Arquivo diários:22/05/2016

Manter Direitos Humanos como secretaria é ‘retrocesso lamentável’, diz nova titular da pasta

A nova titular da Secretaria de Direitos Humanos – que na gestão Michel Temer foi incorporada ao Ministério da Justiça -, Flavia Piovesan, diz que a perda de status de ministério da pasta é “lamentável”, mas opina que o retrocesso começou na gestão anterior, de Dilma Rousseff. Ela afirma que trabalhará para “reverter esse recuo”.

Em entrevista à BBC Brasil, Piovesan afirma que suas prioridades como secretária, sob o guarda-chuva do ministério comandado por Alexandre de Moraes, serão a prevenção da violência contra negros, gays e mulheres.

Durante a conversa, ela demonstrou agitação e muito entusiasmo ao falar sobre as suas expectativas à frente da pasta.

Leia os principais trechos:

BBC Brasil – A senhora tem a confiança de muitas entidades de direitos humanos. Não tem o receio de prejudicar a sua imagem ao assumir uma pasta de um governo duramente atacado por elas?

Flavia Piovesan – Sou uma pessoa vocacionada aos direitos humanos e digo que o meu partido são os direitos humanos. É isso que vai me mover. A minha condição (para assumir a pasta) foi que eu pudesse externar as minhas posições e avançar nas pautas em que acredito. Eu tenho o dever e a responsabilidade agora de poder, com todo o meu esforço e entrega como pessoa obcecada pela causa, frear retrocessos e poder fomentar avanços nessa causa.

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BBC Brasil – Como a senhora vê a pasta de Direitos Humanos ter sido mantida pelo governo Temer apenas como uma secretaria? Isso demonstra uma desvalorização?

Piovesan – Eu acho uma pena. Eu acho que ela começou como Secretaria Especial na época do (ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso, ganhou status ministerial no governo Lula, junto com a pasta das mulheres e da raça, e, infelizmente, houve um retrocesso na última gestão da presidente Dilma (Rousseff) por uma política de austeridade.

Já houve a fusão, esse downgrade. É lamentável. Eu lamento essa medida que foi tomada antes, não por esse governo que assume, mas herdada por ele. E quem sabe possamos reverter isso. Vamos trabalhar.

BBC Brasil – Como a senhora vê a quase ausência de mulheres na gestão Temer?

Piovesan – Acho que está tendo uma democratização. Acho fundamental uma democratização no poder político, a diversidade. Fiquei muito feliz em termos uma mulher no BNDES. Nunca houve antes uma mulher no BNDES. É um locus muito importante para o exercício do poder.

Então, eu entendo que passo a passo nós vamos caminhando na busca pela democratatização e diversidade, tão fundamental no exercício do poder.

BBC Brasil – Mas a senhora não considera pouco haver apenas uma mulher no BNDES e outra na Secretaria de Direitos Humanos?

Piovesan – Claro. Tem que avançar e espero que avancemos. Eu creio que temos que avançar em todas as áreas. No Executivo, no Legislativo, onde as mulheres são ainda 10%, no Judiciário. Ainda é muito reduzida nossa representatividade.

BBC Brasil – O governo já a procurou para traçar planos?

Piovesan – Não. Eu estou nisso há mais de 20 anos como militante, pesquisadora, professora e acho muito importante termos o diagnóstico: onde estamos e para onde vamos.

Quais são as prioridades? O tempo é curto. Quais são os temas majoritários? Eu diria que são três. A temática da violência contra a mulher: como combater, prevenir e implementar de maneira mais plena a Lei Maria da Penha em todo o país. A temática das ações afirmativas para os afrodescendentes que o Supremo julgou como constitucional por unanimidade. Eu creio que esse é um pleito muito importante para a inclusão da população afrodescendente e para responder à situação de racismo estruturante que caracteriza a nossa sociedade.

O (terceiro tema majoritário é) a homofobia. Não podemos admitir desperdício de vidas em razão da intolerância pela diversidade sexual.

Nós temos temas que gritam. Costumo dizer que ao lidar com direitos humanos lidamos com a dor humana. E qual é a nossa resposta? De que maneira essa dor pode ser acolhida e fomentar mudanças em políticas públicas e marcos legislativos?

