declaração à imprensa.

Afastada da presidência, Dilma Rousseff convoca brasileiros a resistir

AFP

Brasília, 12 Mai 2016 (AFP) – Afastada da presidência do Brasil nesta quinta-feira, uma desafiadora Dilma Rousseff convocou a população a se mobilizar para resistir ao “golpe” orquestrado contra ela e defender a democracia.

Dilma, primeira mulher presidente do Brasil, foi substituída na presidência por seu vice Michel Temer depois que o Senado decidiu submetê-la a um julgamento de impeachment por 55 votos contra 22 em uma sessão que durou quase um dia inteiro.

“A população saberá dizer não ao golpe (…) Aos brasileiros que se opõem ao golpe, independente de posições partidárias, faço um chamado: mantenham-se mobilizados, unidos e em paz”, disse a ex-guerrilheira de 68 anos diante de dezenas de jornalistas e funcionários no Palácio do Planalto.

“A luta pela democracia não tem data para terminar. É luta permanente que exige de nós dedicação constante”, afirmou.

A presidente posteriormente saiu do Palácio do Planalto e repetiu seu discurso ao ar livre diante de 500 simpatizantes de movimentos sociais, indígenas, homossexuais e representantes de minorias que seguravam balões vermelhos, a encorajavam ao grito de “Resistiremos!” e gritavam “Fora Temer!”. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político, estava ao seu lado.

Dilma é acusada de “crime de responsabilidade” por cobrir déficits orçamentários e abastecer os cofres com empréstimos de bancos estatais durante a campanha de reeleição em 2014.

A presidente afirma, no entanto, que é vítima de um “golpe moderno” liderado pelo “traidor” Temer e pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por obstruir investigações de corrupção contra ele. Ambos pertencem ao PMDB.

“Farsa política e jurídica””Sofro mais uma vez a dor igualmente inominável da injustiça. O que mais me dói neste momento é perceber que sou vítima de uma farsa política e jurídica”, declarou.

“O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas meu mandato. Está em jogo o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição. O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos das pessoas mais pobres e da classe média”, acrescentou em referência aos programas sociais impulsionados pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que nesta quinta-feira se despede de mais de 13 anos no poder.

Ela é afastada do cargo com apenas 10% de popularidade, segundo as pesquisas recentes, em meio a uma grave recessão econômica e a um escândalo de corrupção que atingiu vários políticos. E não poderá participar da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto.

Para destitui-la definitivamente, a oposição precisa de dois terços dos votos do Senado (54 de um total de 81 membros) ao final do julgamento político. Um a menos que os os 55 registrados nesta quinta-feira, o que torna pouco provável seu retorno ao poder.

Grande parte de seu desgaste foi provocado pelo grande escândalo de corrupção descoberto há dois anos na Petrobras, envolvendo vários políticos do PT e aliados de seu governo, assim como poderosos empresários.

Dilma não é alvo de nenhuma investigação ou acusação de corrupção. Mas tanto aliados como opositores, muitos deles congressistas que votaram no processo de impeachment, são investigados ou acusados no grande escândalo que provocou perdas de mais de dois bilhões de dólares.

Um total de 61% dos brasileiros são a favor do impeachment de Dilma, mas o processo é questionado porque o Congresso carece de credibilidade: vários deputados e senadores foram condenados ou são acusados de ter cometido crimes em algum momento.

Dia de glória para TemerOs brasileiros acompanharam os debates no Congresso. Em alguns pontos da cidade de São Paulo, moradores celebraram a queda de Dilma Rousseff.

Os mercados apostam que Temer pode mudar o rumo da economia do país. Mas o vice que assume agora a presidência também registra uma popularidade reduzida e enfrenta enormes desafios, quase os mesmos de Dilma Rousseff.

Temer deve anunciar nesta quinta-feira quase todos os seus ministros.

Dilma Rousseff deixará o Palácio do Planalto nas próximas horas e seguirá para o Palácio do Alvorada, a residência oficial, onde vai preparar sua defesa.

Durante o afastamento, ela vai manter o salário integral e terá direito a atendimento médico, segurança pessoal, transporte aéreo e terrestre, assim como uma equipe de funcionários para seu gabinete pessoal.

Dilma vai viajar pelo Brasil

A presidenta Dilma Rousseff quer manter uma agenda política de trabalho, atividades e eventos durante o período em que estiver afastada da Presidência. A intenção é continuar denunciando o “golpe parlamentar”, como tem classificado, e criar a expectativa de que retornará ao poder em até 180 dias, período máximo segundo o qual os senadores devem julgá-la.