Eu creio que esse é o grande desafio. Identificar prioridades, estratégias e sempre buscando diálogo construtivo com movimentos sociais na sua pluralidade, com as suas pautas, suas reivindicações.

Eu me proponho a ser um vetor nesse sentido, uma mediadora, e a construir esses espaços.

BBC Brasil – Então suas prioridades serão as pautas de violência contra homossexuais, negros e mulheres?

Piovesan – Isso. Além de crianças, adolescentes e o tema dos refugiados e detentos. Hoje, nós rompemos com a indiferença às diferenças. As diferenças são visibilizadas e há uma proteção especial a elas, em razão das vulnerabilidades específicas que sofrem as mulheres, as crianças, os idosos.

Então, acho muito importante termos uma proteção especial a essa vulnerabilidade.

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BBC Brasil – Algumas mulheres recusaram a pasta da Educação e até argumentaram que não fazem parte de um “governo golpista”. Alguns de alunos seus também criticaram a sua decisão de assumir a Secretaria de Direitos Humanos.

Piovesan – Eu tenho profunda admiração pela presidente Dilma e profundo respeito por ser a primeira mulher a exercer a Presidência da República. Agora, como professora de Direito Constitucional, não vejo qualquer golpe. A Constituição prevê no artigo 85 o crime de responsabilidade, que é regulamentado pela lei de 1950. É um tipo aberto a elemento de politicidade e que passa por um juízo político que é o Senado.

Então, o julgamento é político. O crime é político. Tanto é que a posição do Supremo, na minha opinião, é tão somente fiscalizar a lisura procedimental, se os procedimentos foram adequados, e não reverter a decisão do Senado.

Então, eu creio que foi um processo doloroso sim, mas, na minha opinião e com todo o respeito a opiniões diversas, eu não vejo golpe.

Eu respeito muito e acho que o momento agora é de buscar o pluralismo, a tolerância, o diálogo. Eu cito no meu último artigo do jornal O Globo uma matéria de vocês (BBC Brasil) que fala de uma criança que desenhou a Dilma sendo enforcada. Isso mostra esse acirramento, esse ódio.

Eu acho que é o momento de dialogarmos e de lutarmos pelo pluralismo – e não dessa separação, desses muros, dessa polarização.

BBC Brasil – Qual a avaliação da pasta hoje, da forma que ela foi deixada pela gestão Dilma?

Piovesan – Isso eu vou ficar te devendo. Eu ainda estou em São Paulo, na Procuradoria, mas eu quero prestar o meu testemunho sobre o excelente trabalho prestado pelo Mário Miranda, pela Maria do Rosário, pelo Pepe Vargas, pelo Rogério Sotille (ex-titulares da pasta). Todos eles prestaram sua contribuição e chegou a minha vez de tentar prestar também uma contribuição importante.

Foram acúmulos de lutas. Essas pastas concentram acúmulos de lutas e são locus importantes para que nós possamos avançar na causa.

BBC Brasil – E houve avanços nos últimos anos?

Piovesan – Sem dúvida houve avanços nos últimos anos. Não só no campo normativo, mas também nas políticas públicas.

Maranhão terá PM em ônibus e apoio da Força Nacional para conter violência

Maranhão terá PMs dentro dos ônibusDo UOL, em São Paulo

O governo do Maranhão anunciou, neste domingo (22), medidas para tentar conter a onda de violência que tomou conta da região metropolitana de São Luís desde quinta-feira (19). Entre elas estão a presença de policiais militares dentro dos ônibus e o reforço da Força Nacional de Segurança.

Desde quinta, foram registrados 14 ataques a ônibus, dos quais seis completamente queimados, além da fuga de 25 adolescentes infratores de uma Unidade de Detenção Provisória. As ações foram praticadas por facções criminosas.

“Todos os ônibus vão ter dois policiais, ou pelo menos a maioria dos ônibus. Eles pegam o ônibus no terminal ou, então, no ponto final, fazem uma volta todinha e retornam para o ponto final. Isso durante o dia todo, até a noite”, diz o tenente-coronel Marques Neto, comandante do Batalhão Tiradentes, em vídeo divulgado na página oficial do governo no Twitter.