. Está previsto, porém, que ela continue ganhando o seu salário integral, permaneça no Palácio da Alvorada e possua a prerrogativa de ser assessorada por um pequeno grupo de pessoas.

Pode ser que Dilma também tenha direito a utilizar aviões da Força Aérea Brasileira, pois na prática ela ainda estará no exercício do mandato. O vice-presidente Michel Temer será tratado como presidente da República em Exercício, e ela, presidenta afastada.

Collor relembra 1992, critica governo e não revela voto sobre impeachment

Do UOL, em São Paulo

Alvo de processo de impeachment em 1992, o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) usou os 15 minutos que teve direito para relembrar seu processo de impeachment, fazer críticas ao sistema presidencialista, a própria lei do impeachment e ao governo de Dilma Rousseff, mas continuou a deixar em suspense qual será o seu voto sobre o encaminhamento do julgamento da presidente.

“Ruínas de um governo”. Foi assim, que o ex-presidente começou seu discurso. A expressão, esclareceu o próprio Collor, foi tirado do documento que pediu o seu impedimento e se referia a texto do jurista Rui Barbosa.

“Em 1992 bastaram menos de quatro meses entre a denúncia e a decisão de renunciar. No atual, já foram oito meses, e podem ser mais seis até o final. O rito é o mesmo, o rigor, não. O parecer que hoje discutimos possui 128 páginas, o mesmo parecer de 1992 continha meia página, com apenas dois parágrafos. Em 1992 fui instado a renunciar, na suposição de que as acusações fossem verdadeiras. Me utilizei de advogados particulares, dois anos depois fui absolvido de todas as acusações no Supremo Tribunal Federal”, afirmou.

Collor criticou duramente o governo do PT e disse até que chegou a alertar a presidente sobre o risco de impeachment.

“Constatamos que o maior crime de responsabilidade está na irresponsabilidade pelo desleixo com a política, pelo desleixo com a economia de um país, no aparelhamento do estado que o torna inchado. Nas obstruções de ações da Justiça. É crime de responsabilidade a irresponsabilidade com o país. Não foi por falta de aviso. Falei dos erros da economia, da excessiva intervenção estatal, da falta de diálogo com o parlamento. Nas minhas poucas oportunidades com a presidente, sugeri uma reconciliação com seu governo e com a classe política. Alertei sobre a possibilidade de impeachment”.

Collor aproveitou para criticar a lei 1079/50, que estabelece o impeachment e afirmou que parte dos problemas e da instabilidade política do Brasil é fruto do sistema presidencialista – para Collor, o parlamentarismo é a alternativa.

“Não existe fórmula mágica dentro do nosso presidencialismo. Ainda mais com uma lei nos moldes da 1079, a ressurrecta [que ressurgiu], que dá margem às permanentes ameaças a qualquer governo. Não há como recuperar esse modelo de coalizão, cooptação e fisiologismo que envergonham a classe política?”, disse.

Ueslei Marcelino/Reuters

Collor lembrou processo de impeachment em 1992 em seu discurso

“O todo dessa obra em ruína tem também um pano de fundo invisível: o sistema presidencialista. São 127 de crises e insurreições, convivemos com revoluções, enfrentamos ditaduras civis e militares. De 1926 até 2011, nenhum presidente transmitiu o cargo ao sucessor pelas mesmas regras do antecessor. Não podemos mais rechear nossa história com deposições, suicídios e impedimentos. Não há como recuperar esse modelo de coalizão, cooptação e fisiologismo que envergonham a classe política”.

Elogiado

Ao finalizar o discurso, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) elogiou o discurso e o “resgate histórico” de Collor, considerando de “altíssimo nível” e aproveitou para também criticar a lei 1079/50. “É um fator de desestabilização”.

Histórico

Fernando Collor sofreu impeachment em 1992 – depois de aprovado na Câmara dos Deputados, seu processo chegou ao Senado no dia 1º de outubro. No dia seguinte, o então presidente foi afastado, assim como pode ocorrer com Dilma Rousseff na noite desta quarta-feira.

O julgamento de Collor ocorreu em dezembro – o ex-presidente chegou a renunciar para tentar evitar o impeachment e a perda de seus direitos políticos, mas, por 76 votos a 3, perdeu seu mandato e a foi declarado inelegível a cargos políticos por oito anos.