General secretário continua nas ruas conversando com o povo sobre segurança

O secretário estadual da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), Ronaldo Lundgren está fazendo o que muitos delegados da Polícia Civil não fazem. Ele desde que ele assumiu a Secretaria de Segurança do RN passou a visitar áreas de maiores incidência de violência. Policial bom é aquele que vai para as ruas, dizem os mais experientes.

Sua atuação está mostrando que policia deve interagir com o povo identificando no campo seus problemas.

Aqui em Natal dificilmente é visto uma atuação de campo da Polícia Civil, alias, também é difícil encontrar muitos delegados na delegacias. O soldado Vasco diz que se alguém quiser se esconder de alguns delegados podem ficar na delegacias que eles são os titulares.

O secretário iniciou o dia participando de uma blitz, realizada pelo 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), em conjunto com as Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam), no prolongamento da Avenida Prudente de Morais, no acesso ao Bairro Pitimbú, na Área Integrada de Segurança Pública. Ainda na zona Oeste, o secretário da Sesed pediu para ir nas áreas com maiores incidências criminais e caminhou pelas ruas do Planalto, Guarapes e Leningrado. Nestas localidades, ele conversou com muitos moradores.

Na zona Norte, o secretário da Segurança, fez uma visita de inspeção na Delegacia de Plantão, onde foi recebido por agentes, escrivães e delegados que estavam trabalhando.

As visitas do general são de surpresas.

General

 

‘ Sou um soldado de Dilma e Lula’, diz o Maradona em rede social

O ex-jogador Maradona exibe camisa com o nome de LulaO ex-jogador argentino Diego Maradona saiu em defesa da presidente afastada do Brasil e publicou uma foto de uma camisa da seleção brasileira de futebol com o nome e número do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Um soldado de Lula e Dilma Rousseff”, escreveu Maradona em três línguas: espanhol, italiano e inglês.

Em sua conta no Facebook, o ídolo do futebol argentino e mundial postou uma imagem segurando o uniforme com o nome de Lula e o número 18 nas costas, em referência às eleições presidenciais de 2018, quando o ex-mandatário pretende tentar voltar ao governo federal.

Primo xerife Robson Pires chama Rodrigo Janot de ‘otário’ e manda ele ‘procurar uma lavagem de roupa’

Janot que acabar com as ” vaquejadas”. Otário

O procurador-geral, Rodrigo Janot, mineiro urbano, alega “práticas contra o meio ambiente” para tentar fazer o Supremo Tribunal Federal proibir a vaquejada, esporte que faz a alegria da gente pobre e simples do sertão nordestino. Carioca do asfalto, o ministro Marco Aurélio apoia Janot. Os defensores da vaquejada garantem que os animais são muito menos maltratados que os das milionárias festas de peões boiadeiros.

Do blogue do xerife: Homi! Vá procurar uma lavagem de roupa. A “vaquejada” é uma tradição nordestina. Mande acabar os rodeios, seu otário!

Temer financiou candidatos em 2014 com doações de empresas da Lava Jato e passou R$ 1 milhão para Henrique

Recibo de doação da Andrade Gutierrez para o então candidato a vice-presidente Michel TemerCarlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió

A campanha de Michel Temer para a Vice-Presidência na chapa de Dilma Rousseff em 2014 doou R$ 4,7 milhões a candidatos e a diretórios de partidos com recursos recebidos de duas empreiteiras envolvidas no escândalo da Operação Lava Jato — OAS e Andrade Gutierrez.

Ao todo, a campanha do vice-presidente repassou R$ 16,5 milhões a 76 candidatos a vários cargos e a oito diretórios regionais do PMDB.

As doações declaradas de empresas para campanhas não são ilegais. Mas a chapa Dilma/Temer é alvo de quatro processos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pedem a cassação do mandato por crimes eleitorais. Movidas pelo PSDB, as ações citam, entre os argumentos, as doações das empreiteiras envolvidas na Lava Jato como “abuso de poder econômico”.

Os advogados de Temer, porém, pedem a separação das contas e alegam que o vice-presidente geriu os próprios recursos na campanha.

Além das doações por meio da conta aberta para a campanha, Temer fez outras duas doações com recursos próprios no valor de R$ 50 mil cada uma. Por essas doações, foi condenado, em segunda instância, no último dia 3 de maio, e pode se tornar inelegível por oito anos. Também terá de pagar multa de R$ 80 mil.

Ele ainda pode recorrer da decisão. A condenação ocorreu porque as doações excederam 10% de seu patrimônio declarado na eleição de 2014, que foi de R$ 839.924,46.

As prestações de contas separadas dos recursos próprios de Temer e os de campanha existem porque, pela lei eleitoral, é obrigatória a abertura de uma conta específica para movimentações financeiras de campanha diferente da conta pessoal.

Doações

Em 2014, a campanha de Temer repassou R$ 11,9 milhões a 76 candidatos diferentes de cinco partidos: PT, PSD, PMDB, PCdoB e PDT. Desse total, R$ 3,3 milhões foram doados pela OAS.

As maiores doações a candidatos foram R$ 1,2 milhão para Roberto Requião (candidato derrotado ao governo do Paraná), R$ 1,1 milhão a Iris Rezende (postulante derrotado ao governo de Goiás) e R$ 900 mil a Confucio Moura (candidato eleito no governo de Rondônia). Os três são do PMDB.

Entre os cargos legislativos, R$ 900 mil foram para José Maranhão (eleito senador pela Paraíba) e R$ 814 mil para Dario Berger (eleito senador por Santa Catarina). Há também doações à campanha a deputado federal do Rio Grande do Sul de Osmar Terra (R$ 300 mil), que foi nomeado ministro do Desenvolvimento. Todos também são peemedebistas.

Para comitês e diretórios estaduais, Temer doou R$ 4,6 milhões, sendo que R$ 1,3 milhão teve a OAS como origem do dinheiro e R$ 100 mil vieram da Andrade Gutierrez. Os maiores beneficiários foram os comitês estaduais do PMDB do Pará(R$ 1,1 milhão), do Rio Grande do Norte (R$ 1 milhão), de Sergipe (R$ 1 milhão) e de São Paulo (R$ 960 mil).

Gastos próprios

Na prestação de contas dos gastos de Temer em campanha –feita em conjunto com a prestação de Dilma–, aparecem doações feitas à campanha dele pelo Diretório Nacional do PMDB no valor de R$ 9,6 milhões. Desses, a Andrade Gutierrez aparece como doadora de R$ 1 milhão.

O valor teria sido usado para pagar despesas de campanha como viagens, hospedagens, alimentação, prestação de serviços e produção de material de divulgação.

Outro lado

A reportagem do UOL fez três solicitações –nos dias 3, 5 e 12 de maio– ao PMDB para que se pronunciasse sobre as doações de empresas investigadas na Lava Jato e quais os critérios usados pela candidatura de Temer para fazer os repasses a outros candidatos, mas não obteve resposta.

Os questionamentos também foram enviados à assessoria direta de Temer, nos dias 16 e 17 de maio, mas também não foram respondidos.

Em resposta a outro questionamento da reportagem, o PMDB havia informado que “sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no país”. Disse ainda que todas as doações estão “perfeitamente de acordo com as normas da Justiça Eleitoral”.

Já a Andrade Gutierrez afirmou ao UOL que “as doações para campanhas são direcionadas apenas para os diretórios nacionais dos partidos políticos”. “A definição das candidaturas que receberão esses recursos é feita pelos partidos, sem obrigatoriedade de informação às empresas doadoras”, completou.

Procurada, a OAS informou que a empresa não está se pronunciando sobre o tema.

Para advogado, pode haver abuso de poder econômico

Para o advogado e jurista Márlon Reis, um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, o fato de Temer ter recebido uma alta quantia de empresas envolvidas na Operação Lava Jato pode ser um fator complicador em um eventual julgamento no TSE.

“Trata-se de um fato grave, que deve ser apurado dentro da lógica própria da Justiça Eleitoral. Ainda que não se comprove a prática de crime, é possível o reconhecimento do abuso do poder econômico”, analisou.

Reis diz que quatro processos atribuem à chapa Dilma-Temer o uso de recursos ilícitos para financiamento da campanha em 2014.

“São alegações gravíssimas que estão relacionadas a desvios descobertos no contexto da Operação Lava Jato. O Brasil aguarda ansiosamente pelo julgamento desses processos, já que se vão quase dois anos desde que foram ajuizados”, afirmou